Zé Kéti 100 anos: músico lendário deu voz ao morro na música brasileira

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Ele fez o morro ter vez na música popular e não é lembrado como deveria, já que artistas negros ainda são pouco valorizados em nossa história. Nesta quinta, 16 de setembro de 2021, é celebrado o centenário de um dos maiores músicos brasileiros, José Flores de Jesus, o Zé Kéti. A voz do morro que ecoa até os dias atuais.
Gravadas por grandes nomes como Elis Regina, Jair Rodrigues, Maria Bethânia e Nara Leão, suas canções foram precursoras das músicas de protesto dos anos 1960, ao valorizar na MPB o cotidiano do morros cariocas e propor discussões sobre as desigualdades que até hoje imperam na realidade brasileira.

Filho de um marinheiro, o artista nasceu no bairro de Inhaúma, no Rio de Janeiro, em 1921, e morreu na mesma em 14 de novembro de 1999. Com a morte do pai, foi morar com o avô, com quem tocava cavaquinho.
Aos 13 anos, na zona norte carioca, passou a ter contato com a Estação Primeira de Mangueira, apresentado pelo compositor mangueirense Geraldo Cunha.
Zé Kéti foi autor de grandes clássicos da música nacional como Leviana, Diz que Fui por Aí, Máscara Negra e Opinião. Em 1951, obteve seu primeiro grande sucesso, com Amor Passageiro, em parceria com Jorge Abdala e gravado por Linda Batista.
Zé Kéti também possui relação com o Cinema Novo, tendo produzido a trilha sonora do filme Rio, 40 Graus (1955), de Nelson Pereira dos Santos.

Mas, seu grande ano na cultura foi 1964. Logo após o golpe militar, Zé Kéti compõe o clássico da MPB Opinião, canção principal do espetáculo musical com o mesmo título, assinado por Oduvaldo Vianna Filho, Ferreira Gullar e Armando Costa, dirigido por Augusto Boal. Zé Kéti era companheiro de elenco de João do Vale e Nara Leão, mais tarde substituída pela então jovem cantora baiana Maria Bethânia, que mudou-se para o Rio acompanhada do irmão Caetano Veloso para fazer a montagem. O resto foi história.
Viva Ké Kéti!
Colaborou Letícia Polizelli
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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