Amor entre mulheres é tema de L, O Musical, com Ellen Oléria e Elisa Lucinda

Mulheres que se amam são protagonistas de “L, O Musical”, que estreia em 10 de agosto do CCBB de Brasília – Foto: Diego Bresani
Por Miguel Arcanjo Prado
Sérgio Maggio, autor do musical “Eu Vou Tirar Você Deste Lugar – As Canções de Odair José”, é nome inquieto da cena teatral no Distrito Federal, sempre cheio de propostas interessantes com seu grupo, Criaturas Alaranjadas.
Tanto que acaba de juntar a cantora Ellen Oléria e a poeta, escritora e atriz Elisa Lucinda no palco, na superprodução “L, O Musical”, que estreia no CCBB de Brasília em 10 de agosto. Lá, cumpre temporada até 1º de setembro, de quarta a domingo, às 20h, com ingresso a R$ 10 e R$ 20.
O tema do espetáculo, repleto de pérolas garimpadas na MPB por Maggio e Oléria, que assinam o roteiro musical, é o amor entre mulheres.
“Identidade humana”
Segundo Maggio, as personagens Ester, Rute, Anne, Simone, Elle, Filipa, Léa e Xena “vivem as delícias e os conflitos de amar iguais”. O espetáculo afirma não ser panfletário, mas, sim, valorizador de temas como “a liberdade, o desejo, os afetos e a identidade humana, que norteiam qualquer indivíduo independentemente da sua orientação sexual ou identidade de gênero”.
O dramaturgo e diretor lembra que, “no caso da mulher lésbica, há uma especificidade muito impactante”. Ele explica: “Ela sofre uma dupla opressão: a de ser mulher e a de ser lésbica. O machismo e o sexismo são terríveis agravantes”.
Luis Felipe de Lima, de “Sassaricando”, assume a direção musical da montagem, que ainda conta com direção de movimento de Ana Paula Bouzas (“A Cuíca de Laurindo”) e direção de produção de Ana Paula Martins (“Duas Gotas de Lágrimas no Frasco de Perfume”).

As protagonistas de “L, O Musical” no lago Paranoá, em Brasília: pérolas da MPB na trilha – Foto: Diego Bresani
Retorno aos palcos
Oléria lembra que o musical marca seu retorno ao teatro após 12 anos dedicado à música exclusivamente. E revela que o elenco ainda tem Renata Celidonio (“Todas as Canções de Chico Buarque”), Gabriela Correa (“As Canções de Odair José”), Tainá Baldez (“As Canções de Odair José”) e Luiza Guimarães (“Três Tigres Tristes”).
“Senti um frio na barriga e um calor no coração quando recebi o convite para compor o elenco. Não tive outra resposta além de um entusiasmado ‘sim’. Esse desafio fica mais leve ao lado de atrizes de presença tão forte e uma equipe técnica de peso dentro da linguagem dos musicais. Estou feliz demais e com aquele gostoso frio na barriga com um calorzinho no coração”, define Ellen Oléria.
Pesquisa farta e “Petra Von Kant”
Para escrever o musical, Maggio, que também é jornalista experiente, pesquisou em comunidades virtuais de lésbicas, que lhe passaram listas de músicas que embalavam seus amores, encontros e desencontros. Para eles, tais canções presentes no espetáculo geram “uma identificação afetiva”.
Ele ainda diz que uma das referências foi “As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”, de Rainer Werner Fassbinder, texto que teve montagem histórica no Brasil em 1982, com Fernanda Montenegro, Renata Sorrah, Rosita Thomas Lopes e Juliana Carneiro de Cunha no elenco.
“‘L, o Musical’ é a primeira peça que eu vejo, depois de ‘Petra Von Kant’, cujo protagonismo é o amor entre mulheres. Colocar personagens lésbicas em cena é simultaneamente um avanço e um atraso. Avanço porque já fomos muito pior há 20 anos com esse tema. Atraso porque mostra que infelizmente a realidade está muito mais adiantada que a ficção, que deveria ser vanguarda. Tenho 30 anos de carreira e esta é a minha primeira personagem lésbica. Alguma coisa está errada aí”, aponta Elisa Lucinda.
Maggio reforça que está muito bem acompanhado: Jones de Abreu é diretor assistente, Maria Carmen de Souza assina o cenário. A luz é de Aurélio de Simoni, que fez a luz justamente de “Petra”, em 1982. Carol Lobato criou os figurinos, Branco Ferreira comanda o design de som, Luma Le Roy, o visagismo, e Daniela Pereira Carvalho (de “Renato Russo”) fez a supervisão de dramaturgia.
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