Os Crespos e Zumbi de Augusto Boal chegam aos palcos de SP no Dia da Consciência Negra
Por Miguel Arcanjo Prado
Duas estreias celebram nossas raízes africanas neste Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta (20).
Uma vai no passado para contar a saga do herói negro Zumbi, montagem dirigida por João das Neves em cima do texto clássico de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri. Já a outra vai investigar a situação contemporânea das mulheres negras, caso da peça do grupo paulistano Os Crespos Engravidei, Pari Cavalos e Aprendi a Voar sem Asas, que estreia na Funarte.
Engravidei, Pari Cavalos e Aprendi a Voar sem Asas faz parte do projeto Dos Desemanches aos Sonhos: Poéticas em Legítima Defesa. A montagem aborda a situação das mulheres negras na atualidade. Temas fortes como traumas, violência masculina, sexo e sobrevivência fazem parte da montagem que ouviu depoimentos de 55 mulheres negras antes de se tornar realidade.
O objetivo é acabar com os estereótipos preconceituosos que pairam ainda hoje sobre as mulheres negras. “Procuramos expor as personalidades das mulheres nos diversos elementos que envolvem o espetáculo”, conta Lucelia Sergio, diretora da obra, que contou com a co-direção de Santiago Kuanza e direção de produção de Eneida de Souza.
Um dos charmes da peça é a cenografia proposta por Mayara Mascarenhas, que envolve espaços públicos no entorno da Funarte, como um salão de beleza e um boteco. O público ainda entrará em um apartamento, para conhecer a verdade das personagens. No elenco, estão Dani Rocha, Darília Lilbé, Dirce Thomaz, Maria Dirce Couto, Nádia Bittencourt e Dani Nega.
Zumbi de volta
Este 20 de Novembro também marca a volta aos palcos paulistanos do espetáculo Zumbi, escrito por Augusto Boal, com entrada gratuita na Caixa Cultural, no centro paulistano.
A montagem é um dos clássicos do teatro nacional. É uma versão contemporânea para Arena Conta Zumbi, de Boal e Gianfrancesco Guarnieri, com música de Edu Lobo, marco dos anos 1960. Desta vez, João das Neves assume a direção; e a cantora Titane faz a direção musical.
Dez atores negros representam todos os personagens no sistema Curinga, criado por Boal: Alysson Salvador, Benjamin Abras, Evandro Nunes, Júlia Dias, Júnia Bertolino, Kátia Aracelle, Nath Rodrigues, Ricardo Campos, Rodrigo Almeida e Rodrigo Jerônimo.
Viúva de Augusto Boal, Cecilia Boal, que cuida do instituto dedicado ao mestre das artes cênicas, afirma ao R7 que a peça é atemporal. “O assunto não se esgotou. O Brasil ainda carrega a herança da escravidão. A intenção do Instituto Augusto Boal não foi fazer uma montagem arqueológica, mas mostrar um tema ainda atual. O racismo ainda continua e precisa ser combatido”, afirma.
Para Cecilia Boal, o grande mérito de seu marido foi “promover uma dramaturgia brasileira, colocando o homem brasileiro em cena”. Na visão dela, a semente plantada por Boal está florescendo em trabalhos atuais. “Infelizmente, este processo iniciado no Arena foi interrompido pela ditadura militar, mas agora está sendo retomado, com jovens que buscam valorizar o que é nosso, o que é latino-americano”.
Engravidei, Pari Cavalos e Aprendi a Voar sem Asas
Quando: Quarta e quinta, 21h. 80 min. Até 19/12/2013 (apresentação especial no dia 21/12/2013, às 20h; e no dia 22/12/2013, às 19h)
Onde: Funarte (al. Nothmann, 1.058, Campos Elíseos, metrô Santa Cecília, São Paulo, tel. 0/xx/11 3662-5177)
Quanto: R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia-entrada)
Classificação etária: 14 anos
Zumbi
Quando: Quinta a domingo, 19h15 (dia 12/12/2013 não haverá peça). 125 min. Estreia nesta quarta (20), às 19h15. Até 15/12/2013
Onde: Caixa Cultural (praça da Sé, 111, metrô Sé, São Paulo, tel. 0/xx/11 3321-4400)
Quanto: Grátis
Classificação: 16 anos
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