Livia La Gatto, a atriz que ri com inteligência

Livia La Gatto: quando inteligência se une à visão bem-humorada da vida – Foto: Eduardo Enomoto

Por Miguel Arcanjo Prado
Fotos de Eduardo Enomoto

A atriz Livia La Gatto é despachada. Fala bem, é articulada, tem carisma. É fã de Terça Insana e de Drica Moraes, a quem considera “um estouro”. Gosta de imitar as pessoas, de brinca com a situação. Tem raciocínio rápido. É bem-humorada. Fica feliz em ver as pessoas sorrindo.

O talento de Livia La Gatto chamou a atenção do público na peça Cuidado: Garoto Apaixonado – Foto: Eduardo Enomoto

Na peça adolescente Cuidado: Garoto-Apaixonado, tal qual um Galileu Galilei mudou a ordem de rotação vigente e eclipsou todo o resto como a divertida bibliotecária com sotaque argentino. Fez de sua coadjuvante o papel principal. Coisa de quem tem talento.

Para quem precisa de referências, Lívia lembra uma mistura de Denise Fraga com Ingrid Guimarães. Ao ouvir isso, diz que é elogio, pois admira as duas.

Fazer a peça foi uma insistência dela. Pediu o papel para a diretora Flávia Garrafa. Personagem que a própria Flávia havia interpretado 15 anos atrás, quando Lívia viu a obra, ainda adolescente.

Nasceu em São Paulo. É aquariana, mas diz que o seu ascendente em áries a salvou. Foi criada na zona sul, em Santo Amaro. Há um ano, saiu da casa dos pais para dividir apartamento com duas amigas no largo da Batata, em Pinheiros. Com a troca do trem pelo metrô, ganhou mais tempo na vida.

É filha da psicóloga Rosangela La Gatto e do argentino Guillermo La Gatto, consultor de mercado. É dele o sobrenome que chama a atenção. “Não sei de onde vem, deve ser de uma família italiana antiga [risos]”. O pai foi um verdadeiro aventureiro. Em plena ditadura militar argentina, escapou de seu país com amigos em um carro e veio parar no Brasil, onde refez a vida. É dele o sotaque que Lívia faz no palco.

Lívia é filha única. Como o irmão que sempre quis não veio, fez muitos amigos. A primeira peça que fez foi no grupo de teatro da escola, logo depois que viu Marcelo, Marmelo, Martelo e decidiu que seria atriz. Tinha 11 anos.

A atriz Livia La Gatto teve uma banda que marcou as festas da USP: Los Bagaceras – Foto: Eduardo Enomoto

O grupo de teatro Expressão era conduzido por uma jovem e divertida professora chamada Flávia Garrafa, que mais tarde cruzaria com ela em vários momentos. Não sabia direito por que fazia teatro. Mas esperava ansiosa a semana inteira pela aula de teatro. “Gostava de estar lá”, resume.

Hoje, formada em artes cênicas pela Universidade de São Paulo, ela também dá aulas. Colou grau e pegou o diploma nesta semana, logo depois desta entrevista e sessão de fotos no R7. Com os alunos, vive o outro lado e gosta.

Lívia trabalha desde muito cedo. “Sempre fui a muambeira da escola, vendia de tudo”, lembra. A grana apertada na família a levou logo a se virar. Foi hostess, animadora de buffet infantil, monitora de acampamento, secretária, atendente de videolocadora – época em que Raul Cortez era seu cliente e seu coração batia forte cada vez que ele a cumprimentava antes de pegar um filme –, garçonete.

Começou a dar aula de teatro com apenas 19 anos. Aprendeu a ganhar seu próprio dinheiro e comprou sua guitarra. Porque Lívia também canta. E compõe. “Gosto da bagaceira dos anos 1980 e 1990”, confessa.

Sempre está metida com algo novo. Acaba de encerrar a temporada de Cuidado: Garoto Apaixonado no Teatro Sérgio Cardoso. Mas, engana-se quem pensa que ela tem mais tempo. Dá aula de teatro na escola pública Oswaldo Aranha e na particular Porto Seguro . E ainda faz aula de sapateado e canto na Casa Operária.

E permanece no cartaz com a peça Salém, dirigida por Júlio Braga, no Teatro Alfredo Mesquita, além de ensaiar a peça O Labirinto de Filó, que estreia em setembro no Espaço Canto Cidadão.

Livia La Gatto nasceu em São Paulo e é filha de uma brasileira e de um argentino – Fotos: Eduardo Enomoto

Logo que saiu da USP, criou com amigos o Grupo de Teatro Meio, que estudava comédia. Foram corajosos e alugaram um espaço perto do metrô Marechal Deodoro, que ficou quatro anos aberto. “Não ganhou fomento nem patrocínio e, infelizmente precisamos fechar. Eu precisava trabalhar, ganhar dinheiro. Grupo é foda. Vira sua família, mas tem a questão da grana, que você acaba tirando do bolso para o grupo existir”.

Mergulhou também na música. Criou com amigos a banda Los Bagaceras, sucesso nas festas animadas da USP com o hit Amor de Micareta, composto por ela. “Íamos dos Mamonas Assassinas aos Beatles. A gente tocou muito também no Espaço da Cia. da Revista, ali na praça Roosevelt”.

Não perdia a chance de rebater uma piada desde pequena. “É gostoso quando você fala algo e todo mundo ri. Eu gosto de gente bem-humorada. O humor é uma forma de ver o mundo. Na escola, não namorava o bonitão, mas o gordinho engraçadinho [risos]”.

Livia La Gatto não para: atua em várias peças, e ainda faz aula de sapateado e canto – Foto: Eduardo Enomoto

Fica triste quando sente que gente do teatro tem preconceito com a comédia. Não gosta que vejam o riso como algo menor. “Ator tem de topar tudo, não ter preconceito. Tem gente que sobe no salto sem ter. Fiquei anos estudando comédia na USP, em um grupo de pesquisa, fomos de Os Três Patetas a Friends. O humor é matemático. Tem suas regras e seu tempo”.

Para o futuro, espera coisas boas, trabalhar com grandes atores, crescer em sua profissão. “Eu quero tudo. Quero fazer teatro, cinema, televisão. Quero comunicar com as pessoas. Não quero ficar nessa de só fazer teatro para a classe. Eu gosto de todas as artes juntas, acontecendo”.

Salto para o futuro: Livia La Gatto quer crescer como atriz e se comunicar cada vez mais com o público: “Não quero ficar nessa de só fazer teatro para a classe. Gosto de todas as artes juntas, acontecendo” – Foto: Eduardo Enomoto

Agradecimento: Carmem San Diego (make up)

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7 Resultados

  1. Felipe disse:

    Que resolução inteligente da questão do irmão através dos amigos! Bem aquariana (visão de futuro) com Ascendente em Áries (proativa)!

  2. Felipe disse:

    Dois parabéns:
    1. À Lívia, pela formatura!;
    2. A Enomoto, pelas fotos espetaculares: coloridas, alegres, com atitude e ensolaradas como a artista retratada!

  3. Cesar disse:

    Ótimo trabalho esmiuçando a génesse da atriz “talentosa e carismática” como a Livia. Vislumbro a realização dos teus sonhos…Lindona!!

  4. Guille disse:

    Merecido encontro com o sucesso, a génesse de uma atriz e sua limpa e esfuziante atitude de vida retratada pelo autor da matéria. Parabéns a os dois.

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