Sonia Bacila brilha em A Tarada do Boqueirão, um clássico do Festival de Curitiba
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial ao Festival de Curitiba*

Por ANA BAVUTTI e JÉSSICA FARIA
Colaboração para o Blog do Arcanjo no Festival de Curitiba*
A atriz Sônia Bacila interpretou Rita Ritinha em A Tarada do Boqueirão, no Teatro Fernanda Montenegro, nos dias 8 e 9 de abril, às 21h. Verdadeiro clássico do Festival de Curitiba, que celebra sua 30ª edição, a peça, apesar de ser pura comédia, traz uma quebra de tabus e uma crítica social às camadas mais baixas da sociedade, que muitas vezes se tornam invisíveis. O nome da obra faz referência a um famoso bairro curitibano e traz a marca do diretor João Luiz Fiani, um dos ícones do teatro paranaense.
A protagonista, uma prostituta, conta sua história ao público enquanto lamenta que a cidade esteja tão vazia por causa de um feriado, com poucos clientes. Enquanto ela relata sobre sua vida, trabalhos anteriores e até sobre sua juventude. Faz o público participar, criando interações e quebrando a quarta parede. Apesar de parecer 100% espontânea, a maior parte do show é parte de um texto estruturado e ensaiado. Os improvisos acontecem quando ocorre contato com a plateia.
Sônia conta que a peça produzida por João Luiz Fiani está em cartaz há mais de 10 anos. Para ela, o texto faz as pessoas se identificarem. “Por mais que seja uma comédia escrachada, ela tem uma mensagem social, e fala de modo implícito sobre o preconceito, a falta de respeito com as escolhas das pessoas, do que elas ‘nascem para ser’. Mostra uma vida difícil, uma parte da sociedade que existe de verdade, que é ignorada e não é vista. Então, quando as pessoas assistem, além de se divertirem, elas recebem uma mensagem bacana”, afirma.
A atriz, dentro de seu ritual de preparação antes de se apresentar, se concentra na meta de que as pessoas saiam mais felizes do que quando chegaram. “Se eu atingir esse objetivo, saio feliz da vida”.
A assistente comercial Jaqueline Vieira de Oliveira viu a peça pela primeira vez, a convite de uma amiga. Ela considera que a abordagem foi muito interessante: “para quem acha que essa vida é um mar de rosas, não é. Elas [prostitutas] se sentem excluídas da sociedade. Colocam uma carga muito pesada nas costas delas”, e finaliza: “nem tudo que parece ser, é. Temos que entender o contexto da vida dos outros, a história, antes de dar tantos rótulos. Entender o que vem por trás disso. Pode ser apenas um nome, mas tem história por trás dele, o que levou a pessoa a seguir esse caminho…”
Para quem perdeu o espetáculo durante o Festival de Curitiba, não desanime. A peça retorna a Curitiba em maio, no Teatro Lala Schneider.
*Reportagem por Ana Bavutti e Jéssica Faria, estudantes de Jornalismo da Universidade Positivo, sob orientação da jornalista e professora Katia Brembatti, em parceria com o Blog do Arcanjo no Festival de Curitiba. Conheça o site UP no Festival.
O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Curitiba.
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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