★★★★★ Crítica: O Eternauta mostra força do audiovisual argentino e latino-americano ao mundo

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★★
O ETERNAUTA
Avaliação: Ótimo
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Netflix
A série argentina O Eternauta (El Eternauta) é a mais vista no mundo na Netflix. Isso mostra ao mundo a força do audiovisual argentino e latino-americano. Há uma ironia do sucesso global da série muito bem escrita e dirigida por Bruno Stagnaro acontecer justamente no momento em que o atual governo argentino persegue a indústria audiovisual em nosso país vizinho, minguando a produção de filmes e séries por lá. Protagonizada por Ricardo Darín e com um elenco formado por um time igualmente talentoso de atores e atrizes, a superprodução nasce de um HQ de 1957, com uma história intrigante. Esta se passa numa Buenos Aires distópica, sobre a qual, em pleno verão, cai uma nevasca mortal que mata a maioria de sua população e deixa os sobreviventes isolados — merecem elogios os ótimos efeitos especiais. Juan Salvo (Ricardo Darín) e seus amigos vivem por um golpe da sorte, e embarcam em uma luta desesperada não só para seguirem com vida, mas também para descobrir o que se passa. Tudo muda quando percebem que a nevasca tóxica foi apenas o primeiro ataque de algo muito maior. E o único jeito de ficar vivo é se unir e lutar. A série é a primeira adaptação para as telas da icônica graphic novel de ficção-científica argentina, El Eternauta, escrita por Héctor G. Oesterheld, desaparecido com suas quatro filhas em 1977 pela ditadura militar na Argentina, e ilustrada por Francisco Solano Lopez, que foi publicada pela primeira vez em 1957. A HQ, cujo preço foi inflacionado pelo sucesso instantâneo da série, é um clássico da cultura pop argentina. A exigência da família Oesterheld, ao permitir a adaptação da obra por Stagnaro, foi de que ela não abrisse mão de se passar em Buenos Aires e de ser falada em espanhol, como acontece nos seis episódios da primeira temporada da série da Netflix. Nisso, O Eternauta mantém sua essência argentina e latino-americana, capitaneado pelo rosto e o talento de seu ator mais reconhecido no mundo, tão ícone argentino quanto o próprio personagem que interpreta. O êxito mundial de O Eternauta parece reforçar que, mesmo em situações adversas, como é o caso atual do audiovisual argentino, o talento sempre prevalece. Afinal de contas, políticos passam, mas obras de arte são eternas.
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O ETERNAUTA
Avaliação: Ótimo
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Netflix



























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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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