Crítica | Avoapé mostra força ancestral e reabre Sala Alberto Guzik da SP Escola de Teatro

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Pedir licença aos ancestrais para seguir em frente e se reinventar mesmo diante de possibilidades cada vez mais escassa para os profissionais da cultura. Este é o recado potente dado pelo espetáculo Avoapé, idealizado e dirigido por Rodrigo Alcântara com o Coletivo Diário, formado por artistas vindos das periferias da cidade de São Paulo e sedentos por apresentarem seu recado no palco.

A obra reabre em curtíssima temporada neste fim de semana as atividades presenciais da Sala Alberto Guzik da SP Escola de Teatro na Praça Franklin Roosevelt, 210, coração do centro e do teatro paulistano. Alcântara, que estudou na instituição, volta como artista profissional à frente de um grupo de aguerridos cocriadores em seu espetáculo de dança na qual se destaca a forte influência da cultura de matriz africana.

Sob produção de Camila Silva e Ellen Vitalino, o espetáculo traz em cena os dançarinos Terená Kanouté, Nayara Romana, Sofia Serafim, em um potente trio feminino repleto de significados e que ganha ainda maior potência sob a trilha das Clarianas, e Rafael Oliveira, que traz o domínio do jogo da capoeira para a cena de forma cativante. É preciso ainda destacar a belíssima voz de Terená Kanouté.

Rodrigo Alcântara assume em seu corpo as aflições do trabalhador brasileiro, mas sem perder o olhar poético para o cotidiano, função de qualquer artista que se preze. A obra ainda conta com produção de Camila Silva e Ellen Vitalino, além de iluminação de Yasmin Santos, cenografia e técnica de Angeli Avlis e figurino pelo diretor com confecção de Nina Silva, maquiagem de Aline cristina e design de Julia Sousa. A obra ainda dialoga com o poema de Jô Freitas Sempre Nordestina.

Avoapé traz poesia à cena com corpos que carregam velhas e novas histórias, ressignificando a força ancestral e conquistando o coração do público com o poder da dança vivida com alma.

Avoapé, de Rodrigo Alcântara
Avaliação: Bom ✪✪✪
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Fotos Rafa Marques

Sexta e sábado, 20h, domingo, 18h, na Sala Alberto Guzik da SP Escola de Teatro (Praça Franklin Roosevelt, 210, São Paulo). R$ 10 a R$ 50. 

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Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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