Olhar de Cinema se destaca com MECI e curadoria instigante em sua 14ª edição em Curitiba

Abertura do 14º Olhar de Cinema lotou a Ópera de Arame em Curitiba © Lina Sumizono Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Enviado especial a Curitiba*

O Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba encerra sua 14ª edição, realizada de 11 a 19 de junho de 2025 na capital do Paraná, consolidando-se como um dos maiores eventos cinematográficos do Brasil e dono de um respeito da classe por sua curadoria. Além disso, ganhou mais importância com a chegada do MECI – Mercado do Cinema Independente, realizado pela primeira vez neste ano, que reuniu realizadores e executivos nacionais e internacionais do audiovisual com objetivo de fomentar negócios no setor. Desde 2012, o festival já atraiu mais de 230 mil espectadores e exibiu mais de mil filmes.

O evento expandiu suas locações. Além do tradicional Cine Passeio, levou sessões ao Teatro da Vila, à Cinemateca de Curitiba, ao Cine Guarani e à Ópera de Arame, onde foi sua abertura em uma noite gélida curitibana. O encerramento, na noite desta quarta, 18, será no MON – Museu Oscar Niemeyer, que também sediou as estreias das competitivas brasileira e internacional, além de sediar a primeira edição do MECI.

Antonio Gonçalves Junior celebra crescimento do Olhar de Cinema e chegada do MECI – Mercado do Cinema Indepentente © Lina Sumizono Blog do Arcanjo 2025

Olhar de crecimento

Para o criador e diretor geral e artístico do Olhar de Cinema, Antonio Gonçalves Junior, esta edição foi “mais um passo nesse crescimento” que caracteriza o histórico do festival, com uma atenção especial em “abraçar as demandas do público e do setor audiovisual”.

“A grande novidade foi o Museu Oscar Niemeyer”, define. “Fizemos lá uma sala de cinema, com uma projeção de excelente qualidade de imagem e de som e também abrigamos lá durante três dias o Mercado do Cinema Independente – MECI”, ressalta ao Blog do Arcanjo. Gonçalves Junior lembra que “desde o primeiro ano, o Olhar de Cinema pensa o evento como uma experiência que contemple não só o cinéfilo, mas também realizadores, imprensa e patrocinadores”.

Movimentação no MON em Curitiba durante o 14º Olhar de Cinema © Lina Sumizono Blog do Arcanjo 2025

“Sempre demos um passinho de cada vez e sempre estamos com os olhos voltados a possíveis melhorias. Esse ano acabou que o passinho foi até um pouco largo, um passinho meio grande, porque o MON – Museu Oscar Niemeyer é um lugar grande, imponente”, diz. “Ter essa sala com as competitivas brasileira e internacional no MON e também o MECI, que já foi um sucesso em seu primeiro ano, teve uma repercussão muito boa e trouxe um peso maior para o Olhar de Cinema”, analisa.

MECI – Mercado do Cinema Independente aconteceu no MON em Curitiba em paralelo ao 14º Olhar de Cinema © Tip Mídia Blog do Arcanjo 2025

Para Gonçalves Junior, o MECI ajuda os filmes que são exibidos no Olhar de Cinema a alçar novos voos, bem como futuros projetos de seus realizadores. “Valorizar esse ecossistema e fazer com que esses filmes e projetos aconteçam é importantíssimo. Então, o MECI vem muito para gerar essas conexões entre todos os agentes que compõem o cinema independente brasileiro. Esperamos que ele seja perene”.

O MECI – Mercado do Cinema Indepentente vem muito para gerar essas conexões entre todos os agentes que compõem o cinema independente brasileiro. Esperamos que ele seja perene. Valorizar esse ecossistema e fazer com que esses filmes e projetos aconteçam é importantíssimo.”

Antonio Gonçalves Junior
diretor do Olhar de Cinema

A programação do 14º Olhar de Cinema incluiu as mostras Competitiva Internacional e Brasileira, com premiações do júri e do público. Destaque também para a Novos Olhares, focada em filmes experimentais, e Exibições Especiais, com obras inéditas no Brasil. A Mostra Olhares Clássicos revisitou cânones, e a Olhar Retrospectivo homenageou a francesa Agnès Varda. A Foco apresentou “Arquivos Desobedientes”, explorando cinemas do Sul Global, enquanto que a Pequenos Olhares ofereceu filmes infantis aos espectadores do futuro. E a Mirada Paranaense continuou a dar protagonismo à produção local.

Olhar inovador

O 14º Olhar de Cinema contou com olhares dos mais importantes críticos de cinema e jornalistas culturais não só de Curitiba e do Paraná como de todo o Brasil. Profissionais como o crítico Bruno Carmelo, do Meio Amargo, de São Paulo.

“O Olhar de Cinema encontrou um espaço muito específico no calendário de festivais brasileiros. Ele seleciona filmes que nenhum outro selecionaria. Dá atenção para um recorte que é muito dele. Ele tem uma preocupação com a maneira como os filmes conversam entre si, seja nas sessões de curtas, seja nas competitivas de longas brasileira e internacional”, analisa Carmelo.

“Então, às vezes, perguntam para os curadores, se eles escolheram os melhores filmes, e eles se preocupam muito mais em escolher filmes que, juntos, questionem uma forma de ir para o mundo, uma forma de fazer cinema. Isso é muito importante. São filmes que levantam debates. Então, a gente tem impressão sempre de abordagens extremas”, pontua.

Para Carmelo, isso gera uma diversidade inquietante. “A gente costuma ter muitos filmes que a gente adora, outros que a gente não gosta nem um pouco. A gente nem sempre está de acordo entre os colegas críticos. Mas é isso, são filmes que provocam emoções fortes, não são filmes módicos que querem agradar, que fazem muitas concessões ao gosto, porque querem chegar ao circuito comercial. Geralmente são filmes arriscados, politizados, com a vertente mais próxima do ensaio ou do híbrido entre ficção e documentário, porque acredito que tem que questionar alguma maneira de se fazer cinema ou de se filmar com o corpo”.

Na visão do crítico paulista, neste ano houve “muitos filmes sobre o corpo, sobre a morte, sobre ancestralidade, que parece ser o tema que atravessa toda a 14ª edição”. “É muito bom ver um festival que pense esses filmes em conjunto. Não são filmes isolados. Isso eu acho que é algo muito rico do Olhar de Cinema”, elogia.

Olhar próximo

Importante crítico de cinema de Curitiba, Marden Machado, curador do Cine Passeio e crítico da CBN Curitiba, Plural e Cinemarden, acompanha com anteção e proximidade o Olhar de Cinema desde seus primórdios. Diante dessa experiência, faz sua análise a pedido do Blog do Arcanjo.

“O Olhar de Cinema começou lá em 2012 e, ao longo dessas 14 edições, se firmou como um dos mais importantes festivais de cinema do Brasil, com uma curadoria muito precisa na escolha dos filmes, nos resgates que faz de filmografias, de obras importantes da história do cinema, na abertura que dá para a produção paranaense, com a Mirada Paranaense, na valorização contínua da filmografia nacional e também com a proposta de ser um um festival inclusivo, um festival que sempre abraçou a diversidade e que vem a cada nova edição apresentando um painel rico e bastante abrangente, não só da produção paranaense, mas também da produção nacional e mundial, seja com seus curtas, com seus longas, e a também as palestras dos debates voltados ao mercado de cinema”, declara.

Olhar provocador

Vinda de Brasília, a crítica Cecilia Barroso, do Cenas de Cinema e que neste ano integrou o Júri da Crítica Abraccine, também tem uma história antiga com o Olhar de Cinema. Por sete anos, integrou a equipe de comunicação do evento, entre a 5ª e a 12ª edição. Para ela, a volta como jurada é especial.

“O Olhar de Cinema é um festival muito importante, pois faz esse recorte: busca filmes que são instigantes”, define. “O Olhar de Cinema tem filmes que têm essa intenção de provocar o olhar, de provocar a busca por novas linguagens, que despertem outras sensações, outros interesses”, complementa.

Se a novidade se destaca, a crítica também lembra que as retrospectivas são importantes para a formação de uma cultura cinematográfica mais ampla para o público do festival. “Essas exibições especiais, com as retrospectivas, de nomes que são importantes para a cinefilia e para construir mesmo um público, formar essa plateia”, recorda.

Na visão de Barroso, “o Olhar de Cinema é um festival fundamental, que pensa o cinema com muito carinho e cuidado”, focando em “um cinema que é pouco visto no país, trazendo a produção não só nacional, mas internacional também, que é inventiva e mais ousada”.

Olhar estreante

O jornalista e crítico Renato Marafon, do Cine Pop, fez sua estreia no evento. “Esse é meu primeiro Olhar de Cinema e estou extremamente animado de estar aqui, principalmente pela escolha dos filmes, que são produções que fazem a gente pensar, fazer perguntas”.

Para o jornalista de Rio Claro, no interior paulista, “a arte é justamente isso: é levantar questões, fazer perguntas e tentar mudar o mundo através de vários olhares diferentes e da experiência de você conhecer histórias diferentes da sua”. Ele aproveita a conversa com o Blog do Arcanjo para elogiar Curitiba. “A cidade é muito acolhedora e o Olhar de Cinema tem sido uma experiência reconfortante”.

Olhar em expansão

À frente da assessoria e relacionamento com a imprensa do Olhar de Cinema pelo quarto ano consecutivo, com a Tip Performance de Mídia, em sociedade com Felipe Almeida, o jornalista Maximilian Santos comemora a forte acolhida dos jornalistas e críticos ao evento.

“Nos dois primeiros anos, chamamos a atenção da imprensa local para o Olhar de Cinema, para que a imprensa curitibana abraçasse o festival. Nestes dois últimos anos, assumimos a assessoria nacional também, além da local. Desde que assumimos, o número de jornalistas credenciados só cresce”, conta Santos.

“Em 2025, chegamos a mais de 150 jornalistas credenciados cobrindo o Olhar de Cinema, que hoje é considerado um dos maiores e mais completos festivais de cinema do Brasil, sendo um dos três maiores do Brasil e o que mais cresce na América Latina”, pontua.

“O Olhar de Cinema é muito reconhecido pela curadoria, pelas escolhas dos filmes nas suas 10 mostras e tem um respeito muito grande do mercado do cinema por conta dessa curadoria”, diz Maximilian Santos.

Maximilian lembra que o MECI também chamou a atenção para o potencial de negócios na cidade. “Tivemos presença de gente grande do mercado do audiovisual brasileiro, desde executivos da Globoplay, da Disney+ e do MinC, por meio de sua secretária do audiovisual Joelma Gonzaga.

As novidades renderam maior atenção midiática: “Neste ano, a previsão é de 30% de crescimento em publicações sobre o Olhar de Cinema, tanto na imprensa de Curitiba quanto nacional. Além disso, foram 30 críticos de fora de Curitiba convidados a cobrir o evento. Então, para nós da Tip Mídia, trabalhar no Olhar de Cinema nos deixa muito felizes”.

O Olhar de Cinema se une a outros eventos que transformam cada vez mais Curitiba em um importante pólo cultural brasileiro. “Curitiba tem crescido como celeiro das artes. Já temos há 33 edições a força do Festival de Curitiba, mais focado nas artes cênicas e que também fazemos a assessoria de imprensa, e temos o destaque nacional e internacional para a cidade também com o Olhar de Cinema”, celebra.

*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Olhar de Cinema.

Veja a cobertura do Olhar de Cinema no Blog do Arcanjo!

Blog do Arcanjo mostra imagens do 14º Olhar de Cinema

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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