Orgulho da Bahia, modelo Carlos Cruz vai contar sua história em filme

Por Miguel Arcanjo Prado

O modelo Carlos Cruz vem trilhando carreira ascendente no mundo da moda que o faz motivo de orgulho na Bahia, sua terra. Diante do poder de representatividade e inspiração que sua figura tem junto às novas gerações de meninos e meninas negras, criando um mar de possibilidades futuras, ele resolveu contar sua história em um filme, projeto que desenvolve nesta quarentena em Salvador em parceria com o diretor Giovane Sobrevivente.

Carlos Cruz já foi fotografado por Mario Testino, um dos papas quando o assunto é imagem fashion. Ainda constam em seu currículo ter saído na Vogue, na Gmaro Magazine com produção de Fredson Agudá e Chezvelo, ter sido fotografado por Glesson Paulino de Paris e por Glauber Bassi, fotógrafo brasileiro com carreira na Itália, na Desnudo Magazine de Nova York.

Apesar de ter se estabelecido nos últimos anos em São Paulo, onde pulsa o mercado da moda nacional, o modelo baiano de 26 anos passa este período de confinamento ao lado de sua família na capital baiana.

Além das lives que vem chamando a atenção, sobretudo pela forte conscientização social, em seu Instagram @o_carloscruz, ele conta ao Blog do Arcanjo que desenvolve um documentário sobre sua trajetória.

Carlos revela que está em Salvador desde dezembro de 2019, quando foi passar férias na terra natal. Ele iria voltar para a capital paulista em janeiro, mas aconteceu um imprevisto que lhe deixou satisfeito. “Surgiu uma campanha do Afoxé Filhos de Gandhy, e eles me escolheram para ser o modelo e o rosto do bloco esse ano”, lembra, repleto de orgulho.

“Para mim, que já fui um folião do bloco, voltar a Salvador e ter minha foto estampada em todas as mídias dos Filhos de Gandhy foi algo gratificante, principalmente porque foi uma tradição que passou de pai para filho. Meu pai, antes de falecer, sempre saiu no Gandhy”, recorda, emocionado.

Diante do trabalho imerso no afeto ancestral, o  modelo acabou ficando para o envolvente Carnaval baiano e, quando iria retornar de vez a São Paulo, veio a pandemia, que lhe fez escolher ficar próximo aos seus, no bairro soteropolitano de San Martín, onde se tornou uma grande referência de novos horizontes para as gerações futuras.

Representatividade negra

Para Carlos Cruz, poder fazer o resgate audiovisual de sua trajetória de menino negro pobre baiano que se tornou um rosto da moda internacional é algo importante, sobretudo quando se pensa na representatividade que sua figura exerce, criando novos sentidos para o corpo negro.

“Para mim é de suma importância resgatar tudo aquilo que foi retirado dos meus ancestrais, a liberdade, o respeito e a dignidade. Minha profissão é onde posso lutar, meu corpo negro resiste mediante a tanta dor e opressão, é falar para aquele jovem negro da minha comunidade que é possível sonhar e juntos podemos, sim, quebrar todo paradigma e estereótipo”, declara ao Blog do Arcanjo.

“Ser um homem negro na moda é para mim um ato político, falo para o mundo, através do meu trabalho que, sim, eu sou o belo”, define.

Carlos Cruz conclui o papo com uma importante reflexão: “Rostos, traços e cabelos negros precisam se configurar em um novo ‘padrão’, para que uma nova geração possa se ver na tela da TV, do jornal, do computador, do celular, do jornal e da propaganda. E ser livre para sonhar”.

Que assim seja.

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2 Resultados

  1. Vanessa Luz disse:

    Esse cara é muito talentoso e humilde parabéns matéria linda!

  2. Paula disse:

    Orgulho da Bahia ❤️

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