ORioLear une Shakespeare à questão das terras na Amazônia

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
A Heróica Companhia Cênica e Escritório das Artes estreiam seu novo espetáculo: “ORioLear”, inspirado na obra de William Shakespeare. A peça de Newton Moreno, que assina texto e direção, estreia em 31 de julho no Itaú Cultural, em São Paulo, onde cumpre temporada até 17 de agosto. A pesquisa e assistência dramatúrgica é de Almir Martines.
O elenco é composto por Leopoldo Pacheco, Ronny Abreu, Simone Evaristo, Sandra Corveloni, Jorge de Paula, Michelle Boesche e José Roberto Jardim.
Shakespeare em foco
A produção, não por acaso, é do Escritório das Artes, tendo à frente o produtor Alexandre Brazil, que já produziu nove peças de William Shakespeare ao longo de sua trajetória de duas décadas. “Essa montagem a partir de Rei Lear é um marco simbólico para o Escritório das Artes”, diz Brazil, que tem como desejo maior artístico levar aos palcos a obra completa do grande dramaturgo inglês.
Pesquisa
O grupo dá continuidade à pesquisa que começou no premiado espetáculo Sueño, que em diálogo com W. Shakespeare em “Sonho de uma Noite de Verão” desvelou a crise identitária da América Latina e as heranças da ditadura em nossa sociedade.
Desta vez, a obra tem como mote a urgência climática, emprestando da tragédia shakespeariana a questão da divisão das terras para refletir sobre territórios nas florestas brasileiras.
Latifúndio
No enredo, Lear, latifundiário no Pará, decide dividir suas terras entre suas três filhas. Quando solicitada pelo pai, a mais nova não consegue falar publicamente o quanto o ama e por isso é deserdada e posta para fora de casa. É acolhida por um indígena que pede a Lear (nome do rio dado a ele) que devolva ao rio que corta seu latifúndio o nome.
Seu povo crê que a ‘posse’ do nome do rio pelo homem causou muitos males a seu povo e os infortúnios só cessarão quando seu nome for devolvido e ele passar a ser novamente o Rio Lear. Lear se recusa a fazê-lo e entrega suas terras às duas outras filhas. Uma guerra se anuncia como tempestade.
“Em ‘ORioLEAR’ o objetivo é novamente atravessar o entrelaçamento do onírico e o violento de Shakespeare, nos perguntando se ainda há tempo, sobretudo em termos ambientais, de reparar o débito com o futuro”, diz Newton Moreno.
“Como o Brasil divide suas terras? A terra como a grande questão de poder no país, da colonização às capitanias, aos movimentos sociais, às discussões da reforma agrária, MST e demarcações indígenas. Vislumbrando os desdobramentos da trama inglesa às dinâmicas dos jogos de terra, à exploração ambiental e o convívio de etnias e povos na região amazônica”, complementa.
Uma Tragédia Ambiental, “ORioLEAR” é livremente inspirado em Rei Lear, de William Shakespeare. A montagem adapta e transpõe a fábula do monarca que decide dividir seu reino entre as três filhas. Já em “ORioLEAR”, um senhor de terras — latifundiário, antigo grileiro que fez fortuna — decide repartir suas propriedades e plantações entre as filhas e os genros.
Serviço
“ORioLEAR”
De 31 de julho a 17 de agosto (quinta-feira a sábado, às 20h, e domingo, às 19h)
Com HERÓICA COMPANHIA CÊNICA e ESCRITÓRIO DAS ARTES – Direção Newton Moreno
Sala Itaú Cultural (Piso Térreo) Capacidade: 224 lugares Classificação Indicativa: 16 anos Duração: 150 minutos
Entrada gratuita. Reservas de ingressos a partir da terça-feira da semana da apresentação, a partir das 12h, na plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br
Interpretação em Libras em todas as sessões Audiodescrição no dia 16/08 (sábado)
Bate-papo com elenco após o espetáculo nos dias 10/08 (domingo) e 17/08 (domingo)
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô De terça-feira a sábado, das 11h às 20h. Domingos e feriados 11h às 19h
Informações: pelo telefone (11) 2168.1777 e whatsapp (11) 9 6383 1663 E-mail: [email protected]
Acesso para pessoas com deficiência física
Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108 Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas. www.itaucultural.org.br
Ficha técnica
ORioLEAR – Livre adaptação de Rei Lear, de William Shakespeare Direção e Texto: Newton Moreno
Tradução de cenas de Rei Lear, de William Shakespeare: Marcos Daud Pesquisa e Assistência: Almir Martines
Elenco:
SeuLEAR – Leopoldo Pacheco
Indígena e Velho Indígena – Ronny Abreu
Cordélia – Simone Evaristo
O Bobo, A Tonta – Simone Evaristo
Goneril – Sandra Corveloni
Albano, seu esposo – Jorge de Paula
Regina/Regininha – Michelle Boesche
Conrado, seu esposo – José Roberto Jardim
Direção de Movimento: Erica Rodrigues
Preparação de Atores Kátia Daher
Espaço Cênico: Marcelo Andrade, Zé Valdir e Newton Moreno
Iluminação: Equipe A2 | Lighting Design
Desenho de Luz: Wagner Pinto Trilha Sonora Original: Caçapa
Colaboração na Trilha Sonora: Alessandra Leão
Figurino e Visagismo: Leopoldo Pacheco
Pesquisa e Assistência de Figurino: Otávio Oscar
Adereços: Zé Valdir
Produção de Luz: Carina Tavares
Assistência de Iluminação e Operação: Gabriel Greghi
Operação de Som: Anderson Franco Contrarregragem: Igor Beltrão
Camareira: Rejane Sá
Consultoria Shakespeareana: Ricardo Cardoso
Palestra Sobre Questão Fundiária: Eduardo Sombini
Fotos: Ronaldo Gutierrez e Leekyung Kim
Produção Audiovisual: Gatú Filmes
Registro em Vídeo das Atividades do Projeto: Katia Brito
Design Gráfico Original: Fernando Hindrikson
Design Gráfico: Filipe Bergo Lead: Performance
Assessoria de Imprensa: Adriana Monteiro
Gestão de Performance e Redes Sociais: Lead Performance
Interpretação de Libras para vídeos de divulgação: Fabiano Campos
Audiodescrição: All Dub Group
Coordenação Administrativa: Gabriel Guimard
Consultoria Jurídica: Martha Macruz de Sá
Contabilidade e Prestação de Contas: Solução Company e WMendes dos Reis Contabilidade
Proponentes do Projeto: Megamini Produções Artísticas LTDA Escritório de Artes e Produções LTDA
Secretariado de Direção Artística: Cacau Merz
Produção Executiva: Katia Brito
Assistência e Secretariado de Produção: Alessandro Fritzen Assistência de Produção: Jeane Souza
Produção de Documentação Administrativa: Regilson Feliciano
Consultoria de Produção e Adm Financeira: Maurício Inafre
Coordenação de Produção: Náshara Silveira
Direção de Produção: Alexandre Brazil
Realização Artística e Gestão de Produção: Heróica Companhia Cênica e Escritório das Artes
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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