★★★★ Crítica: Parque de Diversões seduz com homoerotismo em proposta poética transgressora

Parque de Diversões, de Ricardo Alves Junior © Divulgação Blog do Arcanjo 2025

Por JUAN MANUEL TELLATEGUI
Enviado especial a Tiradentes – MG*

★★★★
PARQUE DE DIVERSÕES
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Juan Manuel Tellategui

Especial para o Blog do Arcanjo

O filme Parque de Diversões, do diretor Ricardo Alves Junior, sucesso na última Mostra de Cinema de Tiradentes, na qual venceu o Prêmio da Crítica Abraccine, convida o espectador a explorar o homoerotismo. Nas primeiras cenas, personagens diversos perambulam pela cidade em direção ao Parque Municipal, no centro de Belo Horizonte. Cada brinquedo representa uma nova forma de exploração da sexualidade, apresentando uma abordagem do erotismo sob diferentes perspectivas.

Os personagens estão cientes de que são observados em suas práticas de dar vazão a seus desejos. Em nenhum momento o filme retrata culpa ou arrependimento por se entregarem à libido, mesmo que esses desejos possam ser considerados tabus pela sociedade conservadora.

A sexualidade desses “anônimos” não é uma questão a ser discutida; eles já ultrapassaram as preocupações com a orientação sexual e a identidade de gênero, sejam cis, trans ou de outras identidades.

O cineasta Ricardo Alves Junior é o diretor do filme Parque de Diversões © Divulgação Blog do Arcanjo 2025

Uma proposta importante do diretor Ricardo Alves Junior é apresentar a diversidade em relação à identidade de gênero, abrangendo também diversas gerações que se interpelam através dos corpos.

À medida que adentramos o parque, os fetiches se revelam, desde a observação e dominação até a exploração do toque e da voz como práticas sexuais.

Um dos personagens, uma pessoa com deficiência visual, é acompanhado por outro que narra uma cena sexual que ele estaria “observando”. Esta ação, a sexual, ocorre fora do campo de visão do espectador, trazendo o sexo para o domínio da imaginação. Nesse caso, a sexualidade se revela através da narrativa vocal.

Parque de Diversões, de Ricardo Alves Junior © Divulgação Blog do Arcanjo 2025

Parque de Diversões propõe uma experiência estética, poética e transgressora, explorando as possibilidades dos corpos e suas interações.”

Juan Manuel Tellategui

A fotografia destaca-se como um dos pontos altos do filme, capturando a beleza de mostrar e ocultar com uma estética poética de jogos de luz que potencializam a tensão sexual entre os personagens.

A trilha sonora, composta por ambientes sonoros e músicas incidentais, dialoga com a ação, ora acompanhando, ora contrastando, trazendo uma visão poética da dança e das performances dos atores.

O sexo, representado como dança e coreografia, permeia todo o filme, e a música do multiartista Dellani Lima harmoniza com a proposta da direção e a performance do elenco.

Parque de Diversões propõe uma experiência estética, poética e transgressora, explorando as possibilidades dos corpos e suas interações.

★★★★
PARQUE DE DIVERSÕES
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Juan Manuel Tellategui

Especial para o Blog do Arcanjo

*JUAN MANUEL TELLATEGUI é ator argentino que vive no Brasil, em São Paulo, com experiência de ter atuado em mais de 15 filmes, 25 peças de teatro e quatro séries para a TV e streaming, tanto em produções brasileiras e argentinas, quanto em coproduções internacionais. É graduado com licenciaturas em Artes – Teatro e em História e possui pós-graduações em Música, Artes e Filosofia. Siga @juantellategui

O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite da Mostra de Cinema de Tiradentes.

Editado por Miguel Arcanjo Prado

Siga @miguel.arcanjo

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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