“A arte acaba vencendo, é mais forte que a repressão”, diz Edney Silvestre

O escritor e jornalista Edney Silvestre, que acaba de lançar o romance “O Último Dia da Inocência” – Foto: Leo Aversa/Divulgação – Blog do @miguel.arcanjo UOL

O jornalista e escritor Edney Silvestre acaba de lançar seu mais novo romance, “O Último Dia da Inocência” (ed. Record). A obra, que teve concorridas sessões de autógrafo pelo país, já figura entre os livros mais vendidos no Brasil.

O romance tem como pano de fundo histórico o Brasil entre a Era Vargas e o Golpe Militar de 1964, a partir do ponto de vista de um jornalista em começo de carreira, o chamado “foca”. Personagens como Juscelino Kubistchek, Tancredo Neves, Carlos Lacerda, Leonel Brizola, João Goulart, Maria Thereza e Otto Maria Carpeaux povoam as páginas que mesclam ficção com o real.

Edney ainda é autor do best-seller “Se Eu Fechar os Olhos Agora”, que virou minissérie na Globo no começo deste ano.

O autor conversou com exclusividade com o Blog do Arcanjo nesta Entrevista de Quinta, na qual falou de sua relação com a literatura, o jornalismo e o Brasil de ontem e de hoje.

Leia com toda a calma do mundo.

Miguel Arcanjo Prado — A literatura anda te dando mais prazer que o jornalismo? Por quê?
Edney Silvestre — Tenho muito prazer em estar na redação, com meus colegas, nas saídas para gravações, nos tempos que passamos gravando e, depois, na edição. É uma partilha fraternal. Sinto prazer e agonia quando estou criando ficção, mas estou sozinho, entregue a meus demônios e santos. Mas, quando o livro está pronto, é lido e comentado, me sinto tomado por uma enorme alegria de estar compartilhando o que é meu eu mais íntimo. É um outro prazer, de outro tipo.

Miguel Arcanjo Prado — Por que você escolheu ambientar seu livro na época do golpe militar de 1964?
Edney Silvestre — Nossas esperanças de um país mais justo e igualitário foram derrotadas pelo golpe de 1º de abril de 1964, sob a alegação de que o Brasil estava prestes a se tornar um país comunista, uma nova Cuba. Como eram aqueles tempos? Como se sentiria um jovem apolítico, desamparado e despreparado? O quanto daquela Era poderia se repetir nos tempos atuais? Escrevi para tentar achar respostas para essas e outras perguntas que sempre me assolaram.

Miguel Arcanjo Prado — Como você enxerga este atual momento do Brasil, em que algumas situações se parecem com as do passado, sobretudo no campo cultural?
Edney Silvestre — Avançamos muito desde a redemocratização. São inegáveis as vitórias sociais depois do Plano Real, depois de FHC, Lula, Dilma. A arte é resiliente. Sinto uma efervescência nos meios culturais para sobreviver às tentativas recentes de retrocesso e cerceamento. A arte sempre acaba vencendo. É mais forte que a repressão, a mesquinhez, a arrogância dos ignorantes de sua importância para a construção de uma identidade nacional.

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Edney Silvestre durante o lançmento de seu romance “O Último Dia da Inocência”, no começo do mês, no Rio – Foto: Roberto Filho/Brazil News – Blog do @miguel.arcanjo UOL

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