Crítica: “O Campeão de Dominó do Alaska” humaniza família em conflito

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Eduardo Parisi, Maria Eugênia Domênico e Valdir Rivaben: família em crise – Foto: Angela Di Sessa

Por Miguel Arcanjo Prado

A situação de uma mãe com mal de Alzheimer, que aos poucos se esquece de tudo, inclusive dos filhos, poderia ser lida com contornos dramáticos pesados e sombrios. Contudo, na peça “O Campeão de Dominó do Alaska”, de Mário Viana e com direção de Aimar Labaki com o Thara Teatro, a opção é por uma encenação que se aproxima mais da vida real, com suas doses de riso que caminham ao lado do choro.

Viana prefere um humor ácido, uma de suas características mais marcantes como autor, para expor o embate entre dois irmãos diante da tensa situação familia.

O primogênito fanfarrão – interpretado com malandragem por Eduardo Parisi –, jogador compulsivo, deseja entregar a própria mãe, que sofre de Alzheimer, como pagamento de dívidas da jogatina. Já o comedido caçula – defendido por um compenetrado Valdir Rivaben –, que dedicou toda sua vida à cuidar da mãe enferma, a quem defende com unhas e dentes, nutre uma espécie de desespero ao ver sua vida também se esvair com esta obrigação.

O embate fraterno surreal, mas não de todo impossível num país chamado Brasil, onde a realidade traspassa o fantástico, gera um clima de tragicomédia, que vai convidando o público a refletir sobre o real valor da vida e dos afetos, expondo também o jogo de interesses que está presente dentro de qualquer família.

Se os dois atores estão imersos nas motivações antagônicas de seus personagens, Maria Eugênia Domênico conquista o público como a mãe mergulhada em seu mundo particular, mas ao mesmo tempo, e ironicamente, sempre presente.

“O Campeão de Dominó do Alaska” * * *
Avaliação: Bom 
Quando: Domingo (13/11/2016), 19h. 55 min. Única sessão
Onde: Teatro Clara Nunes – Rua Graciosa, 300, Centro, Diadema, SP
Quanto: Grátis, pelo Circuito Cultural Paulista
Classificação etária: 12 anos

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