Gênio da música negra, Cassiano morre de Covid aos 77 anos sem reconhecimento em vida

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Morreu nesta sexta (7) no Rio de Janeiro um dos maiores gênios da música negra brasileira e que não teve em vida reconhecimento à altura. O cantor e compositor Cassiano é mais uma vítima da Covid, aos 77 anos, e também do tratamento sem memória que o Brasil costuma dispensar aos artistas que construíram a cultura.
Cassiano foi o autor de hits cantados pelo país inteiro de Norte a Sul até os dias de hoje, como Primavera e Eu Amo Você, na voz de Tim Maia em 1970, e também Coleção e A Lua e Eu, lançados por ele já na carreira solo em 1976 e regravados por várias novas estrelas da música, como Marisa Monte e Ivete Sangalo.
Genival Cassiano dos Santos nasceu em Campina Grande, na Paraíba, em 16 de setembro de 1943. Na década de 1960, fã de João Gilberto, mudou-se para o Rio para tornar-se músico. Logo, passou a tocar com Tim Maia, recém retornado dos Estados Unidos, e emplacou duas músicas que logo tornaram-se hits: Eu Amor Você e Primavera, em 1970.
No ano seguinte, em 1971, gravou seu primeiro disco, Imagem e Som, tornando-se rapidamente um dos principais nomes da soul music no Brasil. Com Tim Maia e Hyldon lançou grandes sucessos ao longo da carreira dos três.
Em 1976 emplacou mais dois hits nas paradas de sucesso, Coleção e Amor e A Lua e Eu. A partir de então, sua música embalou bailes black por todo país, em especial no Rio e em São Paulo.
O cantor sofria de problemas respiratórios e precisou retirar um de seus pulmões, o que enfraqueceu sua voz e acabou afastando-o dos palcos. Nos últimos anos, vivia fora dos holofotes da mídia, mas nunca deixou de ser reverenciado pelos verdadeiros apreciadores da boa música. O Brasil deve muito a Cassiano. Que descanse em paz.
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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