Cruella revisita rivalidade entre mulheres em Hollywood | Por Átila Moreno

Emma Stone como Cruella - Foto: Divulgação Disney - Blog do Arcanjo
Emma Stone é Cruella – Foto: Divulgação Disney – Blog do Arcanjo

Por Átila Moreno
@atilaouno
Especial para o Blog do Arcanjo

Uma saga com uma afiada sátira pop, musical e visual sobre uma das vilãs mais icônicas da Disney. Assim pode-se resumir o filme Cruella, que está nos cinemas brasileiros e já se tornou um fenômeno de bilheteria em vários países. 

Por aqui o longa-metragem, dirigido pelo australiano Craig Gillespie, segue disputando o pódio com outros blockbusters de sucesso como Velozes e Furiosos 9 e o terror sobrenatural A invocação do Mal 3′, de acordo com o Comscore

E segundo o Rotten Tomatoes, já pode-se afirmar que é sucesso de público e crítica. Mas o que será que chama tanta atenção na história que narra a origem da vilã dos dálmatas mais adorados do cinema?

Anti-heroínas em alta

A Disney não é boba mesmo. Vem notando que a fórmula de apostar em anti-heroínas tem dado certo. As duas sequências de Malévola não deixam mentir, inclusive seu sucesso na época pela América do Sul é de dar inveja. Bateu, aliás, um filme de outro clássico vilão: o Coringa

De certa forma, Cruella bebe na fonte do desenvolvimento dos personagens desses filmes citados. Párias da sociedade que são colocadas na fogueira do julgamento das instituições e do seu sistema opressor.  

No entanto, o filme tem a proeza de despejar uma crítica ácida à indústria de Hollywood em alimentar as rivalidades entre mulheres talentosas e que estão em ascensão. 

Graig já tinha tocado nesse tema e revelado um manejo ímpar ao dirigir atrizes vivendo personagens anti-heroínas, como Margot Robbie em “Eu, Tonya” e, recentemente, Rose Byrne em “Physical” na hilariante e imperdível série da Apple TV. 

Anne Baxter e Bette Davis em A Malvada, filme de 1950 - Foto: Divulgação - Blog do Arcanjo
Anne Baxter e Bette Davis em A Malvada, filme de 1950 – Foto: Divulgação – Blog do Arcanjo

Mulheres rivais

Em Cruella, Emma Stone encarna, de maneira impecável, a anti-heroína principal que irá disputar um lugar na indústria da moda (uma analogia à Hollywood) com uma rival de peso e com uma longínqua carreira solidificada: Baronesa, interpretada pela estonteante Emma Thompson.

Claro que esse enredo não é novo na indústria do cinema. O clássico A Malvada (1950), de Joseph L. Mankiewicz, já tinha tocado nessa ferida indigesta ao narrar, com detalhes cavalares e diálogos primorosos, a rivalidade, nos palcos da Broadway, entre Margot Channing (iconicamente vivida por Bette Davis) e Eve Harrington (Anne Baxter). Não é à toa que foi indicado a 14 Oscars.

Cruella revisita todos elementos e dialoga com temáticas da geração atual (preste atenção na questão da sustentabilidade nas performances artísticas da protagonista) e enfeitiça ao reciclar o clássico e o novo numa trilha sonora impecável. 

Das crises existenciais à luta incessante pelo lugar ao sol, Cruella é a vilã que todos aprendem a amar no final. 

*Átila Moreno é jornalista e apaixonado por cultura, sobretudo filmes, séries e peças de teatro. É diretor e editor-chefe do site atilaouno.com.br e cofundador do canal Mooveola. Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pelo UNI-BH, é pós-graduado em Produção e Crítica Cultural pela PUC-Minas. Colabora com o Blog do Arcanjo desde 2012.
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Um dos jornalistas culturais mais respeitados do Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. É mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Cultura pela ECA-USP, bacharel em Comunicação pela UFMG e crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo PodFoi eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se por três vezes. Recebeu a Medalha Mário de Andrade, maior honraria nas letras do Governo do Estado de São Paulo. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. É presidente do júri do Prêmio Arcanjo e integra o júri do Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Guia da Folha, e Canal Brasil de Curtas. Recebeu ainda o Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil e Prêmio Leda Maria Martins.
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