Satyrianas resiste com 400 atrações e praça Roosevelt proibida

Satyrianas ocupa a praça Roosevelt em 2014 com teatro e performances: neste ano, a Prefeitura de SP proibiu atividades do festival na praça que o teatro ajudou a recuperar – Foto: Eduardo Enomoto

Por Miguel Arcanjo Prado

O festival Satyrianas chega à 18ª edição nesta quinta (2) sem seu principal talismã: a praça Roosevelt.

O evento, que vai até domingo, foi proibido pela Prefeitura de São Paulo de ocupar a praça com suas atividades, como vinha fazendo há quase duas décadas a cada primavera.

Fundador do grupo Os Satyros ao lado de Rodolfo García Vázquez e criador da Satyrianas, Ivam Cabral se revolta com a proibição, justamente quando o festival que faz parte do calendário da cidade completa a maioridade. E lembra que quando o grupo chegou à praça, a Roosevelt era um lugar perigoso e que tornou-se o point do centro paulistano que é hoje pela movimentação gerada por seus teatros.

“Nós, artistas, somos os lixeiros da sociedade. A gente limpa a sujeira e, depois, não é convidado pra festa”, define.

Se no ano passado o tema foi “Phedra de Todas as Cores”, celebrando a insubstituível diva da praça Roosevelt Phedra D. Córdoba, que morreu em 2016, neste ano o tema é “Porque Somos Baldios – Mesmo Perseguida, Olhai por Nós”.

A insubstituível diva cubana Phedra D. Córdoba, morta no ano passado e que foi celebrada na Satyrianas 2016: ela fez parte do grupo de artistas que recuperou a praça Roosevelt, agora proibida pela Prefeitura – Foto: Bob Sousa

De todo modo, o festival Satyrianas, com coordenação geral de Gustavo Ferreira e produção geral de Diego Ribeiro e Silvio Eduardo, vai resistir nos teatros da praça e também em alguns agregados, como o Teatro de Contêiner e a Sede Luz do Faroeste, na Luz, e o CCBB, no centro histórico.

Até domingo (4) serão mais de 400 atrações. Programação farta que traz gente do Brasil todo, como 44 aprendizes da MT Escola de Teatro, que vêm de Cuiabá com o apoio do Governo de Mato Grosso para conferir de perto o efervescente cenário cultural paulistano.

A abertura está marcada para esta quinta (2), às 18h, com uma roda de samba do Acadêmicos do Baixo Augusta, na sede do bloco, na esquina de Consolação e Rêgo Freitas.

A atriz Leona Jhovs, que se apresenta na Luz do Faroeste – Foto: Ricardo Matsukawa/Divulgação

Destaques da programação

Entre os destaques da programação estão Os Satyros, criadores do festival, apresentando as três peças da Trilogia das Pessoas no Satyros Um: “Pessoas Perfeitas”, quinta, às 20h30; “Pessoas Brutas”, sexta, às 20h; e “Pessoas Sublimes”, domingo, às 19h30. E no CCBB tem “Dostoiévski Trip”, nova peça com direção de Cibele Forjaz. As sessões são sexta e sábado, às 20h; e domingo, às 19h.

A atriz Lulu Pavarin dirige a peça-performance “Estrelas Cadentes, Lâmpadas Fluorescentes e Portas Decadentes”, na SP Escola de Teatro, no sábado (4), às 23h30. O premiado filme “Bruta Flor”, de Andradina Azevedo e Dida Andrade, será exibido no domingo (5), às 15h40, na SP Escola de Teatro.

Guttervil em cena da peça “Pink Star” – Foto: Andre Stefano/Divulgação

Já “Pink Star”, peça futurista de sexualidade livre do Satyros, será apresentada no Galpão do Folias, do lado do metrô Santa Cecília, na sexta (3), às 20h.

Neste ano, o festival criou o polo Luz. Por lá serão apresentadas montagens como “Rei Lear” (de quinta a domingo, às 21h), dirigida por Moacir Chaves, no Teatro de Contêiner; e “Luizia, a Peste – Fragmento de Curare” (sexta, às 21h), de Paulo Faria, com Leova Jhovs, na sede do Pessoal do Faroeste.

Os ingressos do festival funcionam no formato pague quanto puder. Confira a programação completa e programe-se neste feriadão.

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