Festival de Curitiba junta nu do MAM e travesti Jesus em obra inédita
Por Miguel Arcanjo Prado
Mais importante e maior festival de artes cênicas do Brasil, o Festival de Curitiba chega a sua 27ª edição entre 27 de março e 8 de abril de 2018 sem medo de polêmica.
Prova disso é o espetáculo inédito “Domínio Público”, que integra a programação com mais de 400 atrações que promete fazer a capital paranaense respirar arte em mais de 90 espaços durante os 13 dias de evento.
O espetáculo, uma das coproduções do festival, é definido pelos curadores Marcio Abreu e Guilherme Weber como “uma peça criada para refletir a onda de conservadorismo e intolerância que assolou o Brasil no ano de 2017”.
Para isso, eles convocaram artistas que foram notícia no ano passado para atuar na peça “criada e performada por artistas cujas obras e ações estiveram envolvidas em diferentes episódios de ataque e censura”.
Estarão juntos em cena Wagner Schwartz, artista que fez a polêmica performance “La Bête” com nudez no MAM, em São Paulo; Elizabeth Finger, a artista e mãe da menina que tocou o corpo de Schwartz nu no MAM; Renata Carvalho, atriz travesti que foi censurada na Justiça por viver Jesus na peça “O Evangelho Segundo Jesus – Rainha do Céu”; e Maikon K, artista que foi preso pela Polícia Militar do Distrito Federal enquanto realizava uma performance com nudez em Brasília.
“Domínio Público é também um estudo sobre o Brasil de hoje. Os artistas que passaram a ser conhecidos popularmente como o homem nú do MAM (Wagner Schwartz), a travesti que interpreta Jesus (Renata Carvalho), o homem nú da bolha (Maikon K) e a mãe que permitiu que sua filha tocasse o homem nú (Elizabeth Finger) refletem sobre fake news, o papel da mídia, os robôs e as mensagens de ódio, Estado e religião, arte e sexo como uma resposta pública ao momento virulento que o Brasil enfrenta”, falam Abreu e Weber, que assinam a curadoria do Festival de Curitiba pelo terceiro ano consecutivo.
Idealizador e diretor do Festival de Curitiba, o produtor cultural Leandro Knopfholz diz que “Domínio Público” respeita a trajetória do festival, que sempre discutiu assuntos pertinentes da sociedade brasileira nos palcos ao longo de todas as suas edições.
“Coproduzir espetáculos é sempre um desafio a mais ao se fazer um evento do porte do Festival de Curitiba, que envolve pessoas e propostas variadas. E contribuir para estimular reflexões sobre temas relevantes para a sociedade brasileira, por meio das artes e da cultura, traz uma importância a mais para o trabalho realizado por toda a equipe do Festival ao longo de suas 27 edições”, declara com exclusividade Knopfholz ao Blog do Arcanjo no UOL.
Festival de Curitiba tem programação diversa para todos os gostos e bolsos
O Festival de Curitiba não terá só teatro. A programação conta com debates, música, palestras, oficinas e gastronomia.
Knopfholz adianta que a programação conta com nomes reconhecidos como Denise Stoklos, Denise Fraga, Tuca Andrada, Ricardo Tozzi e Luisa Arraes, Mel Lisboa, Reynaldo Gianecchini, Caio Blat, Renata Sorrah, Malvino Salvador e a banda Titãs.
O diretor do evento ressalta que há 384 atividades gratuitas este ano e outras 138 no esquema de “pague o quanto vale”, estimulando o público a definir o valor de cada apresentação de acordo com sua satisfação diante do espetáculo apresentado.
Além da Mostra 2018 com 29 espetáculos (os ingressos já estão à venda), o Festival de Curitiba ainda conta com o Fringe, sua efervescente mostra paralela sem curadoria, o show de variedades MishMash, Guritiba, focado no público infantil, o Risorama, sucesso de bilheteria com shows de stand-up, e o Gastronomix, o festival de sabores que ocorre durante o evento.
Abertura com Grupo Corpo e outros destaques da programação
“Gira”, nova coreografia do mineiro Grupo Corpo, irá abrir o Festival e integra o Movva, divisão de dança da Mostra 2018, que inclui ainda os espetáculos “Inoah” e “Corpo Sobre Tela”.
Dentro da Mostra 2018, há sete estreias nacionais: “Inoah”, “Denise Stoklos em Extinção”, “Domínio Público”, “Tristeza e Alegria na Vida das Girafas”, “A Ira de Narciso”, “Se o Título Fosse um Desenho Seria um Quadrado em Rotação” e “Cabaret Macchina”, da curitibana Selvática, com participação da cantora Karina Buhr e que se apresenta na Rua da Cidadania da Matriz.
Estas duas últimas, mais os espetáculos “Colônia” e “The Machine To Be Another – A Máquina de Ser Outro” são atrações grátis da Mostra 2018.
Também há a pré-estreia de “Doze Flores Amarelas”, a ópera rock dos Titãs, de Branco Mello, Sérgio Brito e Tony Bellotto.
“The Machine to Be Another – A Máquina de Ser Outro” (Espanha), “Vamos Fazer Nós Mesmos – Let’s Do It Ourselves” (Holanda) e “Tristeza e Alegria na Vida das Girafas” ( França) são as três atrações internacionais da Mostra 2018.
Conheça a programação completa do Festival de Curitiba
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