Musical Na Laje investe em pagodes de sucesso dos anos 1990
Por Miguel Arcanjo Prado
Versos como “Lua vai iluminar os pensamentos dela…” ou “Tô chegando na Cohab pra curtir minha galera” embalaram muita gente na década de 1990, auge do pagode nas paradas de sucesso no Brasil.
Agora, os hits pagodeiros vão embalar o público do teatro no musical “Na Laje”, com direção e concepção de Fezu Duarte e dramaturgia de Marcos Ferraz.
A produção estreia em 10 de março em São Paulo, no Teatro Viradalata (r. Apinajés, 1387, tel. 113868-2535), onde cumpre temporada até 28 de abril, sempre sextas, às 21h, com entrada a R$ 60.
O roteiro é uma comédia romântica embalada pelos pagodes de sucesso. Morador da Cohab, Pimpolho (Diego Rodda) é um cara bem legal que quer levar sua vida simples, administrando seu boteco, tocando seu pagode com os amigos e que pretende se casar com Tânia (Paula Flaibann).
Contudo, o concurso de TV A Garota da Laje faz uma seleção no bairro, o que muda a vida dos protagonistas e da produtora do concurso, Inara (Juliana Romano).
“O espetáculo traz a reflexão do público sobre a importância da música em nossas vidas, pegando carona na temática que resgata o espírito e os clássicos do samba e do pagode dos anos 90”, diz Fezu Duarte.
Citando a antropofagia, a diretora afirma que preconceito musical é uma bobagem. “O pagode é uma mistura para se obter uma nova sonoridade, livres de preconceitos, afinal a música brasileira é feita do povo para todos os povos”, discursa.
“Quem define o que é boa música? O pagode dos anos 90 vem com uma força popular muito grande porque é feito por gente majoritariamente das periferias, mas, como todo ritmo popular, primeiro ele é rejeitado pela elite intelectual para só depois ser absorvido pela classe média. A peça tem como objetivo fazer o público se divertir, cantar e sair feliz do teatro”, afirma o dramaturgo Marcos Ferraz.
No elenco ainda estão Fábio D’Arrochella, Fernando Fecchio, Pedro Passari e Veridiana Toledo.
Não há como deixar de chamar a atenção para um descuido da produção do musical: a falta de negros no elenco justamente em um espetáculo embalado por músicas criadas, majoritariamente, por negros.
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