Abertura de Tiradentes é marcada por forte posicionamento pela cultura
Aconteceu nesta sexta-feira (18), sob a direção de Grazi Medrado e Chico de Paula, que também assinam o roteiro juntamente com Raquel Hallak, a abertura da 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes. A cerimônia, elaborada em torno da temática central deste ano, “Corpos Adiante”, celebrou a carreira da atriz e dramaturga Grace Passô, por meio de performances artísticas e da pré-estreia mundial do filme Vaga Carne.
A noite teve início com a interpretação feita pela cantora e musicista Nath Rodrigues para a canção “Insubmissa”, de Maíra Baldaia e Talita Barreto. Acompanhada por trilha sonora ao vivo feita por Barulhista, Nath caminhou pela plateia executando, ao violino, os acordes intimistas da canção até chegar ao palco, onde emocionou o público ao entoar “eu me peguei no colo e me acalentei, soou a voz, insubmissa voz, insubmissa negra voz”.
Em um momento de incertezas sobre a continuidade de políticas de incentivo à cultura, o palco do Cine-Tenda também foi lugar de cobranças: “é preciso ter um entendimento por parte dos governos e da sociedade que a cultura é alimento da alma, que a cultura é um bom negócio, que gera renda, emprego, oportunidade e desenvolvimento”, afirmou emocionada a organizadora da mostra Raquel Hallak. Em leitura realizada em seguida, a atriz Gláucia Vandeveld, fazendo referência às críticas que atualmente vem sofrendo a Lei Rouanet, enfatizou em tom propositadamente pedagógico a ideia de que cada um real investido em cultura gera 400 em retorno para, logo após, anunciar a homenageada da noite.
Grace, aplaudida de pé pela plateia, subiu ao palco acompanhada de sua mãe, Valdete Lino Paes Souza. Ali exaltou que aquela homenagem se estendia àqueles que, de alguma forma, se sentiam representados por ela ou por seu trabalho. “Nunca recebi uma homenagem dessa dimensão. Do fundo do coração, espero que muitas e muitos de vocês estejam se sentindo também homenageados com a minha presença aqui”, disse.
Dona Valdete, um dos inesperados destaques da noite, surpreendeu tanto aos presentes quanto à própria filha ao pedir a palavra para afirmar que “um país sem arte é um país morto”. Frase que a sua filha logo se prontificou a repetir com ainda mais ênfase. A cerimônia foi encerrada com a exibição do filme Vaga Carne, dirigido por Grace e Ricardo Alves Jr. O filme é uma recriação cinematográfica do premiado espetáculo de mesmo nome também assinado pela atriz.
Por Marcelo Gonçalves*
Enviado especial do Blog do Arcanjo a Tiradentes (MG)
*Mestre em Linguística pela Universidade de Potsdam, na Alemanha, e graduado em Letras Português/Alemão pela UFMG. Viajou a convite da 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes.