Dois ou Um com Bruno Fracchia

Bruno Fracchia

Bruno Fracchia cria peça sobre Paulo José – Foto: Fábio Medeiros

Por BRUNA FERREIRA*

Santista, 28 anos, Bruno Fracchia já era ator profissional quando viajou para São Paulo para estudar com a saudosa Cleyde Yáconis. Em 2007, entrou no curso de Artes Cênicas da USP (Universidade de São Paulo), onde se formou em Teoria do Teatro. Em 16 anos, estudou com Aguinaldo Silva, Jean-Pièrre Sarrazac, Maria Thaís, Silvia Fernandes, Sérgio Carvalho, entre outros. Atuou em mais de dez peças, fez TV e cinema. No final de 2012, conseguiu viabilizar a peça Algumas Histórias, sobre Paulo José, e fez 36 apresentações em nove cidades do interior e litoral paulista. Neste projeto, Bruno foi autor, ator e produtor. Suas apresentações foram na maioria em espaços alternativos, de forma gratuita. Nestes momentos, ele percebeu o alcance social de seu espetáculo. Bruno conseguiu um bom produtor e agora vai começar tudo de novo: “Vamos buscar apoio via leis de incentivo para proporcionar em outras localidades as belas experiências de 2013”.

Santos ou São Paulo?
Do ponto de vista profissional e cultural, sem dúvida São Paulo (sem negar a história da minha cidade, pioneira na questão abolicionista e berço de nomes como Vicente de Carvalho, Plínio Marcos, Gilberto Mendes, Neyde Veneziano e também de atores do país, como Ney Latorraca, Sérgio Mamberti, Nuno Leal Maia, Jonas Mello, Renata Zhaneta, Jandira Martini, entre outros). Já pensando em qualidade de vida, escolho Santos!

Paulo José ou Gianfrascesco Guarnieri?
Por toda a identificação que tenho com a história de vida dele (e também com sua ideologia artística), Paulo José! Mas Gianfrancesco Guarnieri também é um gigante que merece ter sua trajetória de vida registrada nos palcos e que não pode jamais ser esquecido ou ignorado por qualquer jovem que pense em começar a fazer teatro.

O Palhaço ou novela das nove?
Se eu penso na temática principal de O Palhaço, acho que dificilmente alguma novela me arrebataria da forma como esta obra-prima de Selton Mello me arrebata (uma das maiores declarações de amor à arte!). Já na questão formal, depende da novela das 21h [risos].
Ironias à parte, como se tratam de linguagens diferentes, não acho justo eu querer fazer comparações.

Atuar ou produzir?
Atuar!!! Para Algumas Histórias acontecer, precisei aprender a produzir (contando com a imensurável ajuda do meu pai!). Como aprendizado e crescimento profissional foi maravilhoso! No entanto, é atuando que me realizo. Como também gosto de escrever, demorei anos a entender e aceitar que atuar é uma atividade que está em primeiro lugar na minha vida!

Aguinaldo Silva ou Jean-Pièrre Sarrazac?
Os dois!!! Tenho um orgulho tremendo de ter sido aluno destes dois mestres! Ambos generosos. Ambos geniais em suas artes (pois considero também a teoria teatral uma arte). Aguinaldo é “apenas” um dos maiores telenovelistas de todos os tempos. Sarrazac, “apenas” o maior teórico teatral vivo! Mas nenhum dos dois se conforta em seus históricos inquestionáveis para esbanjar arrogância e impor distanciamento em relação aos alunos. A conduta de ambos como professores me mostrou que não existe genialidade sem generosidade!

Teatro de Arena ou teatro de rua?
Atualmente, respondo teatro de rua. Não tenho experiência nesta prática. Apenas uma única vez participei de uma experiência teatral feita ao ar livre. E foi maravilhoso.

Copa do Mundo ou Eleições 2014?
Embora, descrente com os políticos, Eleições 2014. Copa do Mundo é um Carnaval fora de época, neste ano feita à custas de muitos desvios de verba e sacrifícios (não por opção) dos brasileiros mais humildes (que só verão este circo pela televisão). Mesmo descrente dos políticos, creio na atividade política, que não tem a ver apenas com eleição.

Brasil ou Uruguai?
Uruguai! Qualidade de vida, investimento em educação, segurança, respeito ao povo. E o presidente? Não há no Brasil um único político com condições para ser um presidente como o Sr. José Mujica. Como não escolher o Uruguai? Há os românticos que me xingarão, sugerindo que para lá me mude, mas ao raciocínio “Brasil: ame-o ou deixe-o”, eu deixo…para o pensamento destes radicais.

Tom Jobim ou Ney Matogrosso?
Ney Matogrosso. Cada um em sua arte, gênios inquestionáveis. Mas tenho identificação maior com aqueles mais próximos de minha área artística. E este é o caso de Ney Matogrosso. Pra mim,o maior intérprete brasileiro! Quero muito um dia interpretá-lo no teatro!

Ser aluno ou professor?
Não consigo escolher. Acredito que as duas atividades se complementam. Um verdadeiro professor está sempre a compartilhar tudo o que aprende e aprendendo também com seus alunos. Conheço muitos que sonegam conhecimento a seus aprendizes pelo medo de “secarem” o seu saber. Estes são apenas medíocres preguiçosos exercendo uma função docente. Ser professor é outra coisa. É como ser artista!

*Bruna Ferreira é repórter do R7. É formada em jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP (Universidade de São Paulo), onde cursa mestrado. Ela escreve interinamente neste blog até 18/2/2014, período de férias do colunista Miguel Arcanjo Prado.

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3 Resultados

  1. Felipe disse:

    Cleyde Yáconis é ícone. Já quanto à Copa do Mundo, concordo com o xará da Bruna. Espero que o Brasil arrecade bastante dinheiro com os turistas para fazer valer o preço pago por conta desse insano Carnaval desportiva que nos foi imposto goela abaixo.

  2. Luciana Lima disse:

    Tive a oportunidade de conferir o trabalho do Bruno de perto e acredito que ele seja uma das grandes promessas de uma nova safra de talentos incríveis e que vai marcar esse país! Talentosíssimo, dedicado, estudioso, meticuloso, o Bruno é uma estrela! Eu sou fã de carteirinha desse rapaz! Amei a entrevista, o blog está de parabéns! 🙂

  3. Silvana disse:

    Valeu Bruno…ser sensato em um país como o nosso com tanta coisa errada é coisa rara…e viva a arte!

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