Gato e Tony Ramos se destacam, Lilia Cabral pode mais em O Sétimo Guardião
A novela “O Sétimo Guardião”, de Aguinaldo Silva, estreou nesta segunda (12) no horário das 21h da Globo repleta de expectativas, sobretudo em relação a seus vilões — a estreia ainda não empolgou a audiência, afugentada pela antecessora “Segundo Sol”. A trama ainda contou com exibição do crédito dos ex-alunos do autor do folhetim como colaboradores na sinopse após briga na Justiça.
No quesito vilania, quem mais se destacou no campo da atuação, com exceção do imbatível gato preto León, foi Tony Ramos. O experiente ator demonstrou presença forte, marcante e no tom exato que pediam as primeiras cenas de seu personagem, o poderoso Olavo, que viu sua filha, representada por uma insossa Yanna Lavigne, ser abandonada no altar pelo mocinho, Bruno Gagliasso, excelente e intenso no papel de protagonista-galã.
Já Lilia Cabral, no cobiçado posto de vilã do folhetim que marca o retorno de Aguinaldo Silva ao realismo fantástico, ainda pode crescer bem mais com sua Valentina. Sobretudo nas cenas de embate com o filho, nas quais Bruno Gagliasso se sobressaiu bem mais que ela, Lilia ainda parecia ainda tatear sua personagem, temorosa de carregar em suas tintas.
Contudo, uma boa novela de Aguinaldo Silva neste estilo pede justamente o contrário da atriz que desempenhe a vilã: é preciso mergulhar sem medo nas tintas fortes para colorir a personagem com ares de maldade intensa e indubitável.
Uma vilã, neste tipo de folhetim, não pode duvidar de suas maldades, muito pelo contrário, tem prazer intenso ao praticá-las. É preciso ir fundo, sem medo, receio ou culpa. Se Lilia quiser repetir o sucesso de uma Perpétua de Joana Fonn em “Tieta” ou Altiva de Eva Wilma em “A Indomada”, precisa modular o registro de atuação de Valentina. Para mais, é claro. E todos sabemos de sua já comprovada potência para isso.
Aguinaldo Silva acertou no tom misterioso do primeiro capítulo e também no didatismo do texto, mesmo que este incomode o público mais qualificado, mas, afinal, uma telenovela das 21h precisa se comunicar com todos os rincões do Brasil.
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Outros destaques
No primeiro capítulo, alguns atores já demonstraram ter entendido perfeitamente em que tipo de novela estão atuando, roubando a cena com aparições rápidas, mas intensas.
Antonio Calloni, como o guadião-mor Egídio, demonstrou mais uma vez o grande ator que é. Nas cenas em que acompanhava a reunião dos guardiães, ele mal precisou falar. Só suas reações ao dito pelos colegas já eram uma aula de atuação. Outra que surgiu formidável foi Isabella Garcia, excelente como a sábia e forte governanta Judith — ainda bem que a Globo trouxe a atriz de volta para seu time.
Leticia Spiller também mostrou a que veio como a frustrada primeira-dama Marilda, com uma composição forte, a começar pelo sotaque carregado, e presente até não mais poder, do jeito que o público gosta, ao contrário de Dan Stulbach, que ainda parece não acreditar muito em seu personagem, o prefeito Eurico.
Adriana Lessa, com um texto curtíssimo no primeiro capítulo, também demonstrou força e presença de sobra como Clotilde, em sua volta triunfal à Globo. Marina Ruy Barbosa também exibiu competência como a mocinha Luz, fazendo dela justamente o que se espera de tal tipo de personagem.
Outros destaques foram Carolina Dieckmann, que se colocou como uma espécie de mocinha temporã, Zezé Polessa, como a vidente Milu, e Ana Beatriz Nogueira, a cafetina Ondina, as três muito bem moduladas.
Mas, o grande destaque do primeiro capítulo foi realmente o gato preto León, um dos personagens mais intensos e misteriosos da trama, grande mérito não só do texto, mas também da direção assinada por Alan Fiterman, que deu ainda mais peso ao bichano cabalístico. O gato está maravilhoso e rouba qualquer cena em que apareça.