Crítica: Surfacing mistura Glee com surto ególatra em Curitiba

Cena de Surfacing: cantoria sem fim ao estilo Disney com pitada intelectual – Foto: Ernesto Vasconcelos/Clix

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Enviado especial do R7 a Curitiba
Fotos ERNESTO VASCONCELOS/Clix

O espetáculo norte-americano Surfacing, de Holcombe Waller, integrante da Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba, se esgota aos dez minutos. Mas, dura 45.

A peça é uma performance do artista. Canta músicas ao estilo do seriado Glee com letras pseudo-intelectualizadas sobre relatos familiares e da religião judaica.

O espaço dado à proposta estética executada por Holcombe nos permite refletir se um ator brasileiro fazendo o mesmo em português teria o mesmo lugar nobre.

Mas, somos ainda vítimas de um mercado de produção cultural colonialista, e Holcombe canta em inglês e vem dos Estados Unidos. Não importa se é um arremedo de Tracy Chapman tentando ser princesa de animação infantil.

Surfacing é um exercício ególatra, com temas que pouco dialogam com a sociedade brasileira contemporânea, com problemas muito mais profundos e merecedores de nossa atenção do que os conflitos familiares do artista que utiliza recursos de computador para afinarem sua voz.

Na sessão vista pelo R7, diante do apresentado no palco, parte da plateia foi embora. Outra, apenas gargalhou nas cenas mais patéticas. Os demais preferiram acompanhar, estupefatos, tentando entender o era aquilo tudo no palco.

Surfacing
Avaliação: Ruim

*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Teatro de Curitiba.

Acompanhe em tempo real o R7 no Festival de Teatro de Curitiba 2015!

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1 Resultado

  1. Phillipe disse:

    É incrível como, em alguns “posts” específicos, identifico-me com o blog. Somos, sim, vítimas de um mercado de produção colonialista que exalta o branco ianque neocolonizador. É um massacre. Percebo isso em nossas rádios. Mesmo estando na América Latina, nossas rádios tocam basicamente música em inglês. O mais lógico seria, por nossa posição geográfica, que fosse veiculada música latina, mas, como cães em adestramento, somos submetidos à repetição incessante de músicas norte-americanas, sejam elas de boa qualidade ou não. Algumas, traduzidas, são de uma futilidade incrível. Mas as tribos dos descolados de plantão ovacionam porque é “gringo”.

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