Bob Wilson faz peça sobre Garrincha: “Saiu da pobreza e virou herói”

O diretor norte-americano Robert Wilson - Foto: Lucie Jansch/Divulgação

O diretor norte-americano Robert Wilson – Foto: Lucie Jansch/Divulgação

Por Miguel Arcanjo Prado

Aos 74 anos, o diretor norte-americano Robert Wilson, ou apenas Bob Wilson, é um dos nomes mais aclamados do teatro mundial. Cuidadoso e preciso, está cada vez mais presente nos palcos brasileiros. Sua nova parceria nacional é “Garrincha”, peça idealizada pelo gerente regional do Sesc em São Paulo, Danilo Santos de Miranda, e que estreia neste sábado (23) no Teatro Paulo Autran do Sesc Pinheiros, com foco na vida do ídolo da seleção campeã em 1958 e 1962.

Em conversa exclusiva com o blog, Wilson conta o motivo de homenagear o jogador de pernas tortas e mágicas, que ficou mundialmente conhecido ao fazer dobradinha com Pelé no ataque de nossa seleção. “Garrincha foi e ainda é um ídolo do Brasil. Esse espetáculo é uma celebração do Brasil e do seu povo resistente. Garrincha teve uma história de pobreza e virou um herói”, diz.

O jogador Garrincha em 1959 - Foto: Arquivo/AE/Divulgação Sesc

O jogador Garrincha em 1959 – Foto: Arquivo/AE/Divulgação Sesc

O diretor lembra outras qualidades de Garrincha: “Era bonitão, atraente e talentoso. Também sou fascinado pela maneira com que ele se movia. Era um dançarino. A sua vida está ligada à música brasileira, e não somente pelo casamento com a grande Elza Soares. É claro que sua vida também foi trágica”. Garrincha morreu em 1983, aos 49 anos, em decorrência do alcoolismo.

Questionado qual seria a definição de seu teatro, Wilson responde: “Meu teatro é formal, e não naturalista. Quando as pessoas entram em um teatro, elas devem se sentir como se estivessem entrando em um mundo paralelo, um outro universo”, explica.

E ainda elenca outras coisas importantes: “As pessoas precisam rir, mesmo que a peça seja uma tragédia. Uma tragédia não chega a ser trágica se não houver risada. Tempo, espaço e luz são importantes para mim. Tudo tem a mesma importância: a luz, o movimento, o texto, a música, as cenas, os figurinos. Eu trabalho com liberdade e espontaneidade, mas minhas peças são muito precisas e precisam funcionar como um relógio”, define.

“Voltaria, se fosse convidado”

Sobre voltar ao Brasil em breve, já que está cada vez mais presente por aqui, mostra-se esperançoso: “Não tenho projetos no momento, mas eu certamente voltaria se fosse convidado”, avisa.

Assim como aconteceu em “A Dama do Mar” em 2013, mais uma vez Wilson trabalha com atores brasileiros. Desta vez são 16: Bete Coelho, Carol Bezerra, Claudia Noemi, Claudinei Brandão, Cleber D´Nuncio, Dandara Mariana, Daniel Infantini, Fernanda Faran, Jhe Oliveira, Ligia Cortez, Lucas Wickhaus, Luiz Damasceno, Naruna Costa, Nathália Mancinelli, Roberta Estrela D´Alva e Robson Catalunha.

“Eles são maravilhosos de se trabalhar, e são muito bons em improvisar e sabem criar movimentos a partir da música”, elogia. A peça ainda tem o sexteto de músicos formado por Alexandre Ribeiro, Fabrício Rosil, João Poleto, Roberta Valente, Samba Sam e Zé Barbeiro.

Colaborou Bruno Machado

“Garrincha”
Quando: Quinta, sexta e sábado, 21h; domingo e feriado, 18h. Até 29/5/2016
Onde: Teatro Paulo Autran – Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, São Paulo, tel. 11 3095-9400
Quanto: R$ 60 (inteira); R$ 30 (meia-entrada)
Classificação etária: 16 anos

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