Cantor Marcelo Veronez manda nudes a quem financiar seu primeiro disco

O cantor Marcelo Veronez - Foto: Filipe Galgani

O cantor Marcelo Veronez: recompensa a quem colaborar com disco – Foto: Filipe Galgani

Por Miguel Arcanjo Prado

Libertário e provocador, o cantor Marcelo Veronez chama a atenção do público na campanha de financiamento coletivo para gravar seu primeiro disco, “Narciso Deu um Grito”. O músico vem fazendo sucesso na cena musical mineira, dono de uma voz potente e que combina com sua postura ousada no palco.

A quem colaborar com o disco, Veronez oferece, em agradecimento, entre outras coisas, nudes, ou seja, retratos dele nu. Em conversa com o Blog do Arcanjo do UOL, direto de sua casa, em Belo Horizonte, Veronez explica essa história.

“A história dos nudes é que eu queria oferecer para as pessoas um agradecimento especial por estarem colaborando e queria que fossem agradecimentos exclusivos. Então, dei três opções: ou gravo uma música e mando pelo whatsapp, ou gravo um texto que falo nos shows (ou um texto à escolha da colaboradora) ou envio nudes”, conta.

Nudes não são novidade na vida do músico. “A ideia dos nudes vem de antes de o projeto de financiamento existir. Fiz uma série de sete shows chamada ‘Experimento’ para chegar ao repertório desse disco. Para divulgação dessa série, fiz uma sequência de ‘autorretratos’, alguns nus, sempre com pedaços do corpo à mostra”, lembra.

“Agora que a série acabou eu resolvi que essa é uma forma de publicar essa série sem cortes. Além disso, [Eduardo] Galeano é que tem razão: o corpo é uma festa! Porque não nudes? Porque não nudez?”, questiona o artista.

Disco carnavalesco

“Narciso Deu um Grito” é repleto de referências à retomada do Carnaval de rua em Belo Horizonte nos últimos tempos. “É um disco solar, que só existe por causa do Carnaval. A teatralidade, o espelhamento dos corpos e das presenças, a crítica social, o deboche, tudo isso está ligado diretamente à forma de vivenciarmos os últimos cinco ou seis anos de carnaval em Beagá”, revela Veronez, que também é ator formado pela Teatro Universitário da UFMG.

O álbum terá composições de outros parceiros da música mineira, como LG Lopes, Milena Torres, Di Souza, Zé Luis Braga, Admar Fernandes e Marku Ribas, entre outros. “Se tudo der certo no financiamento coletivo, lançamos o disco ainda em 2016. Eu quero demais colocar ele na praça até dezembro! Que venha o verão!”, espera.

O cantor Marcelo Veronez - Foto: Filipe Galgani

O cantor Marcelo Veronez se inspirou no Carnaval de BH – Foto: Filipe Galgani

Feminino libertário

E quais são as referências de Veronez? “As mais diversas, mas todas nessa linha libertária. Eu sou capaz de ouvir no mesmo dia Maria Alcina, Almodóvar & Mc Namara, Maria Bethânia e Cascatinha e Inhana e Karina Bhur. Todas aí eu acho que tem uma verdade muito grande. A verdade me interessa, independentemente do estilo”, afirma.

Um dos charmes de Veronez no palco é tratar o público sempre no gênero feminino. “Eu estou do lado das manas. Essa coisa de ter 50 mulheres e dois homens e a gente tratar no masculino eu acho uma expressão terrível de machismo, porque você desconsidera a expressão feminina”, discursa.

“É bom para os homens responderem a um cumprimento no feminino, é interessante subverter essa ordem. Sim, eu estou falando pra elas e é pra vocês homens também, mas é no feminino. E qual é o problema do cumprimento geral também ser aplicado no feminino? Eu me sinto mais à vontade”, explica.

Marcelo Veronez diz que faz um disco solar - Foto: Filipe Galgani

Marcelo Veronez diz que faz um disco solar – Foto: Filipe Galgani

Contra o preconceito

Com tal postura, ele quer “desencaretar” a MPB? Ele pensa e responde: “Acho que eu estou desencaretando a mim todo dia. E a partir disso, do meu desencaretamento eu mudo minhas formas de atuação na vida e aí sim começo a ajudar quem está do lado a se desencaretar também. Não acho a MPB careta não. É tudo muito amplo, são muitos aspectos, essa sigla hoje quer dizer tanta coisa!”.

Sobre sua presença intensa no palco e na música, define: “Gosto de ser um intérprete que compõe com o corpo, com as cores da voz, que dá possibilidades variadas de leitura pra quem tá ouvindo ou assistindo um show”.

Para terminar o papo, fala que seu público, tão eclético, se une em torno de um “sentido de liberdade”: “Uma vez eu brinquei num post de Facebook que quem não apoia as políticas de liberdades individuais, quem defende exclusão e preconceito não precisa nem ir no meu show e nem comprar meu disco. Porque não vai entender nada mesmo! Se não tiver disposto a se transformar e se libertar, melhor ficar em casa vendo novela. Pelo menos não atrapalha quem foi!”.

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