Rapidinhas: Gerald Thomas revê Terra em Trânsito em estreia no teatro digital

Terra em Trânsito
Nome incensado por anos no teatro brasileiro, Gerald Thomas revisita uma obra que completa 15 anos para marcar sua chegada ao teatro digital — cujos caminhos foram abertos em março e abril do ano passado por Ivam Cabral, Rodolfo García Vázquez, Cléo De Páris e Fábio Penna, do Satyros, e Ricardo Cabral e Natasha Corbelino, do Teatro Caminho. Terra em Trânsito ganha versão atualizada para os tempos pandêmicos de 2021. Na obra, uma atriz atormentada no camarim, vivida por Fabiana Gugli, conversa com um cisne judeu, na voz de Marcos Azevedo e manipulação de Isabela Carvalho. Com 40 minutos, a montagem estreou neste sábado (10) no YouTube e faz sessões até 25 de abril, sempre sábado e domingo, 20h. Após 1º de maio, estará disponível 24h até o fim do mesmo mês. Estão todos convidados.
Contemporâneo
Gerald Thomas conta à coluna que a versão original de Terra em Trânsito “era um desabafo político contra George W. Bush, que tornou-se agora um desabafo contra Donald Trump e outras outras coisas mais”. Ele lembra que “em 2006, a atriz se drogava com cocaína, agora ela se droga com pílulas de prescrição médica”, avisa o diretor. “A ária Liebestod que a solista vai cantar significa ‘Morte através do amor’, que é mais ou menos como os políticos nos veem, querem que a gente ame eles através da morte, porque produzem guerras em todos os lugares”, afirma. Tem razão.

À frente do espelho
Fabiana Gugli enxerga em Terra em Trânsito o momento em que vivemos. “Estamos há um ano confinados dentro da casa, enlouquecendo aqui dentro sobre o mundo lá fora”, pontua. “Em 2006, estava no palco, com plateia, luz e cenário. Agora, tudo foi adaptado para o espaço íntimo da minha casa, adereçado com memorabilia e objetos da minha trajetória teatral”, revela. “Estou exposta, sem truques, nem artifícios e o texto para mim nunca fez tanto sentido: misturando a vida com a arte, a sala da casa com o camarim da diva, uma atriz/personagem que foi substituída ou esquecida”, diz. Para a atriz, “a grande sacada desta nova experiência, foi transformar o espectador no Big Brother dentro do camarim”. E explica o porquê: “É através do espelho, no jogo de espelhos, que tudo acontece, agora dentro de uma tela”, conclui. Pura distopia.

Heroi despido
Atenção para esta dica: o Festival De Dramaturgia: Jornadas Heroicas Possíveis será realizado nos dias 13, 14, 15, 20, 21 e 22 de abril de forma gratuita pelo Youtube com mostra de dramaturgia de peças curtas (18h30) e aulas abertas (19h). Idealizado pelo Núcleo de Pesquisa Drama Seis e com produção da Romã Atômica, o evento traz participações de dramaturgos convidados como Silvia Gomez, Daniel Veiga, Cláudia Barral, Jé Oliveira, Janaína Leite e Matteo Bonfitto. Turma boa.

Casamento em apuros
O Festival Online – Grupo Tapa apresenta a peça Despedida de Solteiro (Work In Progress), de Arthur Schnitzler, nesta segunda, 12 de abril, às 19h, pelo Teatro Aliança Francesa no Zoom. Na trama, o protagonista se vê em apuros no dia do seu casamento, quando uma conquista da véspera acorda no seu quarto e se recusa a ir embora. O elenco é formado por Antoniela Canto, Adriano Bedin, Ariel Cannal e Bruno Barchesi. A direção é de Eduardo Tolentino de Araujo. Um clássico.

Musa da tela
A jornalista Nayara de Deus é um show à parte na apresentação do 2º Festival AfroMusic neste fim de semana, feito de forma digital. Segura e carismática, ela conduz com maestria a programação no Canal Universo AfroMusic no YouTube. Parabéns.

Arma potente
Mesclando HQs e ficção científica como referências, o espetáculo Pânico Vaginal trata com humor uma super heroína distópica, que opta por instalar uma arma na própria vagina. Esta primeira temporada tem apenas seis apresentações online: 16,17,18 de abril (Sexta a domingo, 20h) e 19, 20 e 21 Abril (De segunda a quarta, 21h). A direção e dramaturgia é de Lara Duarte, que também protagoniza a peça. Intensa.

Virtual
Começou na última quinta, 8, o Teatro Sérgio Cardoso Digital. A estreia foi com a peça A Despedida. Todas as apresentações gravadas no espaço quarentão serão transmitidas remotamente pela Sympla. Aproveite.
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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