Especial Dia da Consciência Negra: Conheça sete artistas negros que se destacam no teatro brasileiro

Taís Araújo, no palco do CIT-Ecum: ela abriu caminhos para o negro na TV – Foto: Bob Sousa

Por Miguel Arcanjo Prado
Fotos de Bob Sousa e Eduardo Enomoto

Este 20 de novembro é Dia da Consciência Negra. Um momento de reflexão sobre a importância dos negros na sociedade e na cultura brasileira, tempo de reforçar a luta contra o absurdo chamado preconceito racial e lutar por oportunidades iguais para todos. Na companhia dos fotógrafos Bob Sousa e Eduardo Enomoto, o Atores & Bastidores do R7 perambulou pelos teatros de São Paulo para preparar este especial. Encontrou artistas negros que fazem toda a diferença em nossos palcos. Veja só que gente interessante:

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Agora nos palcos paulistanos, a atriz carioca Taís Araújo, 34 anos, é uma espécie de porta-bandeira da presença do negro na televisão. Foi a primeira negra protagonista de novela, como nossa eterna Xica da Silva. E também a primeira protagonista negra na Globo, em Da Cor do Pecado. Ela sabe que abriu caminhos. “A TV não é mais a mesa de quando eu comecei; tampouco é melhor. É um caminho lento e vagaroso”, diz ao R7, no café do CIT-Ecum, em em São Paulo, onde está em cartaz com o espetáculo Caixa de Areia. “De alguma maneira o mercado se abriu para os atores negros, mas esta presença ainda é bem longe da real proporção na sociedade”. Taís sabe que a batalha ainda é grande. “É preciso que o negro seja visto como um artista como qualquer outro. Podemos interpretar qualquer personagem”. É por isso que ela se refugia sempre que pode no teatro. Sabe que no palco, o que importa é a personagem, não a etnia da atriz. “O teatro é mais generoso. Escolho o que quero fazer no palco para poder ter mais liberdade. Mas acredito que é preciso virarmos donos das nossas coisas, é preciso ter este impulso”, diz a atriz. Certíssima ela.
(Leia a Entrevista de Quinta com Taís Araújo)

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Lucas Andrade: o negro tem de realizar todos os papéis – Foto: Eduardo Enomoto

Ator do Teat(r)o Oficina de José Celso Martinez Corrêa, Lucas Andrade, paulistano de apenas 18 anos, chamou a atenção do público ao interpretar Caetano Veloso no espetáculo Cacilda!!! Glória no TBC – Capítulo 1. O ator diz que se parece mais com Gil, mas gostou da ousadia de Zé Celso em colocá-lo para viver o outro cantor baiano. Isso prova que o teatro não tem a cabeça fechada, careta. Para o jovem, o negro precisa de igualdade. “Não acho que exista diferença entre ator negro ou ator branco. Somos apenas gente e atores que podem interpretar qualquer papel. É claro que o preconceito ainda existe, mas temos de acabar com isso. Não faz mais sentido. Essa coisa de preconceito contra o negro não entra na minha cabeça”. Nem na nossa.
(Leia o perfil completo de Lucas Andrade)

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Breno da Matta: “É preciso ver histórias no palco e não a cor da pele” – Foto: Eduardo Enomoto

O ator Breno da Matta, baiano radicado em São Paulo, quer o negro em todos os lugares da vida artística brasileira, incluindo aí o teatro. Não gosta de guetos. Sente falta de ver mais atores negros no palco, “lugar para artistas se expressarem, não para vermos a cor antes do talento”, avalia. “Meu sonho como artista não é a diferenciação. É ver histórias incríveis, discussões relevantes, artistas pulsantes e arte sendo feita e cumprindo sua função para além de uma cor de pele”. Para Breno, a Consciência Negra da data deve ser coletiva. “O negro tem um caminho mais difícil na sociedade, e o artista negro da mesma forma. Infelizmente, é reproduzido um olhar social e histórico sobre o negro. O melhor é cada um olhar o entorno e refletir”. Está coberto de razão.
(Leia o perfil de Breno da Matta)

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Aline Negra Silva: “Ainda há preconceito, mas estamos ganhando espaços” – Foto: Eduardo Enomoto

Para a atriz e diretora Aline Negra Silva, de São Carlos, mas radicada em São Paulo, não existe um lugar especial para o negro no teatro, porque ela não crê em separatismo. “Ainda existe preconceito, mas penso que isso está mudando aos poucos. Mesmo que pouquinho, nós negros estamos ganhando espaços, indo para as ruas, saindo das periferias e ocupando outras partes da cidade”, afirma. Aline tem orgulho da força do negro nesta luta. Sobre o 20 de Novembro, tem posição clara. “Todos os dias do ano deveriam ser Dia da Consciência Negra, do índio e de todas as minorias excluídas deste País. Consciência a gente deve ter sempre. Datas que se tornam feriados em nosso País me dão a sensação de que é um favor. E agradecer a estes que fazem um ‘favor’ é pensar ainda como colonizado, como um servil ao seu benfeitor”. E Aline é dona do próprio nariz.
(Leia a Entrevista de Quinta com Aline Negra Silva)

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O ator Tony Reis encontrou no Oficina o espaço para atuar – Foto: Eduardo Enomoto

O baiano de Salvador Tony Reis está radicado em São Paulo há seis anos. Após fazer muitos trabalhos publicitários e estudar teatro em Salvador, mudou para a metrópole “com a cara e a coragem”, em busca do sonho artístico. O ator de 33 anos faz parte há dois anos do Teat(r)o Oficina, onde encontrou sua turma e seu espaço. “No começo da minha carreira, pensei em desistir, porque há racismo. Mas a coragem me fez chegar aqui. Tenho por lema que aquilo que não me mata me fortalece”, conta. No grupo comandado por José Celso Martinez Corrêa, ele se sente valorizado a cada dia. Nas montagens da trupe, costuma ganhar personagens de destaque. “Faço todos os papeis aqui no Oficina. O Zé Celso é um diretor que dá oportunidade aos negros. Aqui, me sinto realizado”. A gente vê em seu sorriso.
(Leia o perfil completo de Tony Reis)

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Elisete Jeremias: ela não quer pedir, prefere cantar e celebrar seus ancestrais – Foto: Bob Sousa

Elisete Jeremias defende o negro no teatro em lugar de destaque. Ela trabalhou em escolas de samba e blocos de maracatu até chegar ao Teatro Oficina, onde seus “diretores são encantados pela arte afro-brasileira”. E faz valer essa experiência todos os dias, com festa. A artista acredita que o 20 de Novembro ainda é importante, “sobretudo para aqueles que militam”. Mas não faz sua cabeça com o feriado. Ela prefere não pedir, e sim celebrar sua ancestralidade. “Sempre cantando, vibrando ao som dos ditirambos”, diz. Faz bem.

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A atriz mato-grossense Jenifer Costa: “Vejo muitos negros talentosos e com garra” – Foto: Bob Sousa

A atriz Jenifer Costa, de 21 anos, mato-grossense que mora em São Paulo há três anos, sente falta de mais artistas negros no palco. Mas vê mudanças. “É bem raro ver um artista negro tendo destaque, mas ultimamente vejo muitos negros talentosos com garra, começando e se destacando no cenário teatral”. Contudo, vê mais dificuldades no caminho do artista negro. “Ainda existe preconceito, mas vamos vencer isso com persistência e talento. Quando existe um grupo de artistas brancos, ninguém coloca isso em questão. Já quando é um grupo de negros, isso vem à tona. Temos de mudar isso”, defende. Para a atriz da Cia. 7 Pedaços, o 20 de Novembro é um momento de reflexão. “Acho uma data importante, até pela história de Zumbi que representa, como um ícone da resistência negra. É uma data que não combina com preconceito, mas que serve para reforçar a luta contra ele”. Lutemos todos juntos.

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  1. 20/11/2013

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