★★★★ Crítica: O Deus de Spinoza exala inteligência como opção de vida
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
O Deus de Spinoza
Avaliação: Muito Bom
A liberdade de pensamento é uma das principais conquistas civilizatórias. Afinal, o avanço da ciência deve caminhar livre de dogmas religiosos ou políticos, que não podem ser impostos de forma irrefutável.
O espetáculo O Deus de Spinoza tem nesta temática seu pano de fundo, fazendo o mesmo ressignificar com o Brasil destes últimos tempos, nos quai vemos fake news ganharem ares de verdade, turvando corações e mentes.
A inteligente obra escrita pelo advogado Régis de Oliveira ganha adaptação cuidadosa do diretor Luiz Amorim, que potencializa o texto em seu encontro com as fartas possibilidades das artes cênicas.
A começar pela precisão dos figurinos de João Pimenta, o espetáculo leva o público a Amsterdã em 1677, que vive a efervescência das novas ideias da Idade Moderna, que buscaram enterrar o obcurantismo da Idade Média, também conhecida como Idade das Trevas, que sempre teima em ressurgir, inclusive neste século 21.
A peça acompanha o filósofo Baruch de Spinoza, que decide menter firme seu livre pensamento contestatório diante de três rabinos em um julgamento judaico por heresia.
Bruno Perillo constrói o personagem de forma digna e resoluta, dando o tom necessário ao protagonista, um herói intelectual.
Nesta verdadeira cruzada pela razão, Spinoza, que terá seu primeiro nome mudado para Benedictus, dialoga com seu fiel amigo Jan Rieuwertsz, defendido com bravura por Juliano Dip em papel também vivido por Mateus Carrieri na primeira temporada, que dá o contraponto necessário ao protagonista.
Luiz Amorim, Dadiv Kullock e Roberto Borenstein se destacam como o sisudo trio de rabinos que pressionam Spinoza para que renege suas ideias que distoam dos preceitos religiosos, não obtendo vitória nesta persuasão. A construção dos três é verossímil e dá o peso necessário ao dogma que representam.
É preciso destacar também a trilha executada ao vivo por Marcus Veríssimo, Margot Lohn e Lucas Biscaro, que envolve o público e cria as atmosferas, assim como a luz propositiva de César Pivetti.
O Deus de Spinoza é um espetáculo que exala a inteligência como opção de vida, e que leva o público a refletir sobre a real importância da liberdade de pensamento e do desenvolvimento da ciência como marcos civilizatórios.
Afinal, ter a consciência do livre arbítrio é o que nos torna diferentes das outras espécies que habitam o planeta, como postula a própria religião, não é mesmo?
★★★★
O Deus de Spinoza
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
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Últimas sessões: 29 e 30/4/2023, Sábado às 21h00, Domingo às 20h00. Teatro Itália Bandeirantes – Avenida Ipiranga,344 – Edificio Italia – Subsolo, São Paulo – São Paulo. Ingressos entre R$ 40 e R$ 80.
O Deus de Spinoza
Ficha técnica
Texto: Régis de Oliveira
Direção e Adaptação: Luiz Amorim
Direção Musical: Marcus Veríssimo
Elenco: Bruno Perillo, Juliano Dip, David Kullock, Luiz Amorim, Roberto Borenstein
Musicistas: Marcus Veríssimo, Margot Lohn e Lucas Biscaro
Desenho de Luz: César Pivetti
Figurinos: João Pimenta
Cenografia: Evas Carretero
Visagismo: Beto Franca
Registro Imagens: V Filmes
Ilustração: Hidreley Dião
Designer Gráfico: Luciano Alves
Técnico e operador de luz: Rodrigo Pivetti
Camareira: Alana Carvalho
Contrarregragem: Magnus Odilon
Produção Executiva: MV Produções
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Mídia Social: Priscilla Dieminger
Realização: Régis de Oliveira
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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