Premiado e querido, Umberto Magnani deixa trajetória brilhante no teatro

Umberto Magnani como Padre Romão em "Velho Chico" - Foto: Caiuá Franco/Divulgação

Umberto Magnani como Padre Romão em “Velho Chico” – Foto: Caiuá Franco/Divulgação

Por Miguel Arcanjo Prado

O ator Umberto Magnani, que morreu aos 75 anos nesta quarta (27), no Rio, traçou importante carreira no teatro brasileiro, no qual além de ator foi ainda produtor de espetáculos. Premiado e querido pelos colegas, ele deixa uma trajetória brilhante não só na TV e no cinema, como também nos palcos.

O intérprete do Padre Romão, na novela “Velho Chico”, da Globo, nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo, em São Paulo, onde começou na vida artística ainda pequenino, interpretando o menino Jesus nos autos de Natal da cidade.

Em 1965, em busca da profissionalização, ingressou na EAD (Escola de Arte Dramática), hoje ligada à USP (Universidade de São Paulo), na época sob coordenação de Alfredo Mesquita, que o dirigiu nas primeiras montagens. Neste mesmo ano, trabalhou com Antunes Filho na peça “A Falecida”, de Nelson Rodrigues, seu primeiro grande espetáculo.

Em 1967 foi a vez de atuar em “Este Ovo É Um Galo”, de Lauro César Muniz, ainda como estudante. A performance chamou a atenção de Ruth Escobar, importante produtora teatral da época, que convidou o grupo para estrear a peça profissionalmente em 1968.

No mesmo ano, quando a ditadura começava a endurecer cada vez mais, Magnani foi trabalhar no Teatro de Arena, onde entrou para substituir Antônio Fagundes na peça “Primeira Feira Paulista de Opinião”, dirigida por Augusto Boal. Lá, teve contato com um teatro mais politizado e à esquerda, na companhia de nomes como Gianfrancesco Guarnieri. Nesta época, ainda fez assistência de direção na peça “Morte e Vida Severina”, com Paulo Autran, baseada no poema de João Cabral de Melo Neto.

Umberto Magnani e Denise Del Vecchio em "Lua de Cetim", em 1981 - Foto: Divulgação

Umberto Magnani e Denise Del Vecchio em “Lua de Cetim”, em 1981 – Foto: Divulgação

Na década de 1970, atuou em importantes montagens, como “Cidade Assassinada”, de Antônio Callado com direção de Antonio Petrin, e “Macbeth”, com direção de Fauzi Arap, além de ter começado a atuar também como produtor teatral.

Magnani trabalhou com grandes nomes dos palcos como Bárbara Heliodora, Sérgio Mamberti, Dias Gomes, Flávio Rangel, Gabriel Villela, Francisco Medeiros e Alcides Nogueira, entre outros.

Umberto Magnani e o filho Beto em "Avesso" - Foto: Divulgação

Umberto Magnani e o filho Beto em “Avesso” – Foto: Divulgação

Em 1981, teve atuação destacada em “Lua de Cetim”, com texto de Alcides Nogueira e direção de Marcio Aurelio, que lhe rendeu o Prêmio Milière e o Trofeu Mambembe de melhor ator.

Outras atuações importantes foram em “Louco Circo do Desejo”, de Consuelo de Castro com direção de Vladimir Capella, “Às Margens do Ipiranga”, com texto e direção de Fauzi Arap, “Jesus Homem”, autoria e direção de Plínio Marcos, e “Nossa Cidade”, peça dirigida por Eduardo Tolentino de Araújo com o Grupo Tapa em 1989.

Em 1996, atuou ao lado do filho, Beto Magnani, na peça “Avesso”, que mostrava dois atores nos bastidores teatrais e rodou todo o país.

Sempre preocupado com a classe teatral, Magnani ainda foi diretor da Apetesp (Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo) entre 1972 e 1988 e atuou ainda em outros cargos políticos no Ministério da Cultura, na Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, no Ministério da Educação, além de ter sido secretário de Cultura e Turismo de sua cidade, Santa Cruz do Rio Pardo, entre 2001 e 2002.

Seu sucesso mais recente nos palcos foi na peça “Elza e Fred”, na qual fez par romântico com a atriz Suely Franco como um charmoso e comovente casal que mostrava que o amor não tem idade.

Suely Franco e Umberto Magnani em "Elza e Fred" - Foto: Divulgação

Suely Franco e Umberto Magnani em “Elza e Fred” – Foto: Divulgação

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