★★★★★ Crítica: Ficções com Vera Holtz e Federico Puppi arrebata Festival de Curitiba com inteligência e sofisticação
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
ENVIADO ESPECIAL AO FESTIVAL DE CURITIBA*
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Ficções
Avaliação: Ótimo
Dá gosto ver o talento e a inteligência unidos em cena. Assim é assistir a Ficções, espetáculo com a atriz Vera Holtz e o músico Federico Puppi que arrebatou o Teatro Guaíra, o Guairão, em duas sessões esgotadas para mais de 2.000 pessoas no 31º Festival de Curitiba. A montagem é uma das melhores do maior evento das artes cênicas do Brasil e na sequência estreou no CCBB de Belo Horizonte, após temporada de sucesso de público e de crítica no Rio e em São Paulo. Vera Holtz venceu o Prêmio Shell de Teatro de Melhor Atriz em março passado por esse espetáculo, premiação mais que acertada.
Na obra escrita e encenada por Rodrigo Portella sob inspiração do best-seller Sapiens – Uma Breve História da Humanidade, do israelense Yuval Noah Harari, Vera navega pela história da humanidade a partir de uma pergunta inquietante: tudo o que conhecemos e entendemos como realidade não se trata de uma ficção? Afinal, vivemos imersos em narrativas que nos foram repassadas e lemos o mundo e o que convencionamos chamar de real a partir de algo já dado.
Idealizada por Felipe Heráclito, a peça é uma magistral aula de filosofia, na qual a grandeza de Vera Holtz como atriz se impõe, prendendo a atenção do espectador e conversando de forma farta com a virtuosa música produzida ao vivo por Federico Puppi.
Rodrigo Portella dirige o espetáculo com habilidade e sofisticação, criando imagens belíssimas com ajuda da cenografia que une de forma impressionante o minimalismo e o grandioso na criação de Bia Junqueira, e os sóbrios e elegantes figurinos de João Pimenta. Outro destaque é a iluminação de Paulo Medeiros, que conversa o tempo todo com a dramaturgia, criando o ambiente necessário para que a mesma ganhe ainda maior força.
Ficções é o teatro em estado de graça, provando que a arte do encontro real e da comunhão em acompanharmos juntos uma boa história sendo bem contada jamais poderá ser substituída por qualquer algoritmo ou inteligência artificial. Porque a energia sentida no Guairão lotado no Festival de Curitiba só existe nesta arte pré-histórica e teimosamente sobrevivente chamada teatro. Ver Ficções é puro deleite.
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Ficções
Avaliação: Ótimo
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Saiba mais sobre Ficções no CCBB-BH
*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Curitiba.
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Um dos jornalistas culturais mais respeitados do Brasil, Miguel Arcanjo Prado é CEO do Blog do Arcanjo, fundado em 2012, e do Prêmio Arcanjo, desde 2019. É mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Cultura pela ECA-USP, bacharel em Comunicação pela UFMG e crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Foi eleito um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se por três vezes. Recebeu a Medalha Mário de Andrade, maior honraria nas letras do Governo do Estado de São Paulo. Passou por Globo, Record, R7, Record News, Folha, Abril, Huffpost Brasil, Notícias da TV, Contigo, Superinteressante, Band, CBN, Gazeta, UOL, UMA, OFuxico, Rede TV!, Rede Brasil, Versatille, TV UFMG e O Pasquim 21. É presidente do júri do Prêmio Arcanjo e integra o júri do Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio Destaque Imprensa Digital, Guia da Folha, e Canal Brasil de Curtas. Recebeu ainda o Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação Nacional ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil e Prêmio Leda Maria Martins.
Foto: Edson Lopes Jr.
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