Rainer Cadete celebra peça Norma com Nívea Maria: ‘O teatro me nutre’ – Entrevista do Arcanjo

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Após o sucesso como Luigi na novela Terra e Paixão na Globo, o ator brasiliense Rainer Cadete, 36 anos, está de volta aos palcos de São Paulo no Teatro Vivo, no Morumbi, onde faz dupla com a grande atriz Nívea Maria, 77 anos, na peça Norma. O espetáculo mostra a relação que vai se construindo aos poucos entre dois desconhecidos, quebrando velhos preconceitos e mostrando que é possível a amizade e o entendimento entre pessoas de diferentes gerações. As sessões vão até 2 de maio, sexta e sábado, 20h, e domingo, 18h (compre seu ingresso). A temporada celebra o sucesso de mais de 20 anos do texto escrito por Dora Castellar e Tônio Carvalho e dessa vez dirigido por Guilherme Piva. Rainer conversou com o exclusividade com o Blog do Arcanjo sobre o projeto e sua relação com Nívea e com o tablado. Leia com toda a calma do mundo.
Miguel Arcanjo Prado – Soube que você e Nívea passaram o verão ensaiando Norma, até mesmo no Carnaval. Havia muita expectativa para a estreia?
Rainer Cadete – Durante o período de Carnaval, tivemos alguns encontros, e eu, que sou bastante dedicado aos estudos, achei isso importante. Já sentia o espetáculo fervilhando dentro de mim; mesmo em dias que não estava ensaiando, eu buscava por inspirações e referências. E depois eu tive a oportunidade de discutir sobre isso com o diretor e com minha parceira de cena.
Miguel Arcanjo Prado – Qual sua relação com a Nivea anterior à peça e como vocês construíram a intimidade necessária pra um texto como esse?
Rainer Cadete – Trabalhei em uma novela inteira com Nívea, durante A Dona do Pedaço, onde pude conviver com ela e descobrir sua unanimidade. Todos a admiram e gostam muito dela por ser uma pessoa agradável, acessível, doce e fácil de conviver. Além de admirá-la como atriz há anos, vendo-a imprimir uma identidade única nas novelas, agora estamos construindo uma intimidade necessária para nossas personagens, que começou nos ensaios. Guilherme Piva, além de ser um ótimo ator, é um excelente diretor que nos conduz através de exercícios e dinâmicas, permitindo-nos soltar, conhecer e confiar um no outro. No palco, somos apenas nós dois, mas contamos com uma equipe entrosada que, quando funciona bem, faz do espetáculo um sucesso. A chegada do público é a cereja do bolo, quando a mágica acontece.

Miguel Arcanjo Prado – Como entrou no projeto e surgiu essa ideia da remontagem de Norma?
Rainer Cadete – A ideia do projeto veio dos produtores Edgard Jordão e Joana Motta, que já tinham a intenção de montá-lo há algum tempo e buscavam atores. Quando mencionaram, inicialmente não me vi no papel, mas um dia, Edgar ligou dizendo que tinha que ser eu, por acreditar na força do meu trabalho e no meu talento, além de saber que eu poderia trazer nuances importantes para a personagem. Conhecendo o texto, fiquei empolgado, embora tenha pedido um tempo para organizar minhas datas. No fim, estava ansioso para fazer parte dessa montagem, após 20 anos e que na época foi uma grande de sucesso.
Miguel Arcanjo Prado – Você chegou a ver a montagem anterior de Norma com Ana Lúcia Torre e Eduardo Moscovis?
Rainer Cadete – Sim, vi o espetáculo e ele me tocou profundamente, uma experiência que nunca esqueci. Era bem jovem, entre 17 e 18 anos, quando assisti, e foi sensacional, inesquecível.
Miguel Arcanjo Prado – Qual sua relação com o celular e as novas tecnologias? Qual conselho daria aos mais jovens sobre isso?
Rainer Cadete – Quanto à minha relação com o celular e as novas tecnologias, é algo que venho descobrindo. Lutamos para não ficar online, ao contrário de antes, quando o esforço era para conectar-se. A vida parece se reduzir ao celular, com o qual pagamos contas, acessamos documentos e aplicativos que facilitam nossa vida, mas também nos hipnotizam e anestesiam. Os jovens precisam entender que, embora seja uma ferramenta positiva, deve ser usada com consciência, pois é fácil se perder em horas online, deixando pouco tempo para a vida real. Vejo o celular como uma ferramenta incrível, parte de uma evolução digital sem volta, que logo transformará o dispositivo em algo ainda mais integrado, como um chip, óculos ou lente de contato. Entender essa transição é crucial, dada a velocidade com que a tecnologia avança em direção ao futuro que já chegou. É essencial usar a tecnologia com consciência.

Miguel Arcanjo Prado – Você acaba de fazer uma novela. Voltar ao teatro é um exercício importante?
Rainer Cadete – O teatro é minha origem, onde tudo começou e onde nasceu o ator Rainer. Sempre encontro uma maneira de voltar, pois o teatro me nutre. O contato com o público, o estudo aprofundado do texto e a maneira como ele se transforma ao encontrarmos o público me fascinam. No teatro, a magia é palpável; para mim, é o lugar mais verdadeiro para o ator, porque, independentemente dos ensaios, quando as cortinas se abrem, tudo é mais natural, sincero e intenso. Esse exercício de sentir o público rindo, se emocionando, atento e em silêncio absoluto é incrível. Por isso, sempre estar nos palcos. Estou muito feliz com a possibilidade de retornar ao teatro, acompanhado por colegas talentosos e com um texto tão relevante, que ecoa com minha história e, tenho certeza, transformará a vida dos espectadores de alguma forma.
Compre seu ingresso para Norma!
- ★★★★ Crítica: Mon Coeur – Piaf e Brel reluz talento e humanidade em concerto intimista de Mariana Estol
- Globo faz mudanças em su área de tecnologia
- Calendário Pirelli 2026 tem estrelas internacionais fotografadas por Sølve Sundsbø
- ★★★★ Crítica: ORioLEAR faz Shakespeare revelar crise da Amazônia profunda
- ★★★★ Crítica: O Tubarão Martelo e os Habitantes do Fundo do Mar fascina e conscientiza crianças e famílias
Editado por Miguel Arcanjo Prado
Siga @miguel.arcanjo
Ouça Arcanjo Pod
Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
© Blog do Arcanjo por Miguel Arcanjo Prado | Todos os direitos reservados.