Fernanda Montenegro sintetiza o que queremos ser, diz diretor do Festival de Curitiba

Fernanda Montenegro abre o Festival de Curitiba neste terça (28) no Guairão – Foto: Luiz C. Ribeiro

Por Miguel Arcanjo Prado

São cerca de 350 atrações em 13 dias. Isto faz do Festival de Curitiba, que chega à sua 26ª edição, o maior, mais importante e mais longevo evento do teatro brasileiro. Por isso, é a maior vitrine dos palcos.

O evento começa nesta terça (28), no tradicional Teatro Guaíra, ou Guairão para os mais íntimos, onde Fernanda Montenegro apresenta “Nelson Rodrigues por Ele Mesmo”, espetáculo do qual fala de sua relação com o grande dramaturgo. A festa do teatro vai até 9 de abril.

Fernandona tem histórico farto com o evento, como lembra seu idealizador e diretor Leandro Knopfholz, em conversa exclusiva com o Blog do Arcanjo do UOL.

“Abrir com Fernanda Montenegro é uma honra. Temos um respeito enorme por ela. Ela sintetiza tudo o que queremos ser”, afirma.

Ele lembra a generosidade da atriz: “Fernanda gravou sem cobrar nada um dos anúncios da primeira edição do Festival de Curitiba”, recorda Knopfholz, destacando o grande apoio que atriz sempre deu ao teatro e sua humildade.

“Fui apresentado a ela pelo prefeito de Curitiba Rafael Greca em 1995, quando a Fernanda montou ‘Dias Felizes’ aqui. Ele disse a ela: ‘Vou te apresentar o Leandro, o menino do Festival de Curitiba’. E a Fernanda respondeu: ‘Claro que eu sei quem ele é, só não sei se ele sabe quem eu sou’. Isso ilustra a personalidade, a humildade, a postura e o porquê dessa atriz, profissional e mulher ser tão venerada e aclamada por todos”, diz Knopfholz.

Leandro Knopfholz, diretor do Festival de Curitiba – Foto: Bob Sousa

Segundo ele, Fernanda Montenegro sintetiza o que o evento quer discutir nos palcos e nas ruas. “Os curadores Guilherme Weber e Marcio Abreu colocaram o foco na questão do gênero, do empoderamento feminino, do corpo e seu envelhecimento. A abertura com a Fernanda resume isso tudo”.

Knopfholz ainda revela que Fernandona só fez uma exigência para participar do evento: além da abertura para convidados no Guirão, pediu para fazer uma segunda apresentação apenas para estudantes de teatro, gratuita, no Teatro Bom Jesus, nesta quarta (29), às 11h.

Nos próximos dias, Curitiba receberá artistas vindos de todo o Brasil buscando seu lugar ao sol e conquistar o público e a crítica especializada.

Afinal, plataforma melhor para lançar um nome no teatro brasileiro não há. E com as bênçãos de Fernanda Montenegro.

Zé Celso fará bate-papo no Festival de Curitiba – Foto: Bob Sousa

Zé Celso

Outros nomes consagrados também darão as caras em Curitiba. O diretor do Teat(r)o Oficina, José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, e o ator Renato Borghi, que completam juntos 80 anos nesta quinta (30), participarão de uma exibição de “O Rei da Vela”. O filme de 1982 mostra a peça histórica do Oficina de 1967, dirigida por Zé e com Borghi no elenco e que está sendo remontada em São Paulo.

O encontro com os dois e a exibição do longa está marcado para o dia 4 de abril, próxima terça, no Paço da Liberdade, com mediação de Lúcia Camargo.

Jé Oliveira em “Farinha com Açúcar”, uma das 350 atrações do Festival de Curitiba – Foto: André Murrer

Diversidade

Outro ponto forte desta edição é a ocupação do espaço público em nome da diversidade. Quatro espetáculos da Mostra serão apresentados em praça se ruas curitibanas com entrada gratuita, sendo dois deles do coletivo Toda Deseo, de Minas Gerais: “O Campeonato Interdrag de Gaymada” e “Nossa Senhora [da Luz]”.

Os outros dois espetáculos de rua serão “Próspero e os Orixás: A Tempestade”, com direção de Amir Haddad, e “Involuntários da Pátria”, com a transexual Fernanda Silva.

A questão negra, polêmica nos últimos festivais de teatro como a MITsp, está presente na peça “Farinha com Açúcar – Ou Sobre a Sustança de Meninos e Homens”, do Coletivo Negro, com direção e atuação de Jé Oliveira. Fala da construção da identidade do jovem negro nas periferias do Brasil. A obra é uma das integrantes das 38 peças da Mostra Oficial, das quais três são internacionais.

O teatro paranaense terá seu espaço nobre no evento na segunda edição da Curitiba Mostra, que abriga cinco das oito estreias nacionais deste Festival, no Teatro José Maria Santos.

O Fringe, a mostra sem curadoria e totalmente livre, promete um mar de diversidade com suas 303 peças, vindas de todas as partes do Brasil.

Confira a programação completa do Festival de Curitiba

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