Rita Lee ganha mostra cheia de surpresas no MIS sobre a Rainha do Rock

Exposição sobre Rita Lee conta com preciosidades mostradas ao público pela primeira vez

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Uma explosão de cores, de música e de alegria. Assim pode ser descrita a exposição Samsung Rock Exhibition Rita Lee no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, sobre a Rainha do Rock do Brasil. A mostra está aberta ao público desde a última quinta (23) na instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

“Sou dessas acumuladoras que não jogam fora nem papel de embrulho e barbante. Vou adorar abrir meu baú e dividir as histórias que as traquitanas contam com quem for visitar. Tenho recebido ajuda de uma turma da pesada: o grand maestro da cenografia é do meu querido Chico Spinosa, meu figurinista e carnavalesco da Vai-Vai; a direção é do meu multitalentoso Guilherme Samora e a curadoria é do meu filho João”, conta Rita.

“É muito emocionante. Tem uma parte dessa história que vivi com ela e tem outra que não estava aqui ainda. Então, ver essas roupas, esses momentos tomarem vida, é muito emocionante. São personagens, também, de meus sonhos e imaginação. E é a história de vida da minha mãe. E isso mexe diretamente com minha emoção”, avalia João Lee, o curador.

E essa mistura deu à exposição um jeito muito próprio, como conta Guilherme Samora, o diretor artístico. “Acredito que as pessoas vão se surpreender. Existe tanto acervo da Rita que o que enfrentamos nessa exposição foi justamente a edição do que ficaria de fora. Artigos preciosos e raridades não faltam. Por isso, ela foge do estilo de exposições com muitas reproduções ou essencialmente virtuais. Durante a montagem, fiquei arrepiado em diversos momentos, só de sentir o valor de cada peça, de cada sala. Tudo lá tem um motivo. E uma das grandes preciosidades é justamente ter o Chico Spinosa, que trabalhou com a Rita pela primeira vez em 1982, nessa viagem com a gente.”

Spinosa é um artista. Ao visitar a exposição, nada ali é fruto de um padrão, de uma forma ou de escala industrial. Tudo foi pensado, feito e readaptado para uma realidade colorida, seguindo o roteiro da direção: uma roqueira cheia de cor que chega à Terra em um disco voador. Detalhes, como uma aura de Aparecida ou das estrelas feitas à mão, assim como a recriação do palco giratório da tour 1982/1983 (ou O Circo, como ficou conhecida), tudo é feito para a mostra. Artesanal, no melhor sentido da palavra. A equipe colocou o trabalho em cada letra pintada na parede, em cada figurino que precisou ser restaurado ou em cada peruca: todas, com cores e cortes estudados.

Spinosa fala da emoção desse momento: “Encontrar com Rita Lee foi primordial para minha carreira. Alguns anos atrás, nos encontramos para fazer o especial ‘O Circo’, da TV Globo. Eu, paulista, chegando na Globo vindo da TV Tupi, fui fazer o figurino desse especial e foi um marco. Foi como tomar um lisérgico. Rita mudou totalmente a minha maneira de ver. Eu conheci o pop, eu fiquei encantado com a energia, com o colorido e com a estética que essa mulher tem. Nos encontramos outras vezes, em outros trabalhos: no manto de Nossa Senhora Aparecida para o Hollywood Rock de 1995, na Marca da Zorra, nas cabeças de Santa Rita de Sampa, na Erva Venenosa… hoje, com esse convite para a cenografia e o restauro dos figurinos para a exposição, tenho certeza de que Rita sempre foi o melhor do pop e o melhor de mim. Revendo toda a sua obra, me coloco de quatro a essa poetisa. A quem respeito muito. Nesse encontro, aos meus 70 anos, ela me dá energia e me faz mais criativo”.

Um dos destaques? As manequins, com estudos de Spinosa e Samora, e feitas uma a uma por Clívia Cohen, em posições de Rita, com o rosto da artista em todas elas, com uma precisão surreal e excelente interpretação artística.

A divisão das salas é temática e, em tantos casos, afetiva. E Rita tem suas preferências: “Todas as peças contam uma história diferente e engraçada. Mas o vestido de noiva que Leila Diniz usou e a bota prateada da Biba eu dou valor.  E ambos são produtos de roubo”, diverte-se Rita, ao lembrar que nunca devolveu o vestido depois de usar numa apresentação dos Mutantes e da famosa história das botas, com as quais saiu andando da butique Biba, de Londres, em 1973. Ela não só foi perdoada pela estilista Barbara Hulanicki, a criadora das botas, como ganhou dela os figurinos da tour Babilônia (1978) que também estão expostos. Assim como o piano de mais de 100 anos que era da mãe de Rita, Chesa, que foi o instrumento com o qual ela teve seu primeiro contato com a música.

O encontro e o amor de Rita e Roberto de Carvalho; a repressão da ditadura (Rita é a compositora mais proibida, segundo dados da época) e a prisão; a família; a causa animal e obras de arte da Rita têm destaque. Assim como estruturas criadas especialmente para a mostra, como o palco giratório, a manequim que levita, o Peter Pan que sobrevoa a entrada…

Público faz imersão no estúdio de Rita Lee na exposição no MIS

O estúdio é um caso à parte: terá uma experiência de áudio imersivo que utiliza a tecnologia Dolby Atmos, com projeto desenvolvido pela ANZ Immersive Audio, trazendo uma experiência sonora imersiva para a sala da exposição baseada em um estúdio. Ultrapassando a reprodução de som da maneira convencional, o áudio imersivo proporciona uma escuta similar à vida real, com sons acima, abaixo, aos lados, na diagonal, em toda sua volta. A ANZ espacializou músicas da rainha do rock em 3D, e preparou uma instalação na qual as caixas de som, de altíssima qualidade, foram perfeitamente posicionadas para o público escutar algumas de suas obras como nunca: vindas de todas as direções. “É uma tecnologia que permite que a gente consiga ouvir vários detalhes da música que antigamente a gente não conseguiria. Vai dar claridade aos elementos e muito mais profundidade. E vai ser superinteressante: ao invés de a música te pegar só na direita e esquerda, ela te pega em 360°”, explica João.

Um detalhe especial – e que vai levar a exposição a outro nível – é a visita guiada pela própria Rita. Através de QRCodes, os visitantes poderão ouvi-la contando sobre alas, peças, histórias… “Achamos que ia ficar simpático ter minha voz narrando as histórias das peças, me sinto mais íntima do visitante. Não seria exagero dizer que esta exposição vai ser a mais bacana até agora, porque foi pensada para dar alegria às pessoas no meio de tantas tristezas”.

Rita Lee representa a liberdade, diz diretor artístico Guilherme Samora

Guilherme Samora chama atenção para um fato: “Rita é especial. Grande estrela desse universo. Uma mulher cheia de luz e de camadas. Ela representa a liberdade, o colorido, o amor. E é justamente isso que queremos passar na exposição. Portanto, destaco aqui a liberdade criativa que a Dançar Marketing nos concedeu. É essencial ter essa liberdade e esse apoio num projeto que envolva Rita”.

Para Pedro Bianco, presidente da Dançar Marketing, o projeto é especial. “Sem dúvida alguma é uma das exposições mais significativas e marcantes na história da música brasileira. É imperdível! ‘Agora só falta você’”, afirma.

“Na Samsung, entendemos que a conexão com os consumidores vai além dos produtos: ela é baseada em experiências únicas, como proporciona o Samsung Rock Exhibition. Temos o compromisso em fornecer serviços e estabelecer relações que inspirem as pessoas a fazerem o impossível. Estamos muito contentes em marcamos presença em mais uma edição como patrocinador máster. Rita Lee é sinônimo de sucesso e temos certeza que a exposição será inesquecível para o público”, afirma Débora Yang, gerente de marketing de Brand Experience e Eventos da Samsung Brasil.

A realização é da Dançar Marketing em parceria com o Ministério do Turismo por meio da Secretaria Especial da Cultura, com patrocínio máster da Samsung, patrocínio da XP e Porto Seguro e apoio UNINASSAU, na instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

Serviço | Samsung Rock Exhibition Rita Lee

Data: a partir de 23 de setembro de 2021
Local: MIS – Museu da Imagem e do Som – Avenida Europa, 158, Jardim Europa – São Paulo/SP
Horário: de terça a domingo, das 10h00 às 18h00
Ingressos: a partir de R$ 25,00, nas plataformas da Ingresso Rápido e INTI
Classificação indicativa: Livre

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Jornalista cultural influente e respeitado no Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra o júri de Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de São Paulo, Prêmio Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil de Curtas. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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