Eva Todor foi a atriz mais carismática do Brasil

Eva Todor na novela “Locomotivas”, novela de 1977 na Globo: atriz que morreu aos 98 anos era puro carisma – Foto: Divulgação/Globo

Eva Todor merece o título de atriz mais carismática que o Brasil conheceu. A grande artista, que morreu neste domingo (10), aos 98 anos, exibia carisma de sobra qualquer que fosse sua personagem na telinha, telona ou palco. Afinal, foi um dos principais nomes não só da teledramaturgia como da história do teatro brasileiro e do cinema nacional.

Sua morte deixa um vazio em nossas artes e uma tristeza enorme em saber que não teremos mais aquele cativante sorriso e aquela atuação tão cheia de brilho próprio.

Eva Fodor Nolding, que adotou o nome artístico de Eva Todor, nasceu em Budapeste, na Hungria, em 9 de Setembro de 1920. Veio para o Brasil, imigrante com a família, com apenas nove anos. E brasileira se tornou.

As artes chegaram cedo em sua vida. Aos 12 anos, começou a estudar balé no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Aos 14 anos, fez teste para o Teatro Recreio, onde estreou na peça: “Quanto Vale uma Mulher”, de Luís Iglesias, com quem logo se casou, permanecendo os dois juntos até 1958.

A união durou até 1958. Mesmo mulher feita, Eva continuou interpretando adolescentes até os 30 anos, devido à sua meninice no jeito e no corpo. Seu ponto forte sempre foram as comédias.

Em 1940, tomou as rédeas de sua carreira e criou a Companhia Eva e seus Artistas, que estreia com a peça: “Feia”, de Paulo Magalhães.

Ela só veio estrear no drama em 1946, em “Cândida”, de Bernard Shaw (1946). Tomou gosto e veio “Carta”, de Somerset Maugham no ano seguinte. A companhia apresentou peças até o final dos anos 50. Em seu palco passaram atores como: André Villon, Jardel Jércolis, Elza Gomes e Henriette Morineau.

Em 1966, a atriz abandonou de vez o estilo de menina, com a peça “Senhora da Boca do Lixo”, de Jorge Andrade, uma reviravolta em sua carreira. Os novos rumos foram seguidos em peças como: “De Olho na Amélia”, de Georges Feydeau, em 1969, onde ganhou o Prêmio Molière de melhor atriz, principal do país na época.

Com a década de 1970, a TV tomou conta do país. E logo ela foi convocada para emprestar seu talento aos folhetins da Globo, onde participou de diversas novelas, minisséries e especiais, dentre eles: “Locomotivas” (1977), “Te Contei?” (1978), “Memórias de Amor” (1979), “Coração Alado” (1980), “Essa Gente Incrível”, de Neil Simon (1981), “Sétimo Sentido” (1982), “Sabor de Mel” (1983), “Partido Alto” (1984), “O Outro” (1987), “Top Model” (1989), “De Corpo e Alma” (1992), “Olho no Olho” (1993), “Incidente em Antares” (1994), “Quem é Você?” (1996), “Hilda Furacão” (1998), “Suave Veneno” (1999), “O Cravo e a Rosa” (2000), “América” (2005), “JK” (2006), “Amazônia”, de Gálvez a Chico Mendes (2007), “Caminho das Índias” (2009), “Ti ti ti” (2010) e “Salve Jorge” (2012), sua última novela.

No cinema, estreou em “Os Dois ladrões” (1960), produção de Carlos Manga, depois atuou em “Pão, Amor e Totobola” (1977). Fez ainda “Xuxa Abracadabra” (2003) e “Meu Nome Não é Johnny” (2008), onde Eva Todor roubou a cena ao interpretar uma traficante de drogas.

Em dezembro de 2007, aos 87 anos, Eva Todor lançou sua biografia, chamada “O Teatro da Minha Vida”, escrito por Maria Ângela de Jesus para a Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

Com seu jeito brejeiro e despertadora do riso solto do público, Eva Todor foi uma das grandes atrizes que o Brasil conheceu. Generosa e dona de sua trajetória, ela marcou a história da nossa dramaturgia e trabalhou com glória até o fim de sua vida. Com certeza, já faz uma baita falta.

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