Retrato do Bob: Guttervil se liberta do gênero para só ser

Guttervil, artista, posa no Estação Satyros, onde encena a peça “Pink Star” – Foto: Bob Sousa

Por Miguel Arcanjo Prado
Foto Bob Sousa*

Natural de Guarapuava, no interior do Paraná, com passagem por 13 anos em Curitiba e em São Paulo desde 2006, Guttervil é destaque da peça “Pink Star”, peça de Ivam Cabral e Rodolfo García Vazquez em cartaz no Estação Satyros, da praça Roosevelt, com o grupo Os Satyros, em São Paulo. Obra que revoluciona sua vida.

Diz que precisou de 40 anos para se autodescobrir. O último ano, que incluiu trabalhar com a atriz transexual Leona Jhovs, um casamento de um ano e meio com a atriz transexual Fernanda Custodio e o processo do espetáculo atual, com foco na temática do gênero, foi crucial para que decidisse abandonar definições prévias sobre sua sexualidade.

“Entrei em parafuso, confusão e até me questionar se eu era homem trans ou não. Vieram longas conversas com o Rodolfo [García Vázquez, diretor do Satyros], para entender o que ‘Pink Star’ estava mexendo comigo”, lembra.

Assim, não se importa se na rua vão lhe chamar de “o cara” ou “a mina”. E decide assumir sua “condição de agênero/não binária”.

“Retiro Gisa do meu nome e serei tratada como somente Guttervil”, avisa. Para quem pergunta qual artigo usar, masculino ou feminino, para se referir à sua pessoa, responde.

“Nem o, nem a, somente Guttervil. Me defino como um ser feliz que tirou um peso da vida e quer ser visto como todos. Definição não consigo ter por mim. Sou homem, sou mulher, indiferente do meu sexo biológico. Meu órgão genital não me define. Me define meu caráter, meu amor e minha força”, conclui.

*Bob Sousa é fotógrafo, pesquisador, mestre em artes cênicas pela Unesp e crítico de artes visuais da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes).

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