Morre Danuza Leão, escritora que marcou a agitação cultural do Brasil

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Não há jornalista cultural da minha geração que não tenha sido leitor ávido das colunas de Danuza Leão, que morreu aos 88 anos, no Rio de Janeiro, devido a complicações respiratórias.
Uma das mulheres mais inteligentes (e lindas, porque ela amaria esse adjetivo) que o Brasil já teve. E eu faço parte deste time que foi influenciado pelo colunismo de Danuza.
Ela criou polêmicas ao não abrir mão de dizer o que pensava sem filtros. Foi casada com grandes jornalistas também: Samuel Weiner, Antônio Maria e Renato Machado.
Pioneira na moda, bem antes de Gisele Bundchen nascer, foi a primeira grande top model brasileira internacional, símbolo fundamental de elegância.
Fez história como relações públicas da boate Hippopotamus, do gênio da noite Ricardo Amaral, e também como diretora de arte de novelas da Globo.

Mas, foi sua coluna social diária que a colocou como um dos melhores e mais sarcásticos textos de sua geração. Ler Danuza, independentemente de suas controversas opiniões, é uma aula de bom texto.
A entrevistei pela última vez no derradeiro show de João Gilberto, no Auditório Ibirapuera, em 2008. Ela me contou que sempre o via como o amiguinho de sua irmã, Nara Leão, que ficava tocando violão em sua casa até altas horas da noite.
Danuza era isso também: testemunha ocular da história. E, tendo visto e vivido tanto, amava a liberdade de expressão levada por ela a ferro e fogo até o limiar do que se consideraria sensato. Seu livro biográfico Quase Tudo é obrigatório.
Sua morte deixa imensa lacuna no jornalismo, nas artes, na cultura. Descanse em paz, Danuza Leão.
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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