Morre Marlene Silva, ícone da dança afro e coreógrafa do filme Xica da Silva

Morre Marlene Silva, grande nome da dança afro em Minas Gerais: na foto ela é homenageada em 2018 no Prêmio Leda Maria Martins – Foto: Daniel Pitanga @dannpitanga – Divulgação @premioledamariamartins – Blog do @miguel.arcanjo

Morreu a coreógrafa Marlene Silva, aos 83 anos, nesta segunda (13), no Rio de Janeiro. Lendário nome da dança afro, ela foi responsável pela coreografia do filme Xica da Silva, de Cacá Diegues, protagonizado por Zezé Motta, em 1976. A causa da morte não foi revelada, mas pessoas próximas a Marlene informaram ao Blog do Arcanjo que não foi por Covid-19.

O velório será nesta terça (14), às 14h30, na Capela São Thiago, seguido do sepultamento às 13h30 no Cemitério de Inhaúma, na zona norte do Rio de Janeiro (av. Martin Luther King Jr, 1335).

Marlene foi nome lendário da dança afro em Minas Gerais, onde foi pioneira em seu ensino. Com mais de 40 anos de carreira dedicada à dança de origem africana, ela nasceu em Belo Horizonte, no bairro Concórdia.

Contudo, foi no Rio de Janeiro, para onde se mudou com a mãe, que iniciou seus estudos, fazendo balé clássico em uma escola no bairro do Catete na qual era a única aluna negra. Ao perceber que a filha sofria muito racismo nas classes, sua mãe decidiu retirá-la das aulas.

Na juventude, Marlene teve contato com a pioneira da dança afro no Brasil Mercedes Baptista e decidiu que aquela seria sua arte. De volta a Belo Horizonte em 1974, passou a dar aulas de dança afro no estúdio da coreógrafa Dulce Beltrão, logo tornando-se conhecida e respeitada no meio artístico da cidade.

Na década de 1980, abriu seu próprio estúdio, no bairro belo-horizontino de Santo Antônio. Entre suas alunas neste período estava Oneida Maria da Silva Oliveira, a ialorixá Mãe Gigi, fundadora do Afoxé Ilê Odara, primeiro bloco afro de Belo Horizonte do qual Marlene chegou a ser integrante.

Criado por Marlene Silva, o espetáculo Raízes da Nossa Terra marcou época em Belo Horizonte, sendo apresentado por toda a capital mineira. Recentemente, ela foi homenageada na segunda edição do Prêmio Leda Maria Martins, em 2018, neste mesmo ano foi celebrada na Mostra Benjamin de Oliveira, também na capital mineira, pelas quatro décadas de trajetória artística.

Seu último desejo era transformar o livro Casa-Grande & Senzala, escrito por Gilberto Freyre em 1933, em um grande espetáculo de dança para o qual buscava patrocínio. Infelizmente, não conseguiu realizar este último sonho em vida.

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Veja entrevista em vídeo com Marlene Silva:

Marlene Silva ao lado de Leda Maria Martins e Conceição Evaristo no 2º Prêmio Leda Maria Martins – 2018, que consagra artistas negros em BH – Foto: Letícia Souza/Divulgação – Blog do @miguel.arcanjo
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