‘Ninguém está aqui por cota’, diz nova curadora do Festival de Curitiba, Daniele Sampaio

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
ENVIADO ESPECIAL AO FESTIVAL DE CURITIBA*
Pesquisadora teatral e integrante do novo time de curadores do Festival de Curitiba ao lado do dramaturgo carioca Patrick Pessoa e da atriz curitibana Giovana Soar, a paulistana filha de baianos Daniele Sampaio está satisfeita com a lista de espetáculos que conseguiram montar na Mostra Lucia Camargo, a principal do evento e que se pretende ser um recorte do melhor do teatro brasileiro e mundial.
Ninguém está aqui por cota, as pessoas estão porque fazem um trabalho interessante.
Daniele Sampaio
curadora do Festival de Curitiba
A lista deu tão certo que mais de 20 espetáculos começaram o festival com bilheteria esgotada, além de ter repercutido de forma positiva dentro da classe artística e do público jovem, por conta da diversidade presente, com artistas LGBTQIA+, negros, indígenas, mulheres e com deficiência, entre outras categorias.
Diante da lista plural, Daniele Sampaio frisa: “Ninguém está aqui por cota, as pessoas estão porque fazem um trabalho interessante”, reforçando que todos os espetáculos escolhidos são de excelência em suas respectivas linguagens.

Para a curadora, ter uma pespectiva de bastidor constribuiu para um diálogo diverso com seus colegas. Em sua visão, “divergências são saudáveis”, sobretudo em um país que mergulhou em uma forma binária política de enxergar o mundo.
Ela também reforça que o time de curadores buscou “prestígio pedagógico”, como forma de o evento deixar um legado para os artistas curitibanos.
Peças inéditas não ditaram a escolha dos curadores. “Não ficamos reféns do ineditismo, olhamos para produções menos conhecidas por ignorância nossa”.

Sobre possíveis ressentimentos de quem não foi escolhido pela curadoria do Festival de Curitiba neste ano, ela pondera: “É natural, é chato ficar de fora, mas vimos todos os vídeos enviados e vimos muita coisa ao vivo”. E admite que no futuro pode haver ainda mais representatividade geográfica.
Daniele conta que a curadoria começou a ser desenhada ainda na gestão do Governo Bolsonaro, o que obrigou os curadores a construir o que chamaram de “um ensaio para uma arqueologia do futuro”. E se diz satisfeita que esta imaginação, feita em um país conturbado e profundamente rachado pelas eleições, deu certo.
“Estamos vivendo um retorno do Brasil, reinventando o Estado Democrático de Direito”, define, sobre os novos tempos sob o Governo Lula. “Tantaram nos matar, mas, capoeira quando é bom cai sempre de pé”, conclui.
*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Curitiba.
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige Blog do Arcanjo e Prêmio Arcanjo. Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Cultura pela USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por Globo, Record, Folha, Ed. Abril, Huffpost, Band, Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra os júris: Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio do Humor, Prêmio Governador do Estado, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Prêmio DID, Prêmio Canal Brasil. Venceu Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio ANCEC, Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade do Prêmio Governador do Estado.
Foto: Rafa Marques
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