Millôr Fernandes foi um libertário no teatro

Millôr Fernandes foi um dos grandes nomes do teatro brasileiro; à dir., escritor conversa com Cleyde Yáconis e Fredi Kleemann em 1958 – Fotos: Arquivos CCSP e Funarte

Além de jornalista e chargista consagrado, o carioca Millôr Fernandes, que morreu aos 88 anos nesta terça-feira (27), também foi dramaturgo e tradutor teatral dos mais importantes.

Jornalista intelectualizado, logo se aproximou da turma do teatro, sobretudo na década de 1960, quando fez parte da resistência nos palcos à ditadura militar.

Artista polivalente, escreveu em 1965, ao lado de Flávio Rangel, um dos marcos de nosso teatro da resistência, o espetáculo Liberdade, Liberdade, encenado com o Grupo Opinião.

Sua primeira peça foi Uma Mulher em Três Atos, que o TBC encenou em 1953, em São Paulo. Em 1955, veio Do Tamanho de um Defunto e Bonito como um Deus, no Teatro de Bolso, no Rio.

Mas reconhecimento do público só veio com a peça Pigmaleoa, escrita em 1955 e encenada por Adolfo Celi no Rio em 1962. Também foram sucessos do dramaturgo Millôr na cena carioca nos anos 1960 as peças Um Elefante no Caos e Flávia, Cabeça, Tronco e Membros.

Em 1966, ainda na linha de resistência ao regime ditatorial, ele escreveu O Homem do Princípio ao Fim, que teve direção de Fernando Torres e atuação da mulher deste, Fernanda Montenegro.

Em 1972, Millôr voltou a escrever um texto para Fernanda, Computa, Computador, Computa, grande sucesso da década. A atriz ainda trabalhou com ele em É…, texto que satirizava o comportamento da classe média progressista em tempos de ditadura, com direção de Paulo José. Em 1980, escreveu Os Órfãos de Jânio, uma alusão brasileira ao texto norte-americano Os Filhos de Kennedy, de Robert Patrick.

Como tradutor de peso, Millôr foi responsável por versões em português de obras de William Shakespeare, como Rei Lear, e também do musical Chorus Line, de James Kirwood e Nicholas Dante, que teve produção de sucesso em 1983 sob comando de Walter Clark, com Claudia Raia no elenco.

Antes de qualquer coisa, Millôr Fernandes foi um homem apaixonado pelo livre pensar, seja em suas charges, nos texto da imprensa ou dramatúrgicos. E foi este seu maior legado: um caminho libertário para nossas cabeças.

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1 Resultado

  1. Naldo disse:

    O BRASIL É UM PAÍS SEM MEMÓRIA E ANALFABETO. NO TWITTER, AS PESSOAS PERGUNTAVAM QUEM É MILLÔR!!??!!

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