Tiradentes em Cena põe foco em debates urgentes da negritude

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial a Tiradentes, Minas Gerais*
O 12º Tiradentes em Cena, realizado de 21 a 25 de maio em Tiradentes, cidade histórica de Minas Gerais, teve uma atenção especial com temas da negritude, promovento não só espetáculos como debates urgentes neste sentido. Espetáculos como o consagrado Macacos, de Clayton Nascimento, que lotou o Centro Cultural Yves Alves, e Isidoro: Um Negro de Quilate, com Evandro Passos, no Iphan Tiradentes, que discutiram as marcas do racismo em nossa sociedade, sensibilizando o público.


“Tiradentes é uma cidade que tem uma história preta e é um lugar histórico. É importante trazer essa peça em um lugar que vibra tanta história”, declarou Clayton Nascimento, que ao fim de seu espetáculo pediu justiça para Eduardo de Jesus. Evandro Passos, por sua vez, resgatou a memória do homem negro escravizado que comprou a própria liberdade, mas depois foi brutalmente assassinado nas ruas da também histórica Diamantina. Evandro ainda ministrou a Oficina de Danças Afro-Brasileiras: Memórias, Ritmos e Corporeidades.

Outro destaque foi a roda de conversa Aquilombar: Narrativas e a Produção das Artes da Cena Negra, realizada no Instituto Rouanet e que congregou artistas negros como Kymane Luzia (UFSJ), Altemar Di Monteiro (UFMG) e Fernanda Nascimento (Teatro da Pedra).

O evento dirigido por Aline Garcia contou em seu time curatorial com a comunicóloga e mestre em Educação Magna Oliveira, que trouxe a visão negra para a escolha das ações e espetáculos. “O Tiradentes em Cena traz ad diversidade, traz a cultura local, traz a cultura do Brasil, porque agregamos vários estados brasileiros. Tiradentes é sortuda em ter uma pessoa como a Aline Garcia, que movimenta a cidade nesse lugar da arte e da cultura, trazendo para a cidade uma participação democrática, à qual todos podem acessar, porque a ideia do Tiradentes em Cena é trazer a cultura para todo mundo, democraticamente”, afirmou Magna.

Também teve espaço a desmontagem do espetáculo Okàn, peça inspirada em histórias afro-brasileiras do Teatro da Pedra, com sessão matutina no Centro Cultural Yves Alves. A obra sob direção de Juliano Moreira representou o Brasil em Cuba no 21º Contresso Mundial e Festival de Artes Cênicas da Assitej Internacional – Vozes de Um Mundo Novo, realizado em Havana de 23 de maio a 2 de junho de 2024. Após a apresentação, os artistas conversaram com o público nos jardins do Yves Alves em uma troca repleta de potência.

*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Tiradentes em Cena.
Acompanhe a cobertura do Tiradentes em Cena no Blog do Arcanjo!
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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Faltou um momento crucial relacionado à temática: a apresentação de Desmontagem Okàn, na manhã da quinta-feira, no Yves Alves. A troca entre elenco e plateia foi tão avassaladora que o bate-papo foi longo e regado há muitas lágrimas.
Um encontro emocionante entre a história da diáspora afro-brasileira, as histórias dos atores e as do público: uma potência!
No mais, parabéns pela excelente cobertura, Arcanjo!
Najla, muito obrigado pelo seu comentário. Okàn foi acrescentada à matéria depois de sua ótima sugestão!
O espetáculo “Isidoro, um negro de quilate” não é somente de Evandro Passos.