CineOP reúne cinema e história de 19 a 24 de junho em Ouro Preto e homenagem a Alê Abreu

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Um dos mais charmosos eventos do audiovisual nacional mistura o peso histórico de Ouro Preto, em Minas Gerais, à ideia de preservação do nosso cinema, bem como referendá-lo como importante ferramenta educacional. A 19a edição da CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto será realizada entre os dias 19 e 24 de junho de 2024 na cidade que é Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco. O eixo de programação foca em três temáticas: Preservação História e Educação. Ainda haverá sessões de filmes, debates, masterclasses, encontros e oficinas. Toda a programação é gratuita, sob organização da Universo Produção. Como é tradição, o Blog do Arcanjo acompanhará de perto toda a programação do evento.
19º CineOP Mostra de Cinema de Ouro Preto
Em seis dias de evento, o público terá oportunidade de vivenciar um conteúdo inédito, descobrir novas tendências, assistir aos filmes, curtir atrações artísticas, trocar experiências com importantes nomes da cena cultural, do audiovisual, da preservação e da educação, participar do programa de formação e debates temáticos de forma gratuita.

Temática Preservação
Na Temática Preservação, a curadoria de José Quental e Vivian Malusá propõe como tema “O Futuro da Preservação Audiovisual Começa no Presente” e vai destacar a presença da inteligência artificial como novo elemento nos processos de manutenção e preservação de acervos. Mesas, conversas e seminários pretendem refletir sobre o impacto da novidade e os desafios que ainda persistem na implementação das tecnologias digitais nas diversas áreas da preservação audiovisual. “Dados da FIAT (Federação de Arquivos de TV e Mídias) mostram que grande parte das televisões ao redor do mundo utilizam algum tipo de inteligência artificial generativa em seus trabalhos cotidianos, e a restauração de filmes também já começa a fazer uso desta tecnologia. E no Brasil, em que estágio estamos?”, questiona a curadoria.
A ideia é olhar para o presente e vislumbrar um futuro do setor frente à implementação destas novas tecnologias, ao mesmo tempo em que propõe um diálogo transversal com diversos atores do campo da preservação e suas diferentes ações para a valorização do patrimônio audiovisual brasileiro. “A ampliação e desenvolvimento das redes de arquivos também é fundamental para uma perspectiva de futuro da área. Novas associações e redes têm sido criadas com este objetivo. Quais são estas redes e suas propostas de trabalho? Como potencializar as trocas teóricas e técnicas entre as instituições? Levantar esses questionamentos e encorajar novas perspectivas são os desafios que a curadoria de preservação se propõe”, afirma José Quental.

Temática Histórica
Em 2024, a Temática Histórica traz ao centro da Mostra o conceito “Cinema de animação no Brasil: uma perspectiva histórica”. Será discutido um estilo de produção que há mais de um século vem existindo e resistindo, sobrevivendo contra limitações técnicas e econômicas no país e sendo movida pela paixão heroica e autodidata de algumas iniciativas ao longo da maior parte de sua história. A animação brasileira é marcada por descontinuidades nas carreiras da grande maioria de seus realizadores e por casos de títulos isolados de alguns; mesmo assim, segue persistente e permanente, sobretudo no curta metragem, seu principal meio expressivo, com uma dimensão estética e cultural considerável.
“Aos trancos e barrancos, em algumas obras específicas ou no conjunto em diferentes décadas, a animação brasileira chega a 2024 com tantos orgulhos e muitas demandas”, comenta Cléber Eduardo, curador da Temática Histórica, que este trabalhou junto ao pesquisador e animador Fábio Yamaji. A dupla montou uma grade de programação representativa do cenário expressivo da animação no audiovisual brasileiro através dos tempos, em sessões de curtas e longas-metragens dos mais variados estilos, formas e criações. “São produções desenvolvidas e exibidas em diferentes décadas, de modo ao espectador ter contato com técnicas, desenhos, cores, movimentos e personagens distintos”.
Também foram propostas rodas de conversas sobre questões históricas e contemporâneas do cinema de animação no Brasil, processos criativos, relações com o mercado, condições estruturais de trabalho, a presença das mulheres em distintas funções e os trabalhos criativos de indivíduos e coletivos. “Procuramos destacar o lugar nobre e essencial dos curtas-metragens nesse recorte de um percurso histórico, pelo formato/duração ser o coração do cinema de animação no mundo e no Brasil, mas também valorizamos em nossos critérios de programação a importância específica de alguns trabalhos e a de quem os dirigiu no momento de seus surgimentos ou nas reverberações anos depois”, completa o curador.
A CineOP pretende destacar ainda trabalhos de pesquisa e iniciativas de visibilidade ao formato, como a Associação Brasileira de Cinema de Animação, o festival Anima Mundi e a implantação da Lei da TV Paga, que impulsionou a presença de produções animadas em praticamente todos os canais de exibição doméstica.

Homenageado
Além disso, o homenageado da edição será o animador Alê Abreu, diretor de “O Menino e o Mundo” longa-metragem lançado em 2013 que teve repercussão internacional e foi indicado ao Oscar de melhor animação, Alê tem uma trajetória marcada pela inventividade e por dedicação total ao gênero. Aos 53 anos, trabalha há três décadas em animação, desde quando lançou o primeiro curta-metragem, “Sirius” (1993).
“Embora tenha atuado em diferentes atividades relacionadas ao desenho e à ilustração, em livros, publicidade e séries, Alê é a assinatura mais reconhecida dos últimos anos do cinema de animação no Brasil, especialmente por fugir dos padrões uniformizantes e industriais, com muita ênfase na visualidade e na criação de mundos próprios, que se nutrem relações com a realidade”, destaca Cleber Eduardo, curador da Temática Histórica da CineOP. Ele trabalhou nesta edição com o cineasta Fábio Yamaji, estudioso de animação no Brasil.
Ambos definiram o nome de Alê Abreu a partir também da percepção de que se trata de um diretor e criador singular na própria cinematografia do país. “Após ‘O Menino e o Mundo’, Alê se tornou emblema e sinônimo de criatividade formal que vem de suas três décadas de trabalho. A homenagem está ancorada principalmente nessa trajetória, e sim no percurso autoral de um processo que, se tem ainda poucos filmes, é especialmente coerente e obsessivo”, completa o curador.

Temática Educação
Na Temática Educação, a curadoria de Adriana Fresquet e Clarisse Alvarenga retoma a ideia do Plano Nacional de Cinema na Escola, atualizando com ampla consulta pública remota a proposta de regulamentação da lei 13006/14. Com o mote “Plano Nacional de Cinema na Escola: Comunicação, Cultura e Educação”, o objetivo será elaborar diretrizes e recomendações para a criação de políticas públicas que venham subsidiar o contato de educadores e também de crianças, da educação infantil ao ensino fundamental, e jovens do ensino médio, com as imagens e os sons de forma a garantir a qualidade social dessa experiência.
Na programação, masterclasses internacionais, sessões de filmes, apresentações de projetos audiovisuais educativos, debates e reuniões de trabalho da Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual, além de GTs (grupos de trabalho) cujo objetivo será elaborar diretrizes e recomendações para a criação de políticas públicas que venham subsidiar o contato de educadores e também de crianças, da educação infantil ao ensino fundamental, e jovens do ensino médio, com as imagens e os sons de forma a garantir a qualidade social da experiência.
Serão quatro os GTs da Temática Educação: formação docente; infraestrutura e equipamentos; acervos e curadorias; e pedagogias. “No campo da educação, a emergência das tecnologias digitais possibilita ampliar e diversificar as experiências pedagógicas, sonhar com escolas cada vez mais engajadas na produção coletiva e sensível de conhecimentos, articulando as experiências passadas com as possibilidades de invenção e comunicação atuais, mas a conectividade também deve prever tempos e espaços para a desconexão. O digital não pode ser o palimpsesto do analógico, quando pensamos na educação escolar e na vida”, diz Adriana Fresquet. “O encontro presencial é constitutivo do ato educativo. Nada pode substituir a relação interpessoal em qualquer tipo de pedagogia, até mesmo na experiência da educação digital. No tempo em que criamos redes de comunicação, é preciso entender a diferença do tempo de criar laços”.
O audiovisual, como forma essencial nos processos de educação no Brasil, tem importância nesse processo por também se inserir como uma forma tecnológica de expressão e necessitar de preservação e cuidado diante do avanço voraz das big techs de olho em conteúdos. “Desde que o cinematógrafo foi inventado no século 19 ele já habitava algumas escolas. No Brasil, o cinematógrafo chega na Escola Normal de Maranhão em 1896. Ou seja, o cinema sempre esteve na escola, o problema sempre foi de escala, de política pública”, comenta Clarisse Alvarenga. “A produção pedagógica e cultural de conteúdos digitais aumenta de forma exponencial, evapora e logo se instala em nuvens virtuais que precisam de espaço público para permanecer acessíveis e que, mais de uma vez, acaba habitando espaços de grandes corporações. Com as legislações ainda em vias de regulamentação, essas empresas se apropriam daquele conteúdo, usam e monetizam os materiais que disponibilizamos cotidianamente”.
Na Web: www.cineop.com.br / www.universoproducao.com.br
No Instagram: @universoproducao
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SERVIÇO
19ª CINEOP – MOSTRA DE CINEMA DE OURO PRETO
19 a 24 de junho de 2024 | Presencial e Online
WWW.CINEOP.COM.BR
LEI FEDERAL DE INCENTIVO À CULTURA
LEI ESTADUAL DE INCENTIVO À CULTURA
Patrocínio Máster: Instituto Cultural Vale
Patrocínio: Itaú, Aymoré, Cemig/Governo de Minas Gerais
Parceria Cultural: Universidade Federal de Ouro Preto, Prefeitura de Ouro Preto, Sesc em Minas e Instituto Universo Cultural
Idealização e realização: Universo Produção
SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA E TURISMO DE MINAS GERAIS/GOVERNO DE MINAS GERAIS
MINISTÉRIO DA CULTURA/GOVERNO FEDERAL/ UNIÃO E RECONSTRUÇÃO
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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