Conheça o ator Dudu Galvão, o talento potiguar do Clowns de Shakespeare e muso do teatro R7

Por Miguel Arcanjo Prado
Fotos de Bob Sousa

Quem viu o espetáculo Sua Incelença, Ricardo III, do grupo Clowns de Shakespeare, não pôde deixar de perceber o talento do ator Dudu Galvão.

Interpretando com vigor seis personagens, ele atua, dança, canta (bem) e seduz a plateia, que não consegue tirar os olhos dele.

Aos 27 anos, o integrante da trupe de Natal, no Rio Grande do Norte, chamou tanto a atenção do público durante a temporada da companhia em São Paulo no último mês de julho que foi eleito muso do teatro pelos internautas do R7, com mais de 2.000 votos.

Esta foi a segunda vez que o ator esteve na capital paulista. É o que conta em um encontro com a gente na SP Escola de Teatro, na praça Roosevelt, reduto do teatro alternativo de São Paulo.

Pequeno, Dudu gostava de comandar os espetáculos com as outras crianças do Colégio Contemporâneo, de Natal. Escrevia, dirigia e atuava. Um verdadeiro sucesso.

Em casa, se divertia imitando os atores da TV. Apesar de tanta propensão aos palcos, mal ia ao teatro.

A determinação em encarar a profissão de frente só veio na hora do vestibular, aos 18 anos, quando escolheu o curso de artes cênicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Passou em primeiro lugar.

— No curso fui me descobrindo como ser humano.

Tanta descoberta logo teve de ser compartilhada. Dudu começou também a dar aulas e entrou para o Grupo Bicho de Sete Cabeças, com o qual realizou três espetáculos.

— Fazia todas as oficinas, viajava para festivais de teatro. Estava ávido por aprendizado.

Até que conheceu a amiga Nara, que estava no grupo Clowns de Shakespeare. Foi assim que ele ficou conhecido do grupo. Veio o convite para integrar a peça Muito Barulho por Quase Nada durante temporada de três meses no Tusp, em São Paulo. Largou tudo e viajou como ator convidado. Se encantou com a grandeza cultural de São Paulo. Ficou até “com vontade de ficar”. Mas voltou para casa.

No retorno, os trabalhos rarearam. Entrou em crise. Decidiu largar tudo para tentar a sorte no Rio.

A temporada carioca trouxe alegrias, como fazer o filme A Suprema Felicidade, de Arnaldo Jabor, e também muitos perrengues e choro escondido. De saudade, de medo, de incertezas.

Até que veio novo convite do Clowns de Shakespeare, para fazer parte de Ricardo III. Dessa vez como integrante definitivo da trupe. Não pensou duas vezes e voltou para sua terra natal. A mãe, a arquiteta Socorro Galvão, ficou feliz. Bem como a irmã, a professora de educação física Ana Carol.

Desde então, vivencia o sucesso do espetáculo, já apresentado em festivais teatrais importantes como em Santiago do Chile, Curitiba e Belo Horizonte.

— A peça me abriu portas e novas possibilidades.

E vai continuar a abrir. Em 2014, o grupo irá se apresentar na Rússia.

Mas junto do sucesso veio também uma dor: Dudu perdeu o pai, o engenheiro Enéas Galvao, morto há um ano. Sofreu muito e hoje sente a presença dele em cada aplauso.

No momento, ele descansa de tantas viagens, antes de começar, no dia 15 de setembro, o processo do novo espetáculo, Hamlet, previsto para estrear em janeiro em Natal.

E ele não esconde o sorriso ao contar que, finalmente, conseguiu sua autonomia financeira fazendo o que gosta.

— Hoje pago minhas contas com o teatro. Já estou na perspectiva de ter meu cantinho, minha casa.

Se Dudu cresceu bastante nos últimos anos, ele revela que o grupo também sonha em crescer, sair do aluguel e construir uma sede que sirva de referência e efervescência cultural em Natal.

— Eu amo fazer parte do Clowns de Shakespeare. Não me vejo em outro lugar. Hoje, posso lhe dizer que eu sou muito feliz.

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