Caetano Veloso se emociona com assassinato político do amigo Môa do Katendê

Môa do Katendê: artista foi morto com 12 facadas nas costas por pensar diferente – Foto: Reprodução – Instagram @moadokatende – Blog do Arcanjo – UOL
O cantor e compositor baiano Caetano Veloso se emocionou ao saber que seu amigo, o capoeirista, percussionista e compositor Môa do Katendê, fundador do Afoxé Badauê, foi assassinado, por motivos políticos, em Salvador.
Baluarte da cultura baiana e brasileira, Môa do Katendê foi violentamente assassinado aos 63 anos com 12 facadas nas costas após tecer críticas ao político que ficou em primeiro lugar na corrida presidencial no primeiro turno e declarar seu voto no segundo turno.
“Môa do Katendê, a quem devo a revelação que foi ver e ouvir o grupo de pessoas na rua cantando ‘Misteriosamente o Badauê surgiu’, foi morto a facadas por ter dito que votará em Haddad. O assassino, um bolsonarista apaixonado, foi encontrado quando tentava fugir. É o que acabo de ler no Yahoo!News”, postou Caetano, ainda abalado, em seu Instagram.
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“Môa era meu amigo e foi uma das figuras centrais na história do crescimento dos blocos afro de Salvador. Estou de luto por ele. Não olho redes sociais. Abri o Yahoo! pra chegar ao email e vi a foto de Moa, sorrindo, o que me fez parar, meio alegre de vê-lo, e ter a terrível notícia que contei aqui resumidamente”, escreveu o compositor.
“A descrição da cena está no Yahoo! As informações vieram da Secretaria de Segurança Pública da Bahia. Fundador do Badauê, compositor, mestre de capoeira, Moa vive na história real da cidade e deste país”, declarou Caetano.
Caetano gravou em seu disco “Cinema Transcendental” a música “Badauê”, com letra de Môa do Katendê, que foi fundador do histórico Afoxé Badauê, em Salvador, e que dizia: “Misteriosamente o Badauê surgiu, sua expressão cultural o povo aplaudiu”. Gilberto Gil também gravou a canção-homenagem ao bloco “Afoxé Badauê”.
Caetano ainda cita o Afoxê Badauê fundado por Môa do Katendê em “Beleza Pura” (“Moço lindo do Badauê, beleza pura…”) e em “Sim Não” (“No Badauê, vira menina, macumba, beleza, escravidão…”).
Veja participação de Caetano no “Projeto Mestre Môa e Amigos do Katendê Cantam Badauê”, em 2011 em reportagem da Band Bahia, na qual ele surge ao lado do amigo Môa do Katendê.