★★★★ Crítica: O Marinheiro impulsiona poética de Fernando Pessoa com atrizes em atmosfera inebriante

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
O MARINHEIRO
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Com grande teor reflexivo, filosófico e simbólico sobre o tempo e a vida, o espetáculo O Marinheiro, escrito em 1913 pelo português Fernando Pessoa (1888-1935) e marco do modernismo lusófono, ganha direção de Elias Andreato com atuação de Cristina Mutarelli, Michele Matalon e Muriel Matalon, esta última celebrando retorno aos palcos após 30 anos ausente dos tablados. Em encenação intimista e de atmosfera inebriante, o público se depara com três mulheres em um castelo à beira mar, onde fazem vigília diante da morte e constroem reflexões sobre a vida e os sonhos que deixamos passar. Tudo isso enquanto tecem emaranhados de redes, que também se espalham ao aprisionante e sofisticado cenário concebido por Simone Mina, também responsável pelos figurinos soturnos. A obra propõe uma apreciação intimista, no Atelier Cênico, charmosa sala para apenas 50 pessoas no artístico bairro paulistano da Santa Cecília. Aqui, o que importa é a palavra. Considerado um espetáculo de vanguarda na linguagem modernista, com sua proposta de reflexão em vez da ação comum ao drama, a obra é um verdadeiro tratado sobre a vida e seus dissabores. Há uma forte melancolia no ar que respiram essas três mulheres. Elas precisam encarar a finitude para se dar conta de que a vida se esvai sem que tenham vivenciado arroubos emocionais. Cristina, Michele e Muriel formam um conjunto coeso, altamente presente e com finas emoções. Muriel, no monólogo mais contundente da encenação, deixa as lágrimas escoarem pelo seu rosto com sofisticação rara em nossos palcos, tecendo um potente retorno. O mar, esse gerador de tanta vida, está por ali, como que à espreita, indelével testemunha curiosa deste ocaso crepuscular vivido pelas três personagens. A sutileza da iluminação de Wagner Freire se potencializa com a delicada trilha original de Jonatan Harold. Ainda estão no time criativo Roberto Alencar, na assistência de direção, Annick Matalon, na assistência cenográfica, Lucia Gayotto, na direção vocal interpretativa, Ciro Girard, no design gráfico, Rafa Américo, nas redes sociais, e Zé Guilherme Bueno na direção de produção sob realização de Muriel Matalon e 4 Ever Produções Artísticas. O Marinheiro nos convida a experimentar um outro tempo para escutar palavras que falam profundamente aos nossos corações e que nos deixam com ânsia de viver e aproveitar mais os nossos sonhos. É como se a obra desse o aviso: desvencilhe-se urgentemente dos pesos da vida. Afinal, ela passa muito rápido para não ser leve.
★★★★
O MARINHEIRO
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

O Marinheiro, de Fernando Pessoa, com direção de Elias Andreato
Temporada: 18 de junho a 18 de julho, às quartas e quintas-feiras, às 20h
Espaço Ateliê Cênico – Rua Fortunato, 241, metrô Santa Cecília, São Paulo
Ingressos: R$50,00 (inteira) e R$25,00 (meia-entrada)
Classificação: 12 anos
Duração: 50 minutos
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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