“Queremos maior dimensão humana”, dizem diretores da MITsp

Cena da peça Cinderlea, do francês Jöel Pommerat, que abre a 3ª MITsp - Foto: Cici Olsson/Divulgação

Cena da peça Cinderela, do diretor francês Jöel Pommerat, que abre a 3ª MITsp – Foto: Cici Olsson/Divulgação

Por MIGUEL ARCANJO PRADO

A terceira edição da MITsp (Mostra Internacional de Teatro de São Paulo) será aberta na noite desta quinta (3), no Auditório Ibirapuera, em sessão para convidados do espetáculo franco-belga Cinderela (Cendrillon), do celebrado diretor francês Jöel Pommerat.

O evento cênico, que abre para o público nesta sexta (4), vai até 13 de março, com dez espetáculos em nove espaços de São Paulo. Temas como a narratividade, e o racismo contra o negro e o preconceito contra o imigrante permeiam o projeto de curadoria do evento.

Oito são internacionais, e dois, brasileiros. Por conta da crise econômica e da alta do dólar e do euro, o número de peças precisou ser reduzido, sobraram dez do número de 20 peças desejado, com 15 internacionais e cinco brasileiras. O corte foi dolorido, admitem os curadores e diretores do evento Guilherme Marques e Antônio Araújo.

Peça polonesa (A)Polônia fala sobre o holocausto na MITsp - Foto: Stefan Okolowicz/Divulgação

Peça polonesa (A)Polônia fala sobre o holocausto na MITsp – Foto: Stefan Okolowicz/Divulgação

Com o espetáculo francês da abertura, a MITsp pela primeira vez apresenta uma obra infanto-juvenil. Outra novidade é Cidade Vodu, dirigida por José Fernando de Azevedo, do Teatro de Narradores, com imigrantes haitianos que vivem em São Paulo contando sua experiência de estrangeiros em nosso país, em cena na Vila Tororó, na região central paulistana.

Outro destaque é 100% São Paulo, projeto alemão que levará cem moradores da cidade ao palco do Theatro Municipal, num recorte poético que pretende ser um retrato da metrópole.”É um gesto simbólico e político”, define Marques, que dirige a parte executiva da MITsp.

Há ainda A Carga, do Congo, (A)Polônia, da Polônia, A Tragédia Latino-Americana, do Brasil, An Old Monk, da Bélgica, Ça Ira, da França, Revolting Music, da África do Sul, e Still Life, da Grécia.

Cena do espetáculo A Carga, do Congo - Foto: Agathe Poupenay/Divulgação

Cena do espetáculo de dança A Carga, do congolês Faustin Linyekula, que participa da MITsp – Foto: Agathe Poupenay/Divulgação

A quantidade pequena de peças não incomoda os curadores. Araújo e Marques dizem que não pretendem fazer da MITsp um festival famoso por grandes números, como acontece no Festival Santiago a Mi, no Chile, por exemplo, ou também nos festivais de Bogotá, na Colômbia, Buenos Aires, na Argentina, e Curitiba, no Brasil. “Queremos uma maior dimensão humana”, dizem, em uníssono. “Nosso foco não é fazer festival para competir com os grandes”, fala Araújo, que dirige a área artística do evento.

Isso se reflete na criação do Cabaré da MITsp, ponto de encontro do festival no Centro Compartilhado de Criação, o CCC, na Barra Funda, onde público e artistas poderão se encontrar após as peças.

“Também é importante para a gente a questão da formação e da reflexão”, afirma Marques, que convidou um grupo de críticos para escrever sobre as peças apresentadas, entre eles o autor deste site. As críticas serão disponibilizadas no dia seguinte dos espetáculos no site da MITsp.

Brasileiro Cidade Vodu mostra drama haitiano em São Paulo - Foto: Ivson Miranda/Itaú Cultural/Divulgação

Brasileiro Cidade Vodu mostra drama haitiano em São Paulo – Foto: Ivson Miranda/Itaú Cultural/Divulgação

Outra coisa que Araújo faz questão de ressaltar é a possibilidade que o espectador tem de “ver tudo” na MITsp. “Quem se planejou conseguirá ver todas as peças”, declara ele, que ainda afirma esperar que o público compareça às atividades formativas, como mesas de debate, palestras e workshops.

Nesta linha de pesquisa cênica está a residência artística que o diretor russo Yuri Butusov (que apresentou com sucesso A Gaiova na MITsp 2015) faz durante três semanas nesta MITsp com atores brasileiros selecionados após inscrição. Entre os aprovados estão Aline Filócomo, Eric Lenate, Bel Kowaric, Giordano Castro e Ondina Clais Castilho.

A expectativa é que o público este ano suba em relação a 2015, quando a MITsp registrou 17 mil pessoas em suas atividades. Com mais de 1.000 lugares o Theatro Municipal deve contribuir para este crescimento. Cerca de 120 profissionais diretos e 400 indiretos trabalham nesta terceira edição da MITsp, orçada em R$ 3,44 milhões segundo seus organizadores.

Saiba mais sobre a MITsp!

Cena da peça francesa Ça Ira, de Jöel Pommerat, que participa da MITsp - Foto: Elisabeth Carecchio/Divulgação

Cena da peça francesa Ça Ira, de Jöel Pommerat, que participa da MITsp – Foto: Elisabeth Carecchio/Divulgação

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