Livro histórico, “Orixás” de Pierre Verger ganha nova edição

Pierre Verger registra a dança de Xangô em “Orixás”, livro histórico que ganha nova edição pela Fundação Pierre Verger – Foto: Pierre Verger – Divulgação – Blog do Arcanjo – UOL

Mais baiano dos franceses, o fotógrafo Pierre Fatumbi Verger (1092-1996) revelou para o mundo a cultura e a religiosidade afro-brasileira do candomblé, em mais de 45 obras publicadas em todos os continentes. Uma delas é emblemática e acaba de ganhar nova edição: “Orixás, Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo”.

O lançamento da obra celebra os 30 anos da Fundação Pierre Verger, com sede em Salvador, e será realizado nesta quarta (3) a partir das 19h, na imponente Sala São Paulo, na região da Luz, centro de São Paulo, com entrada gratuita. Além do livro, que será vendido a preço promocional por R$ 120 (o valor normal é R$ 150), o encontro traz bate-papo sobre a obra de Verger com a griô e Iakekerê Vovó Cici e os escritores Carolina Cunha e Reginaldo Prandi.

“O candomblé vem de uma cultura verbal, baseada na oralidade, Verger foi pioneiro a estudar com profundidade essa religião e condensou nesta obra todos os seus conhecimentos sobre os principais orixás, fruto de toda uma vida dedicada ao tema”, diz Gilberto Sá, presidente da Fundação Pierre Verger em conversa com o Blog do Arcanjo no UOL.

A chegada do livro, cuja edição original havia se esgotado há muito tempo e era item de colecionador, é celebrada com festa, sobretudo por estudiosos e religiosos do candomblé e da cultura brasileira. Afinal, são 4.000 exemplares revisados, fruto de um árduo trabalho feito por Verger, que foi batizado com o título de babalorixá no Ilê Axé Opô Afonjá de Salvador, no qual era iniciado, e que significa um profundo conhecedor do candomblé.

Contracapa e capa de “Orixás”, livro histórico de Pierre Verger, na nova edição lançada pela Fundação Pierre Verger; SP tem lançamento nesta quarta (3), às 19h, na Sala São Paulo – Foto: Pierre Verger – Divulgação – Blog do Arcanjo – UOL

“Orixás” saiu originalmente na França, em 1970, sendo publicado no Brasil apenas dez anos depois, em 1980. “É um livro absolutamente importante”, diz Gilberto Sá. Em tempos que os cultos de matriz africana voltam a ser perseguidos no Brasil, o presidente da Fundação Pierre Verger diz: “É oportuno que o livro chegue neste momento”.

Sá ainda revela que a Fundação Pierre Verger tem planos de fazer novas edições de outro livro icônico na obra do francês: “Fluxo e Refluxo”, no qual analisa o trânsito religioso e cultural entre África e Bahia. Salvador foi a terra que o francês escolheu para viver, tornando-se parte da chamada “Geração Vatapá”, ao lado do cantor e compositor Dorival Caymmi, do escritor Jorge Amado e do pintor Carybé, todos responsáveis por levar a Bahia, e por consequência o Brasil, aos quatro cantos do mundo com suas obras consagradas.

Prefácio com pedido de desculpas de Mãe Stella

O tomo de 308 páginas e 250 fotografias históricas de “Orixás” traz ainda um prefácio emocionante, escrito por Mãe Stella de Oxóssi, filha de Mãe Senhora, do terreiro Axé Opô Afonjá. Nele, ela pede desculpas por não compreender, em sua juventude, as longas conversas de Verger com sua mãe.

“Inclino-me também para pedir desculpas públicas pela implicância que tinha com a insistência dos que gostavam de conhecer e descobrir os segredos do candomblé e tornar público parte deles”, diz ela.

“Sinceramente, quando jovem não gostava de vê-lo conversando horas com minha Mãe Senhora. Pensava (como hoje pensam sobre mim) que ele se aproximava apenas para fazer uso de seus conhecimentos. Mas, hoje sei que uma Iyalorixá nunca se permite ser usada e, muito menos, usar alguém. Ela apenas recebe e acolhe a orientação dos orixás para fazer alianças que possam vir a contribuir com o caminhar da humanidade”, afirma Mãe Stella de Oxóssi.

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