Mineira de sucesso no teatro, Grace Passô quer sacudir corpos em “Vaga Carne”

Grace Passô, mineira é nome respeitado no teatro brasileiro - Foto: Lucas Avila

Grace Passô, mineira é nome respeitado no teatro brasileiro – Foto: Lucas Ávila

Por Miguel Arcanjo Prado

Um dos mais importantes nomes do teatro de Minas Gerais e com trânsito fácil nos palcos do Brasil, a atriz, diretora e dramaturga Grace Passô estreia nesta sexta (13) seu monólogo “Vaga Carne” no Sesc Pompeia, em São Paulo, no qual assina concepção, atuação e dramaturgia.

A montagem, com uma mulher que procura suas identidades, já passou por Curitiba, Recife, Salvador e Rio e é a primeira peça do projeto Graõs da Imagem, com foco em temas identitários.

Indicada a quatro categorias do prêmio Cesgranrio (texto, atriz, iluminação e espetáculo), a peça ainda foi indicada ao Prêmio Shell carioca na categoria texto. A obra tem na equipe nomes como Kenia Dias, Nadja Naira, Ricardo Alves Jr, Nina Bittencourt e Ricardo Garcia.

Grace conversou com o Blog do Arcanjo do UOL com exclusividade. Leia a entrevista.

Miguel Arcanjo Prado — Qual a expectativa com esta temporada paulistana com a peça já mais madura? 
Grace Passô — Espero por noites incríveis no Sesc Pompeia, espero ser linda, ouvir reflexões que nunca ouvi, fazer da peça uma situação instaurada com e entre pessoas, espero por elogios, críticas, enfim, espero em Sampa o que sempre espero porque ser artista é não esperar pouco.

Miguel Arcanjo Prado — Qual a relação que sua carreira tem com São Paulo?
Grace Passô — Desde a primeira vez que estive apresentando em Sampa, na época com o grupo Espanca!, conheci artistas, coletivos, pensadores que divulgaram, estudaram e se interessaram pelo teatro que vinha fazendo. Eu poderia citar muita gente como Valmir Santos, o Grupo XIX de Teatro, Kil Abreu, Elisa Saintive, Sônia Sobral, Zé Fernando Azevedo e muitas, muitas, muitas outras pessoas. Há uma rede rara, diversa e muito potente de artistas, coletivos e público nessa megalópole desvairada que adoro.

Grace Passô em cena no monólogo "Vaga Carne": curta temporada no Sesc Pompeia, em SP - Foto: Lucas Ávila

Grace Passô em cena no monólogo “Vaga Carne”: curta temporada no Sesc Pompeia, em SP – Foto: Lucas Ávila

Miguel Arcanjo Prado — O que é “Vaga Carne”?
Grace Passô — Na narrativa da peça, uma voz incorpórea resolve habitar um corpo de mulher, narrando esse corpo enquanto o vasculha por dentro. “Vaga Carne” é uma performance que me ajuda a retomar princípios caros e básicos do teatro: trabalhar com o espaço vazio, o exercício radical de evocar a escuta, a performance como aquilo que cria uma situação real entre público e artista. A peça é o resultado de um texto que escrevi há alguns anos. Quando o escrevi, não pensava em atuar, mas lê-lo em eventos como o Janela de Dramaturgia (BH), o Melanina Acentuada (Salvador) e o Questão de Crítica (RJ) me trouxe o desejo de construir também sua encenação. É mais um trabalho com antigos parceiros por perto: Nina, Ricardo Alves, Ricardo Garcia, Kênia, Edimar, Lara, Jujubas, Nadja.

Miguel Arcanjo Prado — Qual o principal recado que você quer dar com esta peça?
Grace Passô — Sacode teu corpo pra ser visto e também pra conseguir ver o outro.

Miguel Arcanjo Prado — Mesmo fazendo sucesso no eixo Rio-SP, você manteve residência em BH. Por que esta escolha? Ela pode mudar?
Grace Passô — Porque BH é linda, meu nascedouro, lugar de potência da arte. E sobre mudar, é claro que pode, a arte me abriu a janela do mundo e quem sou eu pra fechá-la.

Miguel Arcanjo Prado — Além da peça, quais são seus projetos para este ano? Tem TV e cinema também?
Grace Passô — “Vaga Carne” é a primeira peça do projeto Grãos da Imagem. Este projeto é um espaço para experimentos teatrais mais radicais. Esse ano iniciaremos a criação de um segundo grão, uma segunda peça, em diálogo com as reflexões de “Vaga Carne”. Continuaremos circulando com “Vaga” por BH, Salvador, SP, RJ e outras cidades e ainda este ano lançaremos o texto em livro. Estrearei uma nova criação com a Cia Brasileira de Teatro (com quem também atuei em “Krum”) parceiros de longuíssima data e de vida. Vou dirigir o Coletivo de Negras Autoras, de BH. Sobre cinema, espero o lançamento de longas que filmei ano passado: “No Coração do Mundo” (do coletivo Filmes de Plastico) e de “Praça Paris” (de Lucia Murat), e ainda estou entendendo o que filmo este ano.

“Vaga Carne”
Quando: De 13/1 a 5/2/2017. Quinta a sábado, 21h, domingo e feriado, 19h. 50 min.
Onde: Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93, Pompeia, São Paulo, tel. 11 3871-7700
Quanto: R$ 25 (inteira), R$ 12,50 (meia) e R$ 7,50 (comerciários e dependentes)
Classificação etária: 14 anos

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