Claustrofobia chega a São Paulo no Sesc Pinheiros para celebrar 35 anos de carreira de Márcio Vito

Márcio Vito em Claustrofobia © Nil Canindé Divulgação Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Após sucesso no Rio, o monólogo Claustrofobia, texto de Rogério Corrêa, chega a São Paulo a partir de 5 de junho no Auditório do Sesc Pinheiros. A peça celebra os 35 anos de carreira do ator Márcio Vito, sob a direção de Cesar Augusto. A obra promete um mergulho incisivo nas complexidades das relações humanas em um ambiente de confinamento.

Após temporadas consagradoras no Rio de Janeiro e o prestigiado Prêmio Shell 2025 de melhor cenário, o espetáculo chega à capital paulista com a promessa de provocar e refletir.

A cenografia vencedora do Shell é assinada por Beli Araújo e Cesar Augusto. No mesmo Prêmio Shell, o espetáculo concorreu na categoria de Melhor Ator; e ainda disputa pelo Prêmio APTR em três categorias: ator (Márcio Vito), direção (Cesar Augusto) e iluminação (Adriana Ortiz).

A trama passa em um prédio empresarial, no qual habitam três figuras emblemáticas da metrópole: um ascensorista, uma executiva ambiciosa e um porteiro com aspirações policiais.

Márcio Vito, que personifica o trio, afirma: “O texto põe uma lupa nos pensamentos e preconceitos que separam as personagens em classes às quais eles julgam pertencer, que realmente são diferentes entre si, mas eles apenas se imaginam mais distantes uns dos outros do que de fato estão.”

Essa percepção de distanciamento, mesmo na proximidade física, é o cerne da “claustrofobia” social retratada.

Cesar Augusto, diretor da montagem, destaca a habilidade do texto em transformar a arquitetura em metáfora: “Esses três personagens se esbarram num mesmo contexto arquitetônico, que é um prédio típico de centro empresarial. A partir daí vamos entendendo as humanidades.”

O prédio se torna um microcosmo das relações trabalhistas e sociais, expondo o isolamento e a alienação da vida urbana contemporânea com um humor ácido, característico da dramaturgia de Rogério Corrêa. Radicado em Londres, o autor revela que a inspiração para a peça surgiu em 2009: “Neste período no Brasil, percebi como ainda tem muito ascensorista trabalhando. Descobri que, para mim, aquele trabalho era uma metáfora da alienação do capitalismo, do trabalho contemporâneo.”

“Claustrofobia” é um convite irrecusável para o público paulistano refletir sobre as tensões do cotidiano e sobre o sistema capitalista que promete liberdade enquanto de fato aprisiona.

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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