Ícone do teatro brasileiro, Flávio Império revive em peça em SP

Nei Gomes homenageia Flávio Império no palco - Foto: Jonatas Marques

Nei Gomes homenageia Flávio Império no palco – Foto: Jonatas Marques

Por Miguel Arcanjo Prado

Um dos primeiros artistas brasileiros vitimados pela Aids, em 1985, com apenas 50 anos, o paulistano Flávio Império é nome importante da história do teatro brasileiro. Apesar do destaque como cenógrafo, sua contribuição aos palcos sempre foi muito além disso. Se estivesse vivo, teria 80 anos de vida e 60 de carreira. É dele a cenografia de peças históricas do Teatro de Arena e de “Roda Viva”, de Chico Buarque, montada por Zé Celso e seu Teat(r)o Oficina em 1968.

O artista ganha homenagem à altura de sua importância na peça “Réquiem para um Amigo da Multidão”, monólogo com o ator Nei Gomes, que também assina o texto sob direção de Renatha Zhaneta, em cartaz em São Paulo até o fim de junho.

Em um país desmemoriado, a peça ajuda a recuperar o nome do artista para as novas gerações: “Flávio Império revolucionou o teatro. Temos uma memória teatral quase centralizada nos atores, atrizes e diretores. O teatro é uma obra coletiva, todos e todas são figuras fundamentais dos processos. Flávio era múltiplo, foi só um grande cenógrafo, foi um grande multiartista. É difícil classificá-lo, ele mesmo não gostava da ideia de ser classificado”, pondera Nei Gomes, que é bastante parecido fisicamente com o homenageado, em entrevista ao UOL.

Na visão do ator, Império tinha compromisso histórico e social em tudo que fazia. “Ele era inclassificável, tudo que se permitia a fazer caia de cabeça e desenvolvia com total maestria”, conta. Para interpretá-lo, mergulhou em documentação histórica e entrevistou pessoas que conviveram com Império: “Isso me ajudou a criar uma multiplicidade de pontos de vista sobre sua figura”, explica o ator, que confrontou olhares em um processo que define como “instigante e desafiador”.

Réquiem para um Amigo na Multidão: entrada grátis - Foto: Jonatas Marques

Réquiem para um Amigo na Multidão: entrada grátis – Foto: Jonatas Marques

Outra coisa fundamental na construção da dramaturgia foi uma entrevista em áudio que Império deu às jornalistas Maria Thereza Vargas e a Mariangela Alves de Lima: “Ajudou muito na construção do que seria uma ‘energia’ Flávio Império”, conta Gomes ao “Blog do Arcanjo”.

A paixão de Gomes por Império começou em 2001, quando teve contato com a obra do artista. A vontade de diálogo no palco virou algo concreto em 2015, ano em que marcou os 30 anos da morte de Império e seus 80 anos de nascimento. “O nome do Flávio já abre muito caminho. Com quem tentei conversar fui recebido com enorme carinho. Foi um processo abençoado. Levantei muito material, conseguiria fazer uma saga”, revela.

A estreia da peça foi no último fim de semana, no Teatro Flávio Império: “Não tinha local mais apropriado”, define Gomes. Agora, a peça faz turnê pelos teatros distritais de São Paulo com entrada gratuita, até encerrar a temporada novamente no mesmo espaço. “É emocionante retornar ao palco desse teatro com essa obra”. E o que será que Flávio Império acharia disso tudo? “O Flávio era imprevisível, não sei se consigo dizer o que ele falaria… Porém como tudo foi acontecendo de uma forma mágica gosto de pensar que ele colabora e muito pra se fazer presente em 2016”, conclui.

Flávio Império (1935-1985) - Foto: Acervo Flávio Império

Flávio Império (1935-1985) – Foto: Acervo Flávio Império

Réquiem para um Amigo na Multidão
Duração
: 70 minutos.
Classificação etária: 10 anos.
Quanto: Grátis.
Onde e quando:
Teatro Flávio Império
– R. Prof. Alves Pedroso, 600 – Cangaíba, São Paulo. Telefone – 11 2621 2719.
Dias 27, 28 e 29 de maio e 24, 25 e 26 de junho. Sexta-feira e sábado, às 20h. Domingo, às 19h.
Teatro Alfredo Mesquita – Av. Santos Dumont, 1770 – Santana, São Paulo. Telefone – 11 2221 3657.
Dias 3, 4 e 5 de junho. Sexta-feira e sábado, às 21h. Domingo, às 19h.
Teatro Leopoldo Fróes – Rua Antonio Bandeira, 114. Santo Amaro, São Paulo. Telefone – 11 5541-7057.
Dias 10, 11 e 12 de junho. Sexta-feira e sábado, às 20h. Domingo, às 19h.
Teatro Cacilda Becker – Rua Tito, 295 – Lapa, São Paulo. Telefone – 11 3864-4513.
Dias 17, 18 e 19 de junho. Sexta-feira e sábado, às 21h. Domingo, às 19h.

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