Crítica: Peça “Tropa” reproduz saga de Capitão Nascimento no FIT-BH

Três em um: Capitão Nascimento no FIT-BH - Foto: Glenio Campregher/Divulgação

Três em um: Capitão Nascimento no FIT-BH em “Tropa”- Foto: Glenio Campregher/Divulgação

Por Miguel Arcanjo Prado
Enviado especial a Belo Horizonte (MG)*

Os filmes brasileiros “Tropa de Elite” (2007) e “Tropa de Elite 2” (2010), ambos dirigidos por José Padilha, foram sucesso de público e alçaram o ator Wagner Moura, na pele do Capitão Nascimento, ao posto de herói nacional, como um oficial do Bope, o Batalhão de Operações Especiais da PM carioca, que combate traficantes e, depois, os colegas policiais corruptos das milícias.

O roteiro cinematográfico dos dois longas, bastante conhecido pelo público, é resumido em 38 minutos na peça “Tropa”, do paulistano Grupo Laje, apresentada no FIT-BH (Festival Internacional de Teatro, Palco & Rua de Belo Horizonte). A última sessão acontece nesta quarta (25), às 15h, em frente ao Teatro Francisco Nunes, no Parque Municipal, centro da capital mineira.

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A peça poderia ser apenas uma montagem que tenta surfar na onda já gasta do sucesso que os filmes fizeram. Mas vai além disso ao oferecer um novo formato para a mesma história: os três atores, Allan Benatti, Paulo Candusso e Rodrigo Veloso, estão entrosados e concentrados em fazer com que seus corpos permaneçam em um palco diminuto. Toda a encenação, que só conta com os próprios corpos dos atores, acontece em uma plataforma de madeira de um metro por 90 centímetros.

Virtuosismo físico marca "Tropa" - Foto: Glenio Campregher/Divulgação

Virtuosismo físico marca “Tropa” – Foto: Glenio Campregher/Divulgação

É assim, de forma crua e vestidos de preto, que eles utilizam seus corpos e vozes para reproduzir o filme em cima da tábua de uma forma veloz. Dirigidos por Joana Barbosa, que imprime ritmo dinâmico à encenação, os atores mostram virtuosismo físico e apostam em caricaturas para compor e diferenciar os personagens já conhecidos dos longas.

Uma grande questão paira sobre a peça: por que reproduzir um enredo já tão gasto? Afinal, o Brasil viu a saga do Capitão Nascimento à exaustão, no cinema e na TV. Repeti-la por si só, mudando-se apenas a linguagem e sem acrescentar muito ao que os dois filmes já disseram, soa mais próximo a um exercício. Uma dramaturgia original, mesmo com temática semelhante, teria feito bem ao grupo, que tem artistas talentosos, e ao público, que fica com a sensação de um déjà vu incompleto diante do espetáculo.

“Tropa” * * 
Avaliação: Regular

*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do FIT-BH.

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