Racismo e genocídio negro são combatidos no espetáculo de dança “Pele Negra, Máscaras Brancas”

Cena de "Pele Negra, Máscaras Brancas": dança contra o racismo - Foto: Raul Zito

Cena de “Pele Negra, Máscaras Brancas”: dança contra o racismo – Foto: Raul Zito

Por Miguel Arcanjo Prado

Cada vez mais, jovens negros redescobrem referências culturais próprias, que tenham ligação direta com sua ancestralidade. A dança não fica de fora.

A Cia. Treme Terra desde 2013 investiga a dança negra contemporânea, que, assim como ocorreu em “Terreiro Urbano”, seu espetáculo de estreia, é foco de sua nova montagem, que realiza apresentação única no próximo sábado (17), às 21h, no Teatro do Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141), em São Paulo, com entrada a R$ 25 a inteira.

“Pele Negra, Máscaras Brancas” tem direção do músico e percussionista João Nascimento em parceria com Firmino Pitanga. A criação coletiva é inspirada no livro homônimo de Frantz Fanon e demorou dois anos para ficar pronta.

“O espetáculo representa o orgulho da nossa cultura de matriz africana, a beleza e a magia dos orixás, a importância de manter viva a memória dos terreiros, os mitos e contos da diáspora africana. Representa a luta contra o genocídio da população jovem e negra nas periferias do Brasil”, afirma um aguerrido João Nascimento ao Blog do Arcanjo do UOL.

No foco da pesquisa, estão as movimentações dos orixás, suas mitologias e arquétipos, “buscando uma estética predominantemente brasileira, a partir das matrizes africanas”, informa o grupo.

“A montagem nasceu da necessidade de identificar e discutir alguns traumas vividos por negros e negras na sociedade moderna, destacando no espetáculo máscaras que foram obrigados e às vezes continuam a usar como meio de sobrevivência ao genocídio e as diversos formas de opressão”, diz Nascimento.

Música ao vivo

Um dos elementos característicos do grupo não poderia ficar de fora da nova montagem: a força da música executada ao vivo, no palco. Nascimento ressalta que “neste trabalho as músicas autorais e de domínio público dialogam constantemente, ora protagonistas, ora co-protagonistas das movimentações de dança contribuindo para a construção de narrativas e dramaturgias cênicas”.

A montagem conta ainda com a participação do artista plástico Achiles Luciano, que interage ao vivo com projeção digital, compondo o ambiente da performance cênica a partir da ferramenta denominada Tagtools. Já os figurinos foram criados por Silvana Marcondes, enquanto a cenografia é assinada por Julio Dojcsar.

No elenco estão Andrus Santana, Beatriz Cristina, Luciano Virgílio, Luiz Negresco, Malu Avelar, Terená Kanouté, Tito Nascimento, Thiago Bilieri, Daniel Pretho, Afroju Rodrigues, João Nascimento, Junior Santiago, Pedro Henrique, Luana Bayo, Guilherme Frattini, Paulinho Paes e Bira Nascimento.

“’Pele Branca, Máscaras Negras’ é uma representação simbólica da necessidade de curar as doenças da sociedade diagnosticadas pelo racismo e outras discriminações herdadas do colonialismo. Representa parte da história do Brasil que não é contada”, conclui o diretor.

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